A semente abandonada no celeiro sofria a solidão dos incompreendidos. Pensava na vida que poderia gerar se seus atributos fossem colocados a serviço da natureza que lhe era própria.
Os dias se passavam e o germe de sua alma não despertava, por condições inapropriadas do ambiente que a haviam depositado, cerceando sua desenvoltura.
A falta de umidade, da terra adubada, do calor e da luz do sol, corrompia seu caráter, mantendo sua casca e seu âmago endurecidos. Bloqueando o germinar de sua consciência.
Ao adormecer no celeiro escuro, sonhava com seu aprendizado na infância tenra, no desenvolvimento de suas curvas insinuantes, em suas frondosas ramas, doando sombra para crianças em parque verdejante.
Como seria sublime poder sentir preso a seus galhos o balanço da criança brincalhona, num vai e vem, como se fosse, nos braços de mãe delicada!!!!
Na primavera, já adulta e formosa, suas pétalas se abririam convidando pássaros e insetos usufruírem de seu néctar, ao tempo em que lhe propiciariam o engendrar de novas sementes, por ato inconsciente da fecundação.
Suas flores se destacariam no parque, por seu colorido brilhante a refletir os raios de sol, imantando os olhares enternecidos dos passantes, reflexionando sobre a vida. Seria seu sublime ato de amor.
Os ventos balançando suas vestes, secariam o excesso do orvalho que durante a noite lhe injetaram vida em sua seiva, refrescando seus dias de sol, absorvendo carbono e liberando oxigênio, através da fotossíntese.
O choro convulsivo de todas as manhas, não eram ouvidos pelas criaturas que deveriam dar seqüência as suas aspirações, pois formara-se para germinar planta de flores exuberante, para enfeitar os dias.
Quando a vida já parecia sem sentido. Chega um rastro de esperança, eram franqueados os portões, as sementes foram colocadas em carroça de laboriosos trabalhadores, que as levaram para produtivos campos, onde finalmente poderia produzir e se reproduzir como estava escrito em sua gênese.
Finalmente, em condições apropriadas, o bulbo expande sua consciência, o casulo rebenta quando cresce o âmago da semente revivida. Uma explosão de vida se instala com possibilidades ilimitadas diante da criação.
As gramíneas que a circundavam abriam passagem para a vida que rebentava do solo. Por entre as areias e húmus, rasgava as entranhas da terra parindo-se para luz. Inebriada, sorria para a vida, como se despertara de terrorífico pesadelo, pois, sua inconciencia lhe falava dos umbrais em que estivera navegando.
A simbiose que se instalara entre calor, terreno, umidade e semente, gerava frutos positivos para a criação. Resgatada das trevas, maturada para testemunho da divina sabedoria. Saía de seu casulo expandindo sua consciência, mostrando seu âmago vivificado.
Seja a planta florida do amanhã para gloria do teu espírito iluminado, parido da consciência eterna da criação.
ACA
Fonte: CACEF - Casa de Caridade Esperança e Fé
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