“Às vezes as pessoas têm uma crença central que é muito forte. Quando elas são apresentadas para evidências que contrariam a crença central, a nova evidência não pode ser aceita. Isso criaria um sentimento que é extremamente desconfortável, chamado de dissonância cognitiva. Torna-se tão importante proteger a crença central, que eles vão racionalizar, ignorar e até mesmo negar qualquer coisa que não se encaixe na sua crença central.” – Frantz Fanon
Em um mundo onde a desconexão é uma dissociação galopante, está se tornando cada vez mais difícil navegar nestas águas insalubres e ainda mais difícil descobrir águas saudáveis. As vezes podemos até mesmo não ver como as coisas estão ligadas, porque estamos longe de qualquer tipo de comunidade saudável. Nossa natureza de privação é uma pandemia. Como Dan Schreiber disse: “Nós todos compartilhamos esta dissonância cognitiva, esta dis-conectividade. Tanto é assim que, em muitos casos, aqueles que estão ligados e conscientes parecem insanos! ”
Tal como está, a dissonância cognitiva é um adversário formidável. Um que domina completamente a maioria das pessoas. Mas isso é algo que sozinhos devemos superar. Na verdade, uma grande parte da luta contra a dissonância cognitiva está fazendo com que naveguemos entre uma visão ultrapassada do mundo e uma visão moderna. Saindo de um estado condicionado para um estado renovado, não é nenhum piquenique, mas a outra alternativa é pior: a estagnação mental e espiritual. Aqui estão sete maneiras de combater a dissonância cognitiva.
1. A pergunta é a resposta
“Se você entende tudo, então você deve estar mal informado.” – Provérbio Japonês
Respostas são para leigos. Perguntas são para sábios.
O primeiro passo para adquirir sabedoria: é questionar tudo, o segundo passo: questionar as respostas. Isto é mais fácil dizer do que fazer. Se o combate à dissonância cognitiva é sobre fazer perguntas mais profundas a respeito da vida, então temos de confessar que não sabemos as respostas e que os nossos poderes da razão são limitados. Como Hajime Tanabe disse: “Para filosofar, primeiro é preciso confessar.” Essa confissão pode ser extremamente dolorosa em um nível existencial. Uma das coisas mais difíceis que um ser humano pode fazer é questionar a si mesmo, especialmente no que tange a crenças, visões de mundo e condicionamento cultural. É por isso que a maioria das pessoas finge invulnerabilidade. O “escudo” de sua fé.
2. Renovar: O Pré-requisito
“Toda vez que você tentar reagir da mesma maneira antiga, pergunte se você quer ser um prisioneiro do passado ou um pioneiro do futuro.” – Deepak Chopra
Os seres humanos são animais absurdamente inseguros. O animal mais inseguro, na verdade. Nós costumamos nos agarrar ao conforto e descartar o desconforto para nos sentirmos seguros e protegidos. Pode-se dizer que somos viciados em conforto. Mas, como Farrah Gray aconselhou: “O conforto é o inimigo da conquista.” Na verdade, é realmente na fronteira da nossa zona de conforto que o verdadeiro crescimento é alcançado. E não há nenhum aspecto “mais ousado” da nossa zona de conforto do que aquilo que temos sido pré-condicionados. Este pré-condicionamento é tipicamente um condicionamento cultural, ou noções preconcebidas (geralmente desatualizadas e paroquiais) sobre a maneira como o mundo funciona, transmitida pelos nossos antepassados.
Um elemento-chave para o combate à dissonância cognitiva é aprender a renovar inicialmente as pequenas diferenças deste pré-condicionamento e, em seguida, ir se aprofundando para renovar todas as dissonâncias completamente. Uma zona de conforto atualizada é uma zona de conforto esticada. O casulo se alarga cada vez mais e ele tem o potencial para abranger o cosmos. Como Dean Jackson disse: “Quando se transformam em borboletas, algumas lagartas não falam de sua beleza, mas de sua esquisitice. Elas querem mudar de volta para o que elas sempre foram. Mas agora elas têm asas.”
3. Auto Dialeticismo
“O avanço intelectual do homem depende de quantas vezes ele pode trocar uma velha crença por uma nova verdade.” – Robert Green Ingersoll
Em um mundo de desenfreado anti-intelectualismo e zumbis estúpidos permanecendo desligados de forma competitiva, o auto dialeticismo é um copo quente de conhecimento atraente em uma sala fria de felicidade ignorante. O dicionário Inglês Collins define dialeticismo como, “o conceito filosófico de que o mundo é composto de ideias ou conceitos contrários, mas não necessariamente opostos, que quando juntos, ambos negam um ao outro ou sintetizam um todo.”
A este respeito, o auto dialeticismo está sendo mais contextual, flexível e holístico em relação à nossa perspectiva de: eu-conforme-o-mundo para o-mundo-conforme-eu. É uma meta intelectual a “conversa” entre a nossa individualidade e o nosso sentido de interdependência, o constante cabo-de-guerra entre nossa natureza animalesca e nossa natureza divina. É a capacidade de questionarmos entre os opostos, de permanecer flexível ao ser dividido entre espírito e carne, finitude e infinitude. Como Susan Neiman disse em “Porque nos elevamos”, “Mantendo um olho na maneira de como o mundo deveria ser, sem nunca perder de vista a maneira como ele é, exige a manutenção permanente de um precário equilíbrio. Exige enfrentar diretamente o fato de que você nunca vai conseguir o mundo que você quer, enquanto se recusar a falar consigo mesmo que você quer e como quer ele”.
4. Genesis Cognitiva
“Um artista não é um tipo especial de pessoa. Em vez disto, cada pessoa é um tipo especial de artista.” – Meister Eckhart
A gênese cognitiva é a percepção de que somos canais magníficos em um conjunto infinito. Apesar dos nossos limites, apesar da nossa mortalidade física, apesar de nossas faculdades físicas restritas e apesar da nossa dissonância cognitiva, mesmo assim estamos nos elevando como criaturas, apesar de vivermos na percepção de um Universo sem sentido. Estamos desafiando a imanência da dissonância para a concordância cognitiva. Estamos fechando o cerco sobre a divulgação. A Gênese é uma exploração de opostos, uma explosão de curiosidade, uma ligação de pontos que parecem totalmente desconectados. A gênese cognitiva desperta o “apaixonado pelas maravilhas” em todos nós. Ela coloca a anarquia na arte, a revolução na evolução e coloca movimento no amor libertador. Como o reverendo Adrian Cain disse: “Mudança é estabilidade. A criação nunca termina. Tudo é um verbo. A mudança é a saída. O rumo é o objetivo.”
5. Auto Prestidigitação
“Um pouco de agitação dá incentivo para as almas, o que faz a espécie prosperar não é a paz, mas a liberdade.” – Machiavelli
Auto-prestidigitação é o truque da mente criativa, a destreza da mente. Ele vira o jogo com a angústia existencial, usando como uma pedra de afiar para o progresso em vez de percebê-la como um impedimento ou um obstáculo. A dissonância cognitiva é a reação emocional para identificarmos a angústia existencial como um obstáculo a ser superado. Através da auto-prestidigitação nós nos enganamos e transformamos as fronteiras em horizontes e bloqueios de estradas em trampolins. Na verdade, uma estrada áspera na maioria das vezes leva à grandes conquistas.
Ao invés de nos consternar, nos esquivar, nos auto apiedar pelas adversidades, devemos entender que podemos enfrentar qualquer número de obstáculos. Desta forma, nos tornamos mais flexíveis em nossa abordagem à adversidade existencial e ontológica e nos tornamos mais capazes de nos adaptar e superar. A auto-prestidigitação é um ato de dúvida estratégica saudável em face do conflito do ser e do nada. Ela nos coloca na visão de um pássaro observando a condição humana, onde nós somos livres para ser mecanicamente ontológicos e arquitetamente existenciais. Como Zlavoj Zizek disse: “A verdadeira tarefa de movimentos emancipatórios radicais não é apenas agitar as coisas para sair de sua inércia banal, mas mudar as coordenadas da realidade social.” E isso requer uma artimanha ontológica contra a dissonância cognitiva galopante.
6. Humor Cognitivo
“Encontre o lugar no interior, onde existe alegria, que a alegria vai queimar a dor.” – Joseph Campbell
Alcançar a aventura através da coragem. Alcançar a coragem através da alegria. Alcançar a alegria através da criatividade. Alcançar a criatividade através da curiosidade. Alcançar a curiosidade através de um bom senso de humor. Em seguida, misture tudo isso que você vai se apaixonar por si mesmo. Mas como Jorge Luis Borges engenhosamente disse: ” Se apaixonar é criar uma religião que tem um deus falível.”
E é precisamente este deus falível que devemos ironizar e zombar, ridicularizar e aborrecer, provocar e satirizar, zombar e irritar com a alegria cósmica e o humor sagrado. Como uma espécie falível, a dissonância cognitiva é tanto um deus falível como qualquer deus que temos criado. E a própria dissonância cognitiva é mais combatida quanto maior for o humor. É a habilidade intuitiva de rir com alegria daquilo que torna os outros demasiadamente sérios. É um estado de humor que vira a mesa sobre a piada cósmica e nos transforma de alvos da piada para os que riem todo-poderosos da piada. Como Robert Frost brincou: “Perdoa, ó Senhor, as minhas piadinhas sobre você, assim como eu perdoo tua grande piada sobre mim.”
7. A Guilhotina Cognitiva
“Já tentou. Nunca falhou. Não importa. Tente novamente. Falhe novamente. Falhe cada vez melhor.” – Samuel Beckett
Tudo muda. Nada permanece o mesmo. Sinta a crueza desse fato, a qualidade vibrante desta realidade. É tragicamente delicioso. É encantadoramente devastador. Há um medo terrível que vem de saber que somos falíveis, propensos a erros e seres físicos mortais, mas há também uma espécie de divina perfeição, sem a qual não teríamos conceitos como beleza e amor. A ideia de que podemos aprender com nossos erros, que podemos transformar a dor em conhecimento, raiva em coragem e medo em amor, é uma auto superação em êxtase profundo que tem o potencial de nos lançar em níveis de evolução que no momento não podemos sequer imaginar.
A guilhotina cognitiva é um bloco de auto superação. É um constante desapego do supérfluo, uma “decapitação” consistente de pensamentos ultrapassados e paroquiais que paralisam a evolução da nossa espécie. É uma locação espiritual, uma sangria ontológica e um desapego existencial. É uma poda sagrada para um florescente numinoso. Então, o que vem a nós como raiz podemos continuar como caule, o que vem a nós como caule podemos continuar como na sequência de Fibonacci no florescimento da evolução humana, no auge da “ascensão ser algo”, que sobe através da magnânima glória de termos caído e nos levantado, de termos nos separado e retornado como UM novamente, de viver e de viver cada vez melhor e de nos esforçarmos para nos balizar com a toda poderosa esperança: PHI, o Tao eterno, infinito e a beleza da iluminação.
©Gary ‘Z’ McGee
Origem: wakingtimes
Tradução e Divulgação: A Luz é Invencível
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