terça-feira, 15 de agosto de 2017

Medicina Antroposófica

Leonardo Maia
bibliotecadaantroposofia@antroposofy.com.br



“Anthropos”, em grego, quer dizer homem, e “sofia”, sabedoria. A antroposofia busca, assim, o conhecimento global do homem, valorizando não só o seu aspecto corporal, mas também aquilo que está oculto: a sua vida psíquica
e a sua individualidade.

Antroposofia investiga vida do paciente em busca da cura

Eles são médicos com formação científica e diplomas na parede, mas não estão interessados em ouvir apenas as queixas físicas do paciente. Antes do diagnóstico, eles querem saber tudo sobre você: como vai o trabalho, os relacionamentos familiares e os contatos sociais. Perguntam sobre hábitos, modo de vida, traumas do passado, rompimentos, perdas e frustrações. Querem entender a forma como você se posiciona em relação à vida, ao mundo e aos outros. E, na hora do tratamento, eles recorrem, conforme o caso, a uma série de recursos terapêuticos: medicamentos químicos (alopatia), homeopáticos e fitoterápicos, terapias artísticas (canto, dança, pintura, modelagem), massagens, compressas e até banhos especiais.

Essa fusão de técnicas e conhecimentos é própria da medicina antroposófica, especialidade reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina desde 1993. É a medicina convencional ampliada pela antroposofia, ciência espiritual desenvolvida no início do século passado pelo pensador austríaco Rudolf Steiner.

“Anthropos”, em grego, quer dizer homem, e “sofia”, sabedoria. A antroposofia busca, assim, o conhecimento global do homem, valorizando não só o seu aspecto corporal, mas também aquilo que está oculto: a sua vida psíquica e a sua individualidade.

Os médicos antroposóficos partem do princípio de que a doença é um sinal de desequilíbrio interno. Por isso é preciso tratar não só o órgão debilitado, mas as causas que provocaram o desequilíbrio. Essas causas, segundo eles, estão, geralmente, na alma e no espírito do homem. Como alma, os antroposóficos entendem a vida psíquica, a sensibilidade e os processos de empatia e, como espírito, a organização do eu, a autoconsciência.

“Podemos dizer que 90% das doenças crônicas (como alergia, hipertensão, artrite, reumatismo, asma, problemas digestivos e enxaqueca) têm um componente psicossomático”, explica o pediatra Ricardo Ghelman, coordenador do ambulatório de hematoncologia da Sociedade Brasileira de Médicos Antroposóficos, em São Paulo. “Os medicamentos convencionais conseguem suspender o processo da doença. Mas, se você tirar o remédio, volta tudo”, diz ele.

Um exemplo clássico de doença psicossomática é a hipertensão arterial. “Os livros de medicina falam que 80% das causas são de origem essencial, ou seja, de origem desconhecida. Mas o que a gente vê, na prática, é que esses pacientes que não apresentam um problema mais orgânico têm uma tensão de vida. Se você puder tratar um paciente hipertenso com uma terapia artística, como dança, canto ou modelagem, e puder melhorar a qualidade de vida dele, isso terá um impacto muito maior do que a dependência de medicamentos. É claro que um anti-hipertensivo tem indicações, mas, a longo prazo, é importante tratar as causas”, explica Ghelman.

Cura

Na visão antroposófica, as doenças são pequenas crises que surgem justamente para ajudar a pessoa a evoluir, para alertá-la de que é necessário mudar o ritmo diário e harmonizar as diversas áreas de sua vida, como trabalho e lazer. Por isso o processo de cura começa pela busca do conhecimento interno, feito por meio de um levantamento biográfico: o paciente revê as diversas etapas de sua vida para descobrir o que precisa ser redirecionado.

“Na antroposofia, o paciente percebe como a doença se encaixa na história de vida dele e participa do tratamento por meio da mudança de hábitos e comportamentos”, diz a médica Nélida Fontana.

Para ajudar nesse processo de autoconhecimento e cura, os antroposóficos recomendam atividades artísticas e corporais. Essas técnicas estimulam o paciente a entrar em contato com os próprios sentimentos, a se soltar, a descobrir coisas que o agradam ou incomodam e a interagir melhor com o mundo a sua volta.

“Pacientes estressados, esgotados perdem a capacidade de se relacionar consigo mesmos. Mais do que de medicamentos, eles precisam de atividades para reutilizar a criatividade. O som, a cor e o movimento motivam a alma humana” diz Samir Rahme, presidente da Sociedade Brasileira de Médicos Antroposóficos.

A exemplo da medicina comum, a antroposófica pode tratar de qualquer tipo de doença. Mas, em algumas áreas, os resultados são melhores do que em outras. É o caso do tratamento de doenças crônicas e de distúrbios hormonais, principalmente em mulheres que têm tensão pré-menstrual ou estão na fase da menopausa. Outra área de sucesso é a pediátrica.

“O tratamento com remédios homeopáticos na pediatria tem uma resposta mais rápida, porque as crianças têm mais vitalidade e força de autocura”, explica José Roberto Lazzarini, diretor médico do Weleda, laboratório de medicamentos naturais.

Nas doenças em que é preciso um tratamento mais agressivo com medicamentos químicos, como é o caso do câncer, a medicina antroposófica vem sendo usada como terapia coadjuvante, oferecendo alívio para alguns sintomas colaterais, fortalecendo o sistema imunológico e ajudando o paciente a rever seus passos para ter uma vida melhor e mais saudável.

Especialistas

Na Europa, principalmente na Alemanha, na Suíça e na Holanda, a medicina antroposófica é bastante popular. Há até hospitais antroposóficos. No Brasil, o número de profissionais não passa de 300, mas a expectativa da Sociedade Brasileira de Médicos Antroposóficos é que os oito cursos de especialização existentes no país passem a formar cem profissionais por ano. Os cursos, com duração de três anos, estão disponíveis apenas para quem concluiu o curso de medicina.

Onde

A Sociedade Brasileira de Médicos Antroposóficos oferece atendimento com vários especialistas na sua sede, em Santo Amaro, na zona sul de São Paulo. As consultas custam R$ 40. Lá funciona também um ambulatório gratuito para pacientes com câncer. Tel:(11)5522-4744.

Biblioteca Virtual de Antroposofia

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