postado por Fátima dos Anjos
Existe uma fórmula para curar a mente que ainda não foi compreendida nem
pelo ocidente e nem pelo oriente. Aqui, no ocidente, as técnicas terapêuticas
pregam a analise de todo o passado. A pessoa é estimulada a passar toda a sua
vida numa peneira. Ela precisa analisar todo o seu passado, de cabo a rabo, até
eliminar toda memória causadora do sofrimento, e esse não é o caminho. Analisar
e compreender as causas tem lá a sua valia, mas não basta, até porque o passado
é um buraco sem fundo e a pessoa precisaria de muitas vidas para resolver todos
os problemas de uma única só vida; e enquanto fizesse isto outros novos
problemas surgiriam e precisariam ser resolvidos em outras vidas adiantes. Isso
é impossível de ser feito. Fazer isso é o mesmo que tentar secar uma geleira.
Não dá para mudar o passado. O passado não é mais algo em potencial e
nem relativo, ele é um fato. O que aconteceu não pode ser mudado e, na melhor
das hipóteses, só poderá ser entendido, mudando a sua percepção sobre ele e
fazendo com que você consiga substituir a palavra sofrimento por aprendizado,
não sendo isto ainda suficiente, pois em seu subconsciente ainda ficaria a
mensagem de que aprendizados são difíceis, logo, sofríveis. E se algo é
sofrível você tende a não querer fazer, ocasionando o bloqueio de qualquer
outra oportunidade de aprender, seja lá o que for. Analisar significa entrar no
problema, e para entrar nele você está dando energia para essa tal coisa, ou
seja, alimentando aquilo que você não quer mais que viva. Portanto, você mesmo
estará dando comida para o lobo mal do qual sente tanto medo. Entenda bem,
compreender as causas dos seus problemas é importante. É impossível transcender
algo que você não sabe o que é. Mas, tentar mudar o passado, ou fazer de conta
que ele não foi tão ruim quanto você pensa é ilusão, é mentira. E na mentira
nada se resolve.
É bem provável que a sua raiva atual esteja relacionada com algo que
aconteceu em seu passado. A raiva tem que nascer em algum momento, e isso
representa algo que já passou. Mas e daí? O que importa onde ela nasceu? E se
essa raiva veio de outra vida? E se essa raiva veio de uma vida bem distante?
Quantas regressões terão que ser feitas para se chegar até a causa principal
dela?
Percebe o tamanho do buraco que você estará entrando?
Mais importante do que saber o "onde" algo surgiu, é aprender
"como" lidar com ele. Isto é, estar consciente do que acontece com
você e praticar o testemunho disto. Quando você é uma testemunha das energias
que estão dentro de você, automaticamente estará consciente de cada uma delas,
e não existe espaço para a consciência e para a raiva ocuparem simultaneamente.
Só existe espaço para uma delas. Se você está consciente a raiva não pode estar
presente. Se a raiva está presente você não está consciente. Onde tem
consciência só existe consciencia. Consciência é luz, e na luz não existe
escuridão. Nenhuma escuridão pode existir onde a luz está presente. A luz
ilumina tudo, e o que está claro não pode ser ameaçador.
Torne-se consciente da sua raiva e ela irá embora. Torne-se consciente
do seu medo e ele irá embora. Onde a consciência está presente nada pode
existir que não seja ela mesma. Você só tropeça no escuro. No claro você não
tropeça. A raiva, o ciúme, a insegurança e a avareza são peças jogadas num
quarto. Se o quarto está no escuro você tropeça nelas, mas, se a luz está
acesa, não.
Portanto, o caminho para a cura mental é a compreensão do que aconteceu
e dos impactos disto em sua vida, mas, principalmente, da observação sem
julgamento de tudo o que você sente. Ou seja, sendo uma testemunha de si mesmo,
sendo aquele que está no alto de uma montanha observando tudo o que acontece
nela, mas sem interferir na natureza que as acompanha.
E como estar consciente a partir da observação?
O passado é um peso morto. Ele é um fardo que você carrega junto de si,
para cima e para baixo, como se fosse uma sombra.
É necessário que se encerre os ciclos vividos. Se você terminou um
relacionamento, não traga mais ele para o seu momento presente. Se você brigou
com alguém, ou se foi injustiçado, não traga essa briga ou a sensação de ser
uma vítima para o seu agora. Toda vez que você se lembra da agressão que possa
ter sofrido no passado, ao acessar essa memória, é você mesmo que está se
agredindo, e não mais aquele que o agrediu. Não importa o que tenha acontecido
ontem, ano passado, ou há dez anos atrás. Isso não é mais real e deve ficar lá
trás, e não aqui. Não importa se o passado é bom ou ruim. Você teve ótimas e
péssimas experiências, mas nenhuma delas existem mais, elas são mortas e devem
ser liberadas. Você deve se desapegar de toda essa bagagem velha, pesada e
inútil.
Trazer o passado para a sua vida é assassinar o momento presente, pois o
passado é morto e nada que esteja morto pode tocar a vida. A vida existe, ela
está acontecendo agora, mas ao trazer as suas memórias passadas para ela, você
a transformou nesse mesmo passado. Você a matou. Você tirou a vida dela e
perdeu mais uma oportunidade de experimentar essa vida.
Você fez muitas viagens deste que chegou aqui, neste planeta, nessa
vida. A sua roupa está cheia de pó. Ela está suja, muito suja. Não é mais
possível distinguir a roupa da sujeira, aparentemente elas são uma coisa só. A
roupa é a mente. A poeira são as memórias. E não adianta mais tentar lavar essa
roupa. Quando alguma coisa está encardida não adianta lavá-la, não adianta
colocar uma série de produtos químicos para limpá-la, pois pode até ser que as
manchas saiam, mas outras serão deixadas por causa dos produtos que foram
usados para limpá-la e, por isso, continuarão sujas. Portanto não as lave,
arranque essas roupas e jogue-as fora, simplesmente. Saiba que por trás dessas
roupas existe algo. Talvez você tenha esquecido porque está muito acostumado a
usar roupas. Você está identificado com essas roupas sujas e acha que elas são
parte do seu ser, mas não são. Por trás das roupas existe você, e, mesmo que
você se confunda com elas, elas nunca poderão ser você. O que você é não pode
ser mudado por nada que o encubra.
Saiba que, para se abrir ao novo, é necessário que antes você abandone o
velho. É necessário soltar as memórias, todas elas. Você vive julgando e
rotulando tudo o que vê porque traz as memórias do passado, isto é, aquilo que
você viveu e classificou naquela ocasião para o seu momento presente. Ou seja,
traz as suas percepções para tudo aquilo que se apresenta em sua vida e, por
isso, acaba deixando de ver o real para que, a partir da limitação criada pela
sua crença, projete todas as suas memórias naquilo que presencia ou vive no momento
atual, reproduzindo todas as mesmas situações desgastantes do passado e, muitas
vezes, sem se dar conta disto. Se você teve um relacionamento difícil, tende a
projetar esse mesmo relacionamento frustrante do passado em seu presente. Se
você teve um chefe ordinário, tende a reproduzir essa mesma realidade em seu
novo emprego. Não adianta mudar o cenário nem os personagens, você sempre vai
atrair para a sua vida o que acredita ser real. A vida não acontece de acordo
com o que você quer, ela acontece de acordo com aquilo que você é. A sua vida é
o que você acredita ser. Você atrai para a sua realidade tudo que ressoa com
seu campo vibratório. Portanto, não adianta querer fugir das experiências
passadas negando-as e chamando-as de ruins, pois, enquanto a memórias estiverem
ativas e com uma crença equivocada sobre determinado assunto, tudo se repetira,
até que você resolva curar e liberar.
A mente só identifica o que ela conhece, e o que ela conhece é aquilo
que você viveu, seja essa experiência positiva ou negativa, portanto, a sua
mente sempre irá buscar novas experiências que sejam similares as do passado.
Esse é o papel da mente, e isso só muda quando você libera tais memórias
entendendo que elas são apenas "memórias" e que, portanto, devem ser
neutras.
O ser humano se tornou uma máquina de reproduzir o passado para o
presente. Você se tornou incapaz de enxergar a realidade que simplesmente é. E,
enquanto isso acontecer, a vida e o encanto virgem que caminha com ela não se
mostrará a você.
Viver o momento presente é mais do que se fixar no agora e tentar não
pensar. Ele é, antes de qualquer outra coisa, a alteração da sua percepção
sobre o tempo.
Viver o agora é permitir que novas experiências entrem em sua vida sem
distorcê-las de acordo com a sua percepção; é estar aberto para conhecer o
novo, assim como uma criança o faz, tendo a oportunidade de voltar a se
encantar com a simples, porém, bela e graciosa vida que se apresenta a cada
instante diante de você.
Diogo Beltrame
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