Prevenindo a depressão: encontre com você mesmo!
Por Rose Romero - psicóloga
Um dos mistérios de um quadro depressivo é o vasto alheamento de nós por nós mesmos. Não nos cuidamos, reconhecemos, valorizamos. E mais, não temos idéia de quem se apresenta (potenciais e valores) nesse encontro íntimo com nós mesmos.
Acordei subitamente hoje com esta pergunta as 6:30 da manhã e não consegui mais dormir e nem obter uma resposta rápida, pelo contrário, fui inundada por questões.
Será que aquela com quem eu converso é o eu que espero ser? Ou o eu que gostaria de ser? Será o eu que sou, ou o eu que não gosto de ser? Será o eu que escondo de mim mesma, e se assim for, porquê escondo? Medo, vergonha, de mim mesma?
Partir em direção a si mesmo é deixar um certo número de memórias e identificações, deixar as referências que nos estruturam e fazer como Abraão fez por indicação de Deus: "Sai de tua Terra, de tua parentela, da casa de teu pai e vai para a terra que te mostrarei" Gn12, 1
Esta caminhada é difícil porque nos apegamos muito aos nossos conceitos e valores que na maioria das vezes não construímos e sim herdamos da família, do meio, da cultura que vivemos. E o que ainda é pior, projetamos estes conceitos em julgamentos e críticas ao mundo ao nosso redor, acreditando que as pessoas e situações são realmente do modo como as vemos e não uma simples projeção dos nossos piores medos sobre nós mesmos.
Quantas vezes ao entrarmos em algum lugar novo, já classificamos as pessoas e as arquivamos em pequenas gavetas dentro de nós de forma a nos sentirmos mais confortáveis para lidar com a situação nova e desconhecida? Aprendemos essa forma de lidar com o mundo desde o jardim de infância e ela tem sido reforçada ao longo dos anos pela mídia, pela cultura em geral.
Estamos tão aprisionados por nossos julgamentos e críticas que muitas vezes não nos damos conta que na verdade muitos deles nada têm a ver com a nossa verdadeira essência, e que é por causa deles que alimentamos o medo, o isolamento, a competição.
Na caminhada em direção ao eu essencial, geralmente nos damos conta em primeiro lugar de nossas carências. E como preenchê-las se não sabemos, não compreendemos a essência do que sou, de quem sou, para compreender o que falta!
Proponho uma reflexão!
A fim de tomar consciência dos próprios pensamentos e reações, sente-se tranqüilamente, por apenas 15 minutinhos e apenas observe como sua mente funciona.
Qual o seu jeito de lidar com o mundo, lembrando em primeiro lugar de alguma crença, de algo em que você realmente acredita. Depois perceba como você se relaciona com uma idéia, sua - própria - original. Você acredita nela, a valoriza, se identifica? Depois com um hábito - difícil de desapegar, porquê?
E finalmente com sentimentos e atitudes (julgamentos ou críticas) que você gosta de ter (e às vezes lhe prejudicam a vida) e aqueles que tem, mas não gostaria de ter. Perceba suas auto-armadilhas e autoboicotes.
Sinto que se nos dedicarmos com afinco a este encontro, reconheceremos ao final quem realmente se apresenta neste encontro íntimo com nós mesmos, com todo seu valor e potencial.
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