sexta-feira, 23 de maio de 2014

A Verdade acima do Bem e do mal


A verdade não está no mal, é certo, mas também não está unicamente no bem, ela está simultaneamente no bem e no mal, ou antes, num princípio superior ao bem e ao mal que sabe trabalhar com ambos; e, se não se for mais longe para se saber que princípio superior é esse que os dirige, jamais se compreenderá as suas permutas, os seus jogos, os seus combates.
O bem e o mal são dois artistas comprometidos em levar à cena a peça da vida, pois, se não existir o mal, o bem talvez não faça nada, adormecerá.
É o mal que o estimula.
Os humanos clamam pelo bem com todas as suas forças. Mas, como eles raramente estão de acordo sobre o que deve ser o "bem", são todos os bens contraditórios que acabam por produzir o mal.
Eis a triste realidade: cada um está tão ocupado em fazer triunfar o seu "bem" - que não é o bem dos outros -, que isso não pode deixar de gerar o mal.

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O verdadeiro triunfo não é, pois, massacrar os inimigos.
O verdadeiro triunfo é conseguir transformar os nossos inimigos em amigos.
Assim, em vez de estarmos rodeados de pessoas que só pensam em prejudicar-nos, ficaremos rodeados de pessoas que só pensam em ajudar-nos.

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Só os grandes Iniciados compreenderam verdadeiramente a questão do mal.
Eles não se contentam em conhecer o bem e em trabalhar com ele, também exploram o mal.
Por isso se diz de alguns deles - de Jesus, por exemplo - que "desceram aos Infernos".
Eles tomam precauções, munem-se com armas e, uma vez bem protegidos, descem ao Inferno para estudar essas regiões e os seus habitantes.
Foi para eles que se deu a fórmula: "saber, querer, ousar, calar".
Eu disse-vos um dia que, nesta fórmula, "ousar" é a palavra mais misteriosa.
Porquê?
Porque ousar é ter coragem de empreender a descida ao Inferno para ver, compreender, conhecer e vencer.
E, em seguida, calar, porque nunca se deve falar do Inferno àqueles que não estão preparados para isso.

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Nunca esqueçais, então, que a verdade tem sempre duas faces: a pura e a impura, a luminosa e a tenebrosa, o bem e o mal...
E o verdadeiro saber deve conter as duas.
Evidentemente, se alguém é fraco e ignorante, é melhor que não vá explorar o Inferno, eu não vos aconselho a tentá-lo.



Explico-vos apenas que os grandes Iniciados têm sido os únicos capazes de enfrentá-lo, porque possuíam o saber completo.

OMRAAM MIKHAËL AÏVANHOV - 23.05.2014


Uma vida social harmoniosa tem de estar baseada em trocas justas; e as trocas justas resumem-se em duas palavras: apropriar-se e dar.
Só se tem o direito de se apropriar de alguma coisa se se for capaz de dar em troca.
No plano material, a questão é clara para toda a gente, cada um sabe o que são trocas justas.
Mas isso não é suficiente, pois a lei da troca aplica-se a todos os domínios da existência.
Alguém diz: "Eu sou honesto, pago os meus impostos, entrego o salário aos meus empregados, sustento a minha família, não engano a minha mulher, ajudo os meus pais, que já são idosos...".
De acordo, mas será isso suficiente?
Como é que essa pessoa se comporta, na realidade, em relação aos seus pais, à sua mulher, aos seus filhos?
Como é que ela corresponde ao seu afecto?
Por que razão o sentem eles, por vezes, como um estranho ou um tirano?
É muito mais fácil ser honesto e justo no plano material do que no plano psíquico.
Vê-se mesmo certas pessoas evidenciarem toda a espécie de sinais exteriores da sua honestidade para melhor esconderem a sua desonestidade nas relações intelectuais e afectivas.
Elas conseguem enganar os outros (e, mesmo assim, nem sempre), mas não enganam a Justiça divina, pois ela tem concepções diferentes da justiça humana em relação àquilo a que se deve chamar "apropriar-se" e "dar".


Publicada por Maria Rodrigues em Pensamento Quotidiano

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