domingo, 26 de fevereiro de 2012

pare de carregar a mala dos outros

Você acredita que carrega malas alheias?
Vamos fazer um exercício?
Como você reage quando seu filho não quer fazer a lição? Ou quando alguém não consegue arrumar a própria mala para a viagem de férias, perde a hora do trabalho com frequência, gasta mais do que ganha… e muitas coisinhas mais que vão fazendo você correr em desvario para tapar buracos que não criou e evitar problemas que não afetam sua vida diretamente?
Não afetam a sua vida, mas afetam a vida de pessoas queridas, então, você sai correndo e pega todas as malas que estão jogadas pelo caminho e as coloca no lombo (lombo aqui cai muito bem, fala a verdade) e a sua mala, que é a única que você tem a obrigação de carregar, fica lá, num canto qualquer da estação.
Repetindo, a sua mala, que é a única que você tem obrigação de carregar, fica lá jogada na estação!
Temos uma jornada e um propósito aqui neste planeta e quando perdemos o foco, passamos a executar os propósitos alheios.
A estrada é longa e o caminho muitas vezes nos esgota, pois o peso da carga que nós nos atribuímos não é proporcional à nossa capacidade, à nossa resistência e o esgotamento aparece de repente.
Esse é o primeiro toque que a vida nos dá, pois, quando o investimento não é proporcional ao retorno, ou seja, quando damos muito mais do que recebemos na vida, nos relacionamentos humanos ou profissionais, é porque certamente estamos carregando pesos desnecessários e inúteis.
Quando olhamos para um novo dia como se ele fosse mais um objetivo a cumprir, chegou a hora de parar para rever o que estamos fazendo com o nosso precioso tempo. O peso e o cansaço nos tornam insensíveis à beleza da vida e acabamos racionalizando o que deveria ser sacralizado.
É o peso da mala que nos deixa assim empedernido.
Quanto ela pesa?
Quanto sofrimento carregamos inutilmente, mágoa, preocupação, controle, ansiedade, excesso de zelo, tudo o que exaure a nossa energia vital.
E o medo, o que ele faz com a gente e quanta coisa ele cria que muitas vezes só existe dentro da nossa cabeça?
Sabe que às vezes temos tanto medo de olhar para a própria vida que preferimos tomar conta da vida dos filhos, do marido, do pai, da mãe… e a nossa mala fica na estação…
O momento é esse, vamos identificar essa bagagem: ela é sua? Ótimo, então é hora de começar uma grande limpeza para jogar fora o lixo que não interessa e caminhar mais leve.
Agora, se o excesso de peso que você carrega vem de cargas alheias, chegou a hora de corajosamente devolvê-las aos interessados.
Não se intimide, tampouco fique com a consciência pesada por achar que a pessoa vai sucumbir ao fardo excessivo. Ao contrário, nesse momento você estará dando a ela a oportunidade de aprender a carregar a própria mala.
A vida assim compartilhada fica muito mais suave, pois os relacionamentos com bases mais justas e equânimes acabam se tornando mais amorosos, sem cobranças e a liberdade abre um grande espaço para a cumplicidade e o afeto.
Onde está a sua mala?

Texto do grupo Correios de Luz

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

A diferença entre sentir pena e sentir compaixão

Frequentemente as pessoas me perguntam sobre esses dois sentimentos e qual seria a diferença entre eles. Já escrevi anteriormente sobre esse tema, mas não custa esclarecer novamente.

Primeiro, vou explicar sobre a pena. Vemos alguém passando por algum tipo de situação difícil e isso acaba nos despertando uma sensação de sofrimento. Colocamo-nos no lugar do outro e geramos dentro de nós um sentimento misto de tristeza e vontade de ajudar, somado ainda às vezes ao sentimento de impotência quando não podemos fazer nada.

O sentimento de pena pode acabar nos levando a tomar decisões equivocadas que atrapalham o crescimento do ser humano. Vou exemplificar. Atendi um senhor que precisava realizar algumas demissões para que a firma pudesse sobreviver e crescer. Ele vinha procrastinando essa decisão. Durante a sessão, a razão pela qual era tão difícil pôr em prática o que tinha que ser feito veio à tona rapidamente. Só de pensar em realizar as demissões surgia um intenso sentimento de pena acompanhado de pensamentos como "o que vai ser dessas pessoas..., como elas vão se virar depois..., tem fulano que é muito humilde...". Ao mesmo tempo, racionalmente ele sabia que não havia outra decisão a ser tomada, pois a manutenção daquelas pessoas comprometeria a empresa como um todo.

Ao realizarmos a aplicação da *EFT (técnica para auto-limpeza emocional, veja como receber um manual gratuito no final do artigo), logo surgiram causas mais profundas que estavam alimentando a aquele sentimento. Ele lembrou de um evento do passado onde o pai dele trabalhou com afinco em uma empresa e a mesma faliu, fazendo com que toda a família passasse uma época de tristeza. Depois surgiu mais uma lembrança onde o pai abriu uma firma com um sócio e a mesma veio também a falir. Limpamos profundamente com a EFT todos os sentimentos que brotaram desses eventos: pena do pai, sentimento de impotência por não poder ajudar, tristeza e etc.

Depois dessa limpeza, pedi que ele pensasse novamente na situação da demissão dos funcionários. Os sentimentos de pena e tristeza em ter que fazer isso haviam diminuído consideravelmente. Isso ocorreu porque não havia mais a carga emocional inconsciente do passado. Trabalhamos mais até que ele sentiu que estava pronto para fazer o que tinha que ser feito sem precisar mais adiar.

O sentimento de pena frequentemente esconde também uma culpa. Nesse caso que atendi, ele se sentia culpado em causar nos funcionários e suas famílias o mesmo sofrimento que seu pai e sua família haviam vivido no passado.

Ver alguém em sofrimento pode nos despertar o sentimento de culpa por estarmos bem enquanto o outro não. Sendo assim, colocamo-nos imediatamente em sofrimento através do sentimento de pena.

Outro aspecto que também fica escondido por trás da pena, é o sentimento de que os outros não são capazes o suficiente para dar um jeito em seus problemas e superar as adversidades e que por isso precisam da nossa ajuda. Isso nos traz uma sensação de que somos muito importantes. Acabamos, então, por alimentar uma situação de dependência onde ajudamos o outro não para vê-lo crescer e ficar independente e, sim, para que a gente se sinta importante. Inconscientemente, ficam as duas partes sabotando o crescimento um do outro nessa relação co-dependente.

Vou exemplificar melhor. No caso em que relatei, a pena que o empresário sentia era um sinal de que ele não confiava que cada funcionário que seria demitido teria a capacidade de se reerguer. Lá no fundo isso trazia para ele a sensação de ser muito importante. Como se o ego dissesse "essas pessoas precisam de mim e não conseguem se virar sozinhas". Logicamente isso é falso. Por mais difícil que seja uma situação, todos têm a capacidade de dar a volta por cima. Todos eles poderiam perfeitamente encontrar até um trabalho melhor. Se temos plena confiança que as pessoas são capazes ou que têm o seu potencial, vamos fazer o que tem que ser feito, como por exemplo: demitir um funcionário; acabar um relacionamento; não emprestar um dinheiro a alguém; parar de fazer tudo pelos filhos... Deixamos que cada um siga o seu caminho. Mesmo sabendo que as pessoas vão passar um determinado sofrimento, entendemos que isso é parte do seu crescimento.

Ao não fazermos o que tem que ser feito, atrasamos o aprendizado do outro. O que parece ser um ato de bondade e generosidade acaba sendo na verdade um ato egoísta pois a suposta ajuda apenas alimenta o nosso ego e acaba impedindo o outro de crescer.

Certa vez, um aluno falou pra mim que ele ouviu de um amigo que a pior coisa para o protegido é o protetor. Ele falava isso admitindo que seu excesso de proteção e ajuda para com sua esposa alimentava a dependência dela e a impedia de crescer. Ela, por uma séria de questões emocionais negativas, buscava alguém que suprisse um papel de pai protetor. Já não era mais criança e precisava, na verdade, crescer enfrentando a vida. Ele cumpria o papel do protetor excessivamente, para se sentir importante, e com isso impedia que ela crescesse.

Já o sentimento de compaixão é completamente desprovido de qualquer tipo de culpa, tristeza pelo outro, impotência, dependência. Também não há o sentimento de que o outro não é capaz de superar as dificuldades. A compaixão é, então, desprovida de negatividade. Ela brota lá do fundo da nossa essência e vem acompanhada por uma paz interior. Nesse estado, iremos reconhecer o sofrimento de outra pessoa mas sem nos arrastar para sofrer junto com ela. Entenderemos que aquilo faz parte do seu aprendizado e que ela tem capacidade para superar.

Em alguns casos será possível oferecer alguma ajuda. Quando a ajuda é baseada pela compaixão, ela será verdadeira e trará o real crescimento do outro, pois nossa ação não estará mais contaminada com a necessidade de ser importante que acaba nos fazendo agir de modo a causar dependência. Em outros casos não teremos como ajudar o outro. Ainda assim, ficaremos em paz, não haverá a sensação de impotência. Apenas observaremos o sofrimento do outro, aceitando e compreendendo que faz parte do seu aprendizado.

Sempre que alguém está sentindo pena ou culpa pela situação de outra pessoa, seja quem for, eu procuro aplicar EFT até dissolver completamente esses sentimentos. Brota, então, a compaixão. Assim a pessoa consegue agir da melhor forma possível tomando as atitudes que devem ser tomadas: colocar limites nos filhos, deixar que as pessoas se virem sozinhas, demitir alguém da empresa, ajudar na medida adequada e etc... E caso não haja nada a ser feito, ela consegue ficar em paz.

por Andre Lima - andre@eftbr.com.br - Practitioner

A importância da aceitação

por Andre Lima - andre@eftbr.com.br

A vida sempre nos traz situações contrárias às nossas expectativas. No nosso dia-a-dia vários eventos ocorrem fora do nosso planejamento, contrariando aquilo que desejamos. Pode ser até mesmo uma pequena bobagem, como um telefonema que atrapalha a nossa concentração ou uma queda temporária da internet, por exemplo, mas não há um único dia que não ocorra algo em desacordo com as nossas expectativas.

Ao passarmos por essas experiências, geramos dentro de nós uma negatividade. São sentimentos desconfortáveis de raiva, frustração. Todos eles são formas de não aceitação do ocorrido. Parece algo muito natural e normal.

A não-aceitação é uma resistência interior a algo que está acontecendo naquele momento, ou que já aconteceu no passado. Travamos uma luta interna que gera negatividade e nos faz sofrer por não querermos aquele resultado. Mas a situação já está ali ou já foi. Inconscientemente é como se acreditássemos que ao criar a resistência interior conseguiremos mudar a situação. Mas é claro que isso é uma ilusão. O que pode mudar a situação em alguns casos é a tomada de alguma providência. A resistência interior adiciona apenas sofrimento para nós mesmos e não traz nenhum resultado prático. Em muitos casos, não há providência alguma a ser tomada e apenas sofremos impotentes com a nossa resistência.

Vamos agora a exemplos práticos. Eu estava a caminho do aeroporto de Recife, para ir ao Rio e de lá pegar outro avião. Recebi a ligação da agência de viagens informando que a companhia aérea que faria o vôo a partir do Rio está de greve e meu vôo foi cancelado. Imediatamente, começam a surgir um estado interior de tensão e resistência como se minha mente estivesse dizendo "isso não era para ter acontecido, que coisa chata e agora vai me causar um transtorno...". Mas já aconteceu. Não foi um estado de tensão muito grande, mas consegui percebê-lo. Assim que percebi, resolvi voluntariamente soltar essa tensão e aceitar a situação para que eu ficasse em paz, criando zero de resistência interior ao fato ocorrido.

Esse tipo de resistência surge de forma automática, é um velho condicionamento mental que vem passando por gerações e leva o ser humano a sofrer desnecessariamente. Uns têm esse condicionamento mais intenso e sofrem mais. Já outras pessoas vivem mais profundamente o estado de aceitação quando algo ocorre fora das expectativas e sentem mais paz do que a maioria.

No meu caso, não havia mais nada que eu pudesse fazer, a não ser aguardar as instruções da agência ao chegar ao Rio. Resolvi, então, que iria entrar no estado de aceitação, e a partir daí tomaria as providências que fossem necessárias, se houvesse. Há alguns anos, essa mesma situação certamente teria causado muito mais sofrimento.

Tudo isso que falei é extremamente simples e óbvio. Mesmo assim, vivemos criando não-aceitação o tempo todo, nas mais diversas situações. Entramos nesse estado de forma inconsciente e é preciso a auto-observação para mudar essa forma de reagir.

A reclamação é uma das formas mais óbvias da não aceitação. Reclamar da chuva, do atraso, do prejuízo, da doença, do engarrafamento, da comida ou de qualquer outra coisa. Não me refiro em si as palavras que são usada para apontar uma situação, como por exemplo, ao dizer "o trânsito está lentíssimo e vou chegar atrasado", e sim, ao sentimento que está por trás das palavras. Se houver um sentimento negativo, é isto que é a não-aceitação.

Se você aponta algo como "o dia está chuvoso" e não há qualquer sentimento negativo por trás, então, não há reclamação. Você está apenas descrevendo o dia, sem sofrimento, aceitando o clima do jeito que ele está. Não há uma resistência interior que inconscientemente tenta mudar o que já é. A partir daí você pode ou não tomar alguma providência, se sentindo em paz.

Mas é possível também dizer que o dia está chuvoso e sentir uma raiva, frustração ou qualquer outro sentimento. Nesse caso, a descrição do tempo vem acompanhada de não-aceitação, que é uma contrariedade interior, que não fará a menor diferença para o clima, mas nos causará desconforto.

Pode ser que você decida ficar em casa por causa da chuva. A partir daí, podem surgir mais sentimentos de não aceitação que se manifestam através de comentários mentais: "ai, vou deixar de fazer isso e aquilo que é importante...". Mas não tem como fazer agora. E resistir a isso com esses pensamentos e sentimentos apenas gera sofrimento.

Caso decida pegar o guarda-chuva e sair, podem brotar outros sentimentos de resistência que vão gerar pensamentos: "a rua está cheia de lama, e odeio me sujar. Vai acabar com minha escova que dei hoje no cabelo e sinto raiva desse prejuízo".

Normalmente, quando tomamos consciência do quanto esse processo apenas nos causa sofrimento, começamos a -eixar voluntariamente de criar resistência. Mas a não-aceitação aparecerá em vários momentos, involuntariamente, por ser um velho condicionamento. "É muito difícil aceitar as coisas como são!". É o que a nossa mente vai nos dizer. Na verdade é mais difícil não aceitar, pois há um gasto de energia e gera sofrimento. A aceitação é simples, não requer qualquer ação. É um simples permitir que as coisas existam da forma que são sem ir contra elas nem tentar controlá-las, até por que ir contra interiormente não resolve nada.

Quando nos sentimos incomodados com a maneira de ser de alguém estamos também criando não-aceitação. Ao aceitarmos as pessoas do jeito que são, nosso sofrimento acaba. Isso não significa dizer que você não possa colocar limites ou apontar algo para outra pessoa, ou mesmo se afastar de alguém. Mas você pode fazer isso sem gerar a negatividade interna. Primeiro você aceita, depois age.

Aceitar e depois agir, caso seja possível fazer algo para mudar a situação. E se não for possível agir, que se aceite em paz aquilo que é. Isso pode ser praticado para qualquer tipo de situação e leva a uma vida de crescente paz. Viver assim é agir com sabedoria. Viver na não aceitação é deixar que o ego e a mente condicionada cresçam e dominem nossa vida nos gerando sofrimento. É preciso ficar atento.

Ao aplicarmos *EFT para dissolver a raiva e a frustração que surgem em nós a partir das situações do dia-a-dia, entramos mais facilmente no estado da aceitação. A energia da reclamação, da frustração é dissolvida e os pensamentos negativos desaparecem.

André Lima -EFT Practitioner

Definitivo

Sinto dizer que sem esforço nada vai acontecer!
Não adianta reza forte, nem macumba com 20 velas.
Se você não se decidir pelo primeiro passo,
se você não sair desse quarto,
nem os anjos e nem Jesus poderão te ajudar,
se você não se ajudar!
Quer emagrecer?
Caminhe todos os dias,
pare de dizer que não tem dinheiro para a academia.
A rua é livre, de graça e está te esperando, seja noite, seja dia.
Quer um novo emprego?
Estude algo novo, aprenda um pouco mais do seu ofício, faça a diferença
e as empresas vão correr atrás de você!
Quer um novo amor?
Saia para lugares diferentes assista a um bom filme,
leia um bom livro, abra a cabeça, mude os pensamentos,
e o amor vai te encontrar no metrô, no ônibus, na calçada,
e em qualquer lugar, pois você será de se admirar.
Pessoa que encanta só de olhar…
Quer esquecer alguém que te magoou?
Enterre as lembranças e o infeliz!
Valorize-se criatura!
Se você se valoriza, sabe quanto vale,
sabendo quanto vale não se troca por qualquer coisa.
Se alguém te deixou é porque não sabe o seu valor.
Logo, enterre a criatura no lago dos esquecidos.
E rumo ao novo que o novo é sempre mais gostoso…
Quer deixar de dever?
Pare de comprar.
Não faça dívida para pagar dívidas!
Nunca! Jamais!
Faça poupança e pede para o povo esperar.
“Devo, não nego, pago quando puder.”
Assim, a cabeça fica livre e você vai trabalhar.
Em breve, não terá mais nada para pagar…
Quer esquecer uma mágoa?
Limpe o seu coração, esvazie-se…
Quem tem equilíbrio não guarda mágoas.
Só as pessoas com problemas emocionais é que se ressentem.
Ficam guardando uma dor, alimentando como se fosse de estimação.
Busque o equilíbrio emocional. Doe-se, ame mais e tudo passa.
Quer viver bem?
Ame-se!
Felicidade é gratuita, não custa nada.
É fazer tudo com alegria, nos mínimos detalhes.
Pergunte-se e se achar resposta que te satisfaça, comece tudo de novo:
- Pra que 2 celulares (1 pra cada orelha?)?
- Pra que 3 computadores, se não tem uma empresa? – 4 carros?
- 6 quartos se é você e mais 1 ou 2?
- 40 pares de sapato, se tem apenas 2 pés?
A vida pede muito pouco e nós precisamos de menos ainda.
Acorde enquanto é tempo e comece a mudança,
antes que o tempo venha e apite o final do seu jogo!
Espero que você pelo menos tenha vencido a partida.
Eu acredito em você
Paulo Roberto Gaefke

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Modo de Olhar

As pessoas são como nós: nem tão boas quanto imaginamos , nem tão más quanto pensamos

Assim, não exijamos de ninguém o comportamento que não temos...

Que tome as atitudes que não tomamos...

Ou que não nos decepcione qual não deixamos de decepcioná-las !

As pessoas não têm a obrigação de ser conforme queremos que elas sejam - nem os nossos filhos !

Cada espírito com sua trajetória, com suas necessidades e experiências a serem vivenciadas.

Se quisermos ser amados como somos, cabe-nos amar as pessoas como elas são.

Isto é compreensão da Vida em sua essência.

Sendo, há milênios, esperados por Deus, por que não podemos esperar por alguém alguns poucos anos ?

O amor não é um cinzel sobre a pedra - o amor é uma luz sobre ela...

Quem ama uma pessoa, não a ama por suas virtudes ou mazelas - simplesmente a ama !

Não raro, os filhos enfermos e problemáticos merecem de seus pais maior amor do que aqueles que já não os preocupam tanto.

Foi pelos mais doentes que Jesus se submeteu ao sacrifício de vir à Terra.

Olhemos para as pessoas que nos testam a paciência e colocam à prova nossa capacidade de perdoar como quem olha para um anjo que ainda não nasceu.

Inácio Ferreira
Carlos A. Baccelli
Obra: Saúde Mental À Luz do Evangelho

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

esse incrível amor

Dizem que é este arroubo que faz o coração disparar, o sangue fluir ao rosto, as pernas tremerem ante a visão do ser amado.
Afirmam que amar é abraçar forte e, abraçados, assistirem o sol se aconchegar no poente, para adormecer até ser despertado pela manhã.
Falam que o amor é este sentimento que emula o ser a escrever poemas, a declamar sonetos e compor serenatas...
Sim, tudo isto são expressões do amor. Do amor de um ser para o outro.
Mãos que se entrelaçam, corpos que se aproximam, que se movimentam ao som da música que os embala. Abraços, beijos.
Mas o amor verdadeiro é quando tudo isso persiste após anos de convivência.
Amar é sentir prazer de estar com o outro, ouvi-lo, acalentá-lo.
Nos dias tristes, o amor é a nota melódica que cantarola esperança em ouvidos atentos.
É fazer uma declaração de amor, cantando versos, depois que as rugas fizeram arabescos na face e os cabelos se tingiram de neve e prata, ao toque dos delicados dedos do tempo.
Amar é, depois de filhos crescidos, netos à vista, dançar à luz do luar, no jardim da casa, na varanda do apartamento, observados por um céu de estrelas.
Amar é surpreender o outro com uma flor, um mimo em data qualquer.
É sair para tomar um suco, um só, no mesmo copo, com dois canudinhos. Só para poder encostar o nariz um no outro e os olhos sorrirem.
É repartir a pizza, para dividir as calorias. É tantas coisas pequenas, grandes, imensas...
É dizer: Deixe que eu faço.Você está tão cansada.
É buscar as crianças, banhá-las, dar-lhes o lanche e quando ele chegar, estar pronta para convidar: Vamos jantar só nós dois, em algum lugar?
É descobrir o que pode fazer o outro mais feliz. É preocupar-se com ele.
É comentar o novo penteado, elogiar a roupa nova.
É segurar a mão, no hospital, enquanto o ser amado convalesce.
É falar de esperança, acenando melhores dias, quando as sombras do desalento comparecem no céu familiar.
Amar é ter tempo para assistir juntos um filme, comentar depois e... assistir outra vez, para reviver as emoções positivas da primeira vez.
É lembrar do dia do aniversário, é surpreender.
Enfim, o amor verdadeiro é aquele que solidifica nos anos, amadurece no tempo e se perpetua pela vida afora.
Pense nisso e se pergunte se você ama de verdade.
Pense quando foi a última vez que fez uma declaração de amor, fez um elogio, deu um presente.
Quando foi a última vez que saiu para jantar, para dançar, para passear.
Quando foi a última vez que saíram de mãos dadas, que assistiram a um show de cabeças coladas uma à outra...
Pense.
E se descobrir que faz muito tempo, surpreenda seu amor ainda hoje.
Convide. Invente, mostre que em seu coração o sentimento sublime ainda vige forte, rijo, maravilhosamente presente.
Mas, faça isso, hoje.
Não estanque o gesto, nem perca a chance.
O amanhã poderá ser o momento que não chegue.

Redação do "Momento espírita"

o 3o. ato - palestra de Jane fonda

Houve muitas revoluções no último século, mas, talvez, nenhuma tão significativa quanto a revolução da longevidade. Estamos vivendo em média, hoje, 34 anos a mais do que nossos bisavós. Pensem sobre isso. Isso é um completo segundo período de vida adulta que foi adicionado à nossa expectativa de vida. E ainda assim, para a maior parte, nossa cultura não se posicionou sobre o que isto significa. Ainda estamos vivendo com o velho paradigma da idade como um arco. Essa é a metáfora, a velha metáfora. Você nasce, atinge o auge na meia-idade e declina para a decrepitude. (Risadas) Idade como patologia.

Mas muitas pessoas hoje -- filósofos, artistas, médicos, cientistas -- estão lançando um novo olhar para o que chamo de terceiro ato, as três últimas décadas da vida. Eles percebem que isso é, na verdade, um estágio de desenvolvimento da vida com sua própria significância -- tão diferente da idade madura quanto a adolescência é da infância. E estão questionando -- todos nós deveríamos estar questionando -- como usamos esse tempo? Como vivê-lo com sucesso? Qual é a nova metáfora apropriada para envelhecimento?

Passei o último ano pesquisando e escrevendo sobre este assunto. E descobri que uma metáfora mais adequada para envelhecimento é uma escadaria -- a ascensão para o topo do espírito humano, trazendo-nos para sabedoria, completude e autenticidade. De forma nenhuma idade como patologia; idade como potencial. E adivinhem? Esse potencial não é para poucos felizardos. Acontece que a maioria das pessoas acima de 50 sente-se melhor, é menos estressada, é menos hostil, menos ansiosa. Tendemos a ver os itens comuns mais que as diferenças. Alguns dos estudos dizem até mesmo que somos mais felizes.

Isso não é o que eu esperava, acreditem-me. Venho de uma longa linhagem de depressivos. Quando me aproximava dos meus 40, assim que acordava de manhã, meus seis primeiros pensamentos eram todos negativos. E me assustei. Pensava, puxa vida, vou me tornar uma velhota mal-humorada. Mas, agora que estou, de fato, precisamente no meio de meu terceiro ato, percebo que nunca fui mais feliz. Tenho uma tremenda sensação de bem-estar. E descobri que quando você está dentro da velhice, em vez de olhar para ela do lado de fora, o medo se aquieta. Você nota, você ainda é você mesma -- talvez até mais. Picasso disse uma vez: "Leva um longo tempo para se tornar jovem".

(Risadas)

Não quero romantizar o envelhecimento. Obviamente, não há garantia de que ele seja um tempo de fruição e crescimento. Alguma coisa disso é uma questão de sorte. Alguma coisa disso é, obviamente, genético. Um terço disso, de fato, é genético. E não há muito que possamos fazer sobre isso. Mas isso significa que, para dois terços de quão bem desempenhamos no terceiro ato, podemos fazer algo. Vamos examinar o que podemos fazer para tornar esses anos adicionais realmente bem sucedidos e usá-los para fazer a diferença.

Deixem-me dizer algo sobre a escadaria, que parece ser uma metáfora esquisita para idosos, considerando-se o fato de que muitos idosos são desafiados por escadas. (Risadas) Eu mesma estou incluída. Como sabem, o mundo inteiro opera com uma lei universal: entropia, a segunda lei da termodinâmica. Entropia significa que tudo no mundo, tudo está num estado de declínio e decadência, o arco. Há apenas uma exceção a essa lei universal e isso é o espírito humano, que pode continuar a evoluir em direção ao topo -- a escadaria -- trazendo-nos para completude, autenticidade e sabedoria.

E aqui está um exemplo do que quero dizer. Essa ascensão rumo ao topo pode acontecer mesmo face a desafios físicos extremos. Cerca de três anos atrás, li um artigo no New York Times. Era sobre um homem chamado Neil Selinger -- 57 anos de idade, um advogado aposentado -- que tinha se juntado ao grupo de escritores da Faculdade Sarah Lawrence onde encontrou sua voz como escritor. Dois anos depois, ele foi diagnosticado com esclerose amiotrófica lateral, comumente conhecida como doença de Lou Gehrig. É uma doença terrível. É fatal. Ela devasta o corpo, mas a mente permanece intacta. Em seu artigo, o sr. Selinger escreveu o seguinte para descrever o que estava acontecendo a ele. E cito: "À medida que meus músculos enfraqueciam, minha escrita se tornava mais forte. À medida que lentamente perdia minha fala, ganhava minha voz. À medida que encolhia, eu crescia. No momento em que perdi tanto, finalmente comecei a encontrar a mim mesmo." Neil Selinger, para mim, é a personificação da subida da escadaria em seu terceiro ato.

Todos nascemos com espírito, todos nós, mas, às vezes, ele fica soterrado debaixo dos desafios da vida, violência, abuso, negligência. Talvez nossos pais sofressem de depressão. Talvez eles não fossem capazes de nos amar além daquilo que realizamos no mundo. Talvez ainda soframos com uma dor psíquica, uma ferida. Talvez experimentemos a sensação de que muitos de nossos relacionamentos não tiveram uma conclusão. E assim podemos nos sentir inacabados. Talvez a tarefa do terceiro ato seja terminar a tarefa de encerrar a nós mesmos.

Para mim, ela começou quando me aproximava do meu terceiro ato, meu aniversário de 60 anos. Como era para eu viver? O que era para eu realizar nesse ato final? E percebi que, a fim de saber para onde estava indo, eu tinha que saber onde estivera. Então, voltei e estudei meus dois primeiros atos, tentando ver quem eu era na época, quem eu realmente era -- não quem meus pais ou outras pessoas me disseram que eu era, ou me trataram como se eu fosse. Mas, quem era eu? Quem foram meus pais -- não como pais, mas como pessoas? Quem foram meus avós? Como eles trataram meus pais? Esse tipo de coisas.

Descobri alguns anos atrás que esse processo pelo qual passei é chamado pelos psicólogos "fazer uma análise da vida". E dizem que ela pode dar nova significância, clareza e sentido à vida de uma pessoa. Você pode descobrir, como eu, que muitas coisas que você costumava pensar que eram falha sua, muitas coisas que costumava pensar sobre você mesma, na verdade, não tinham nada a ver com você. Não era falha sua; você estava bem. E você é capaz de voltar e perdoá-los, e perdoar a você mesma. Você é capaz de se libertar de seu passado. Você pode mudar sua relação com seu passado.

Enquanto estava escrevendo sobre isso, encontrei um livro chamado "Em Busca de Sentido" de Viktor Frankl. Viktor Frankl foi um psiquiatra alemão que passou cinco anos em um campo de concentração nazista. E ele escreveu que, enquanto estava no campo de concentração, ele poderia dizer, se eles fossem libertados, quais pessoas estariam ok e quais não estariam. E ele escreveu isto: "Tudo que você tem na vida pode ser tirado de você exceto uma coisa, sua liberdade de escolher como você responderá à situação. Isso é o que determina a qualidade de vida que vivemos -- não se fomos ricos ou pobres, famosos ou anônimos, saudáveis ou sofredores. O que determina nossa qualidade de vida é como nos relacionamos a essas realidades, que tipo de significado atribuímos a elas, que tipo de atitude mantemos sobre elas, que estado mental permitimos que elas incitem."

Talvez o objetivo principal do terceiro ato seja voltar e tentar, se apropriado, mudar nossa relação com o passado. Acontece que estudos cognitivos demonstram que, quando somos capazes de proceder assim, isso se manifesta neurologicamente -- caminhos neurais são criados no cérebro. Veja, se você, ao longo do tempo, reagiu negativamente a eventos passados e a pessoas, caminhos neurais são configurados por sinais químicos e elétricos que são enviados através do cérebro. E com o tempo, esses caminhos neurais se estabelecem, eles se transformam na norma -- mesmo se são ruins para nós porque nos causam estresse e ansiedade.

Contudo, se pudermos voltar e alterar nossa relação, reavaliar nosso relacionamento com pessoas e eventos do passado, os caminhos neurais podem mudar. E se pudermos manter sentimentos mais positivos sobre o passado, isso se torna o novo modelo. É como reajustar o termostato. Não é ter experiências que nos torna sábios, é refletir sobre as experiências que tivemos que nos faz sábios -- e que nos ajuda a ser completos, traz sabedoria e autenticidade. Isto ajuda a nos tornar o que poderíamos ter sido.

Mulheres começam completas, não começamos? Quero dizer, como meninas, começamos irritadiças -- "É, quem disse?" Temos atuação. Somos os sujeitos de nossas próprias vidas. Mas muito frequentemente, muitas, se não a maioria de nós, quando alcançamos a puberdade, começamos a nos preocupar com ajustar-nos e sermos populares. E nos tornamos os sujeitos e objetos da vida de outras pessoas. Agora, em nosso terceiro ato, talvez seja possível para nós percorrer de volta o círculo até onde começamos e conhecê-lo pela primeira vez. E se pudermos fazer isso, não será apenas para nós mesmas. Mulheres mais velhas são o maior contingente demográfico no mundo. Se pudermos voltar e redefinir a nós mesmas e nos tornar completas, isso criará uma mudança cultural no mundo, e dará um exemplo às gerações mais jovens para que elas possam repensar suas próprias expectativas de vida.

Muito obrigada.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Poema do Menino Jesus - Fernando Pessoa

Num meio-dia de fim de Primavera
Tive um sonho como uma fotografia.
Vi Jesus Cristo descer à terra.
Veio pela encosta de um monte
Tornado outra vez menino,
A correr e a rolar-se pela erva
E a arrancar flores para as deitar fora
E a rir de modo a ouvir-se de longe.

Tinha fugido do céu.
Era nosso demais para fingir
De segunda pessoa da Trindade.
(...)

Um dia que Deus estava a dormir
E o Espírito Santo andava a voar,
Ele foi à caixa dos milagres e roubou três.
Com o primeiro fez que ninguém soubesse que ele tinha fugido.
Com o segundo criou-se eternamente humano e menino.
Com o terceiro criou um Cristo eternamente na cruz
E deixou-o pregado na cruz que há no céu
E serve de modelo às outras.
Depois fugiu para o Sol
E desceu no primeiro raio que apanhou.
Hoje vive na minha aldeia comigo.
É uma criança bonita de riso e natural.
Limpa o nariz ao braço direito,
Chapinha nas poças de água,
Colhe as flores e gosta delas e esquece-as.
Atira pedras aos burros,
Rouba a fruta dos pomares
E foge a chorar e a gritar dos cães.
E, porque sabe que elas não gostam
E que toda a gente acha graça,
Corre atrás das raparigas
Que vão em ranchos pelas estradas
Com as bilhas às cabeças
E levanta-lhes as saias.

A mim ensinou-me tudo.
Ensinou-me a olhar para as coisas.
Aponta-me todas as coisas que há nas flores.
Mostra-me como as pedras são engraçadas
Quando a gente as tem na mão
E olha devagar para elas.

(...)

Ele mora comigo na minha casa a meio do outeiro.
Ele é a Eterna Criança, o deus que faltava.
Ele é o humano que é natural.
Ele é o divino que sorri e que brinca.
E por isso é que eu sei com toda a certeza
Que ele é o Menino Jesus verdadeiro.

(...)

A Criança Nova que habita onde vivo
Dá-me uma mão a mim
E outra a tudo que existe
E assim vamos os três pelo caminho que houver,
Saltando e cantando e rindo
E gozando o nosso segredo comum
Que é saber por toda a parte
Que não há mistério no mundo
E que tudo vale a pena.

A Criança Eterna acompanha-me sempre.
A direcção do meu olhar é o seu dedo apontado.
O meu ouvido atento alegremente a todos os sons
São as cócegas que ele me faz, brincando, nas orelhas.

Damo-nos tão bem um com o outro
Na companhia de tudo
Que nunca pensamos um no outro,
Mas vivemos juntos e dois
Com um acordo íntimo
Como a mão direita e a esquerda.

Ao anoitecer brincamos as cinco pedrinhas
No degrau da porta de casa,
Graves como convém a um deus e a um poeta,
E como se cada pedra
Fosse todo o universo
E fosse por isso um grande perigo para ela
Deixá-la cair no chão.

Depois eu conto-lhe histórias das coisas só dos homens
E ele sorri porque tudo é incrível.
Ri dos reis e dos que não são reis,
E tem pena de ouvir falar das guerras,
E dos comércios, e dos navios
Que ficam fumo no ar dos altos mares.
Porque ele sabe que tudo isso falta àquela verdade
Que uma flor tem ao florescer
E que anda com a luz do Sol
A variar os montes e os vales
E a fazer doer aos olhos dos muros caiados.

Depois ele adormece e eu deito-o.
Levo-o ao colo para dentro de casa
E deito-o, despindo-o lentamente
E como seguindo um ritual muito limpo
E todo materno até ele estar nu.

Ele dorme dentro da minha alma
E às vezes acorda de noite
E brinca com os meus sonhos.
Vira uns de pernas para o ar,
Põe uns em cima dos outros
E bate palmas sozinho
Sorrindo para o meu sono.

Quando eu morrer, filhinho,
Seja eu a criança, o mais pequeno.
Pega-me tu ao colo
E leva-me para dentro da tua casa.
Despe o meu ser cansado e humano
E deita-me na tua cama.
E conta-me histórias, caso eu acorde,
Para eu tornar a adormecer.
E dá-me sonhos teus para eu brincar
Até que nasça qualquer dia
Que tu sabes qual é.

Esta é a história do meu Menino Jesus.
Por que razão que se perceba
Não há-de ser ela mais verdadeira
Que tudo quanto os filósofos pensam
E tudo quanto as religiões ensinam ?
Fernando Pessoa (Alberto Caeiro)