"Então… uma certa obscuridade, uma certa letargia se estendeu ao longo da vida da humanidade; os sonhos cósmicos retrocederam e a vida instintiva se fortaleceu…"
Rudolf Steiner
Os seres humanos que viviam na Terra no antigo mundo pagão se sentiam membros de todo o cosmos. Eles sentiam como as forças que atuam sobre os movimentos das estrelas se estendiam à sua própria ação, ou melhor, as forças que surtiam efeito sobre as suas ações. Essa antiga sabedoria foi obtida a partir da contemplação do curso das estrelas e, em seguida, utilizado como base para os preceitos regem a ação humana.
Essas civilizações antigas só podem ser entendidas se a ciência espiritual direcionar sua luz sobre a evolução humana no seu aspecto exterior.
É bem verdade que as pessoas que viviam na terra naqueles tempos antigos tinha uma espécie de vida anímica instintiva, num sentido mais parecido com a vida da alma dos animais do que dos humanos modernos. Mas é um conceito muito unilateral da vida humana dizer que, naqueles tempos antigos, as pessoas eram mais como animais. No teor da alma, o ser humano que se movia sobre a Terra eram, de fato, mais parecidos com o animal, mas esses corpos humanos-animais foram usados por seres anímico-espirituais que se sentiam membros dos mundos supra-sensíveis, especialmente dos mundos cósmicos.
E sempre vamos suficientemente a fundo, pode-se dizer que os seres humanos faziam uso de corpos animais como instrumentos em vez de sentirem-se dentro desses corpos. Para caracterizar esses seres com precisão, devemos dizer que quando eles estavam despertos, eles se moviam com uma vida instintiva como a dos animais, mas esta vida instintiva de alma brilhava algo como sonhos de seu estado dormente, sonhos lúcidos. E nesses sonhos despertos percebiam como tinham descendidos, usando corpos de animais apenas como instrumentos.
Este teor interior e fundamental da alma humana foi então expressa como um rito religioso, no culto de Mitra, com seu principal símbolo de Deus Mitra montando um touro sobre ele o céu estrelado a que pertence, e debaixo dele, a Terra à qual pertence o touro. Este símbolo não era, estritamente falando, um mero símbolo para essas pessoas da antiguidade, era uma visão da realidade. Todo o teor da alma das pessoas, fez-lhes dizerem para si mesmos: Quando estou fora do meu corpo à noite, eu pertenço às forças do cosmos, dos céus estrelados; quando eu acordo de manhã, faço uso de meus instintos animais em um corpo animal.
Em seguida, a evolução humana passou, figurativamente falando, a um período de crepúsculo. Uma certa obscuridade, uma certa letargia, se estendeu ao longo da vida da humanidade; os sonhos cósmicos retrocederam e a vida instintiva se fortaleceu.
Rudolf Steiner – Trecho da GA193
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