sexta-feira, 27 de setembro de 2013

A Energia dos aromas

Cada planta acumulou, no decorrer dos milhões de anos de sua história, a memória viva do reino vegetal, da sua família, do seu gênero ou da sua espécie. Todas essas informações merecem ser usadas com todo o respeito. É um milagre que acontece diante dos nossos olhos.
Quando observamos uma planta do ponto de vista de sua família, descobrimos muitas coisas sobre a própria família. Também podemos aprender com a parte da planta onde sua criatividade é mais desenvolvida e, no caso da aromaterapia, onde é produzido seu óleo essencial.
Parece que cada família tem um domínio de criatividade privilegiado. As labiadas e as mirtáceas produzem seus óleos essenciais principalmente nas folhas, enquanto a rosa prefere a flor; os cítricos os produzem na flor, no fruto e na folha; as burseráceas, nas exsudações, e por aí vai.
No processo de evolução natural, cada planta passa da esfera física, com o germe e depois as raízes, para a esfera vital, com as folhas, e finalmente para a esfera astral, com a flor. Em seguida cria o fruto ou semente numa involução que volta ao mundo físico.
Os óleos essenciais produzidos nas raízes (angélica, vetiver) tendem a ter uma energia fundamental e características próprias de alimentos. Não são muito refinados, mas costumam ser poderosos estimulantes das funções vitais (especialmente da digestão) do organismo. Sua recomendação mais comum é para a anemia.
O sistema de folhas da planta corresponde ao seu corpo vital. Os óleos essenciais produzidos nessa região (eucalipto, niaouli, hortelã-pimenta etc.) conservam uma forte afinidade com a energia prana, o sistema respiratório. Eles tonificam o corpo vital. Um desenvolvimento excessivo do sistema de folhas é sinal de desequilíbrio etéreo passível de produzir toxicidade (como acontece em algumas umbelíferas).
À flor é a última conquista da planta. Somente aquelas mais evoluídas espiritualmente (como a rosa) podem criar sem restrições nesse nível. A produção da fragrância é um sinal de intensa atividade astral. Embora os óleos es­senciais sejam encontrados em quantidades ínfimas na flor, normalmente suas fragrâncias são muito intensas, apesar de refinadas na pró­pria natureza. As plantas com a criatividade floral mais intensa raramente produzem fru­tos ou sementes significativos. É lá que se es­gota sua criatividade, e sua criação não per­tence mais ao plano físico. Essas fragrâncias tendem a ser revitalizantes (jasmim) ou até intoxicantes (narciso).
Os óleos essenciais das flores, portanto, costu­mam ser muito refinados e sutis, mas, por outro lado, difíceis de extrair. Às vezes, estão tão dis­tantes da esfera física que fica impossível extraí-los pela destilação a vapor. (O néroli e a rosa são exceções por virem de plantas bem equilibradas; ambas produzem frutos comestíveis: a laranja e o fruto da roseira.) Extremamente sensíveis à temperatura, suas moléculas se rompem quando expostas ao calor. Alguns podem ser extraídos com solventes (jasmim, angélica, narciso).
Os óleos produzidos na semente nos levam inteiramente de volta ao mundo físico, sendo menos sofisticados, mais humildes e diretos (frutas cítricas, anis, funcho, coentro). São revigorantes e fortificantes e têm forte afinidade com o sistema digestivo (especialmente as se­mentes que também servem de alimento ou que são usadas como especiaria).
As árvores e os arbustos também sabem criar óleos em sua madeira (sândalo, cedro). Trata-se de óleos que ajudam o equilíbrio e a con­centração. Aqui o processo criativo é transpor­tado para o cerne da madeira. Esses óleos têm o poder de abrir nossa consciência para esfe­ras mais altas sem deixar que percamos o autocontrole. São especialmente adequados a ri­tuais, meditação, ioga.
Finalmente, certas árvores e arbustos (mirra, Olíbano, coníferas, esteva) produzem resinas ou gomas perfumadas. Nesses casos, o óleo essen­cial tem forte afinidade com o sistema glandular. Além de controlar as secreções, apre­senta propriedades cosméticas e curativas (cui­dados com a pele, lesões, úlceras).

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