terça-feira, 10 de março de 2015

Rainha e Guerreira Celta Boadicea, uma encarnação da Mestra Pórtia!

Encarnação da Mestra Pórtia

Recentemente, eu fiz um post sobre a Mestra Pórtia, onde contei que em uma de suas encarnações ela foi a Rainha e Guerreira Celta: Boadicea.

A história de Boadicea vem para o Blog Anima Mundhy, na série “Mulheres Pioneiras”, pois sua força e ações foram desbravadoras, numa época e num antigo sistema social onde a mulher não era respeitada e/ou muito menos tinha liberdade.

Suas ações inovadoras perpetuaram até os dias de hoje, imortalizada em estátuas, filmes, livros e músicas (Enya - ver final do post), citada em lendas e folclore britânicos como uma poderosa figura feminina que, apesar de ter vivido apenas até os 31 anos, conseguiu o que nenhum outro homem – ou mulher – havia conseguido até então: desafiar e vencer por diversas vezes o exército romano.



Celtas, Druidas e a Rainha Boadicea

Est[atua de Boadicea. Westminster Bridge, London
Est[atua de Boadicea. Westminster Bridge, London

Boadicea (também chamada de Boudicea ou Boudicca) nasceu por volta de 30 d.C., numa tribo celta: Iceni, localizada entre as atuais regiões da Inglaterra e Escócia.
Neste período, a região era um reduto Celta, com diversas tribos espalhadas em todo o território, sendo os seus sacerdotes chamados de Druidas – que cultuavam não apenas os Deuses, como também as Deusas, e em seus ritos e celebrações valorizavam e respeitavam as forças da natureza.

Muitos historiadores acreditam que o seu nome verdadeiro teria sido Budiga, dado a ela em homenagem à antiga Deusa Celta da Vitória. Em galês, “budd” significa “Vitória”.

Estudiosos da antiga cultura celta levantam a hipótese de que, muito provavelmente, Boadicea estivesse atuando não apenas como líder tribal (Rainha), mas também como líder espiritual, uma Druida em defesa da cultura e da religião do seu povo.

Esta hipótese tem como justificativa o fato de que, além da invasão romana ter ocasionado diversos problemas para as tribos Celtas, o início do levante de Boadicea contra os romanos foi impulsionado também por uma invasão e total devastação do Templo da Deusa Andrasta – a Invencível, que curiosamente é a Deusa Guerreira da Vitória, nos Céus, na Terra e nas Batalhas, fato este pouco citado entre os historiadores.

Há os que contam que Boudicca libertava uma lebre num rito à Deusa Andraste, antes de iniciar cada batalha, invocando a Sua ajuda e proteção.



As mulheres Celtas

As mulheres Celtas eram consideradas como semelhantes aos homens, não apenas em estatura, como também tinham os mesmos direitos, eram respeitadas por sua similaridade ás Deusas.

Diz-se que “as mulheres Celtas possuíam a mesma coragem de um homem, eram treinadas em técnicas de guerra e ensinadas a buscar justiça por suas próprias mãos”, dando a elas uma peculiar característica de força – física, emocional e mental – não muito comuns às mulheres da época.



A beleza e força de Boadicea

boadicea-mestra-portia-6Boadicea impressionava muito aqueles que a conheciam. Seu porte físico foi detalhado por escritores e historiadores da sua época.

Contam-se que Boadicea “era uma mulher selvagem e ardente, com o cabelo tão brilhante como o fogo e sua pele muito pálida. Usava roupas selvagens, de tons multicoloridos. Carregava uma lança comprida para assustar todos que olhassem para ela.”

O escritor Cassius Dio escreveu: “Ela era muito alta. Seus olhos pareciam apunhalá-lo. Sua voz era dura e áspera. Seu cabelo grosso, marrom-avermelhado, pendia abaixo da cintura. Ela sempre usava um grande colar de ouro em volta do pescoço e um casaco tartan fechado com um broche.“.

** tartan: tecido com padrão quadriculado de estampas, composto de linhas diferentes e cores variadas, tal como indumentária típica escocesa.



A história de Boadicea

boadicea-Mestra-portiaPor volta dos 18 anos, Boadicea casou-se com Prasutagus, que pertencia à “família real” de Iceni – posteriormente tornou-se o rei da tribo, com quem ela teve duas filhas.

Quando o Império Romano invadiu a Gália e a Grã-Bretanha, colonizou também “as terras selvagens”, fazendo acordos com seus respectivos reis, mantendo-os no poder e garantindo a segurança militar em troca de obediência ao Imperador, às leis romanas e do reconhecimento de Roma como seus “benfeitores”, tornando “vassalos de Roma” o povoado inteiro, num sistema de cruel escravidão.

Prasutagus morreu em 60 d.C., deixando Boadicea como Regente. O procurador romano Decianus Catus recusou-se a transferir o poder à Boadicea e suas filhas. O acordo de “convivência pacífica” foi rompido e os soldados romanos pilharam Iceni, mataram os nobres, roubaram seus bens e, inclusive, torturaram e açoitaram a recém “empossada” Rainha Boadicea e suas filhas.

E a este fato, soma-se a destruição – pelo exército romano – de objetos religiosos e invasão dos lugares sagrados da tribo Iceni, incluindo o Templo da Deusa Andrasta, como já escrevi acima.

Enfurecida, Boadicea reúne aproximadamente 100.000 guerreiros das mais diversas tribos Celtas e organiza um levante contra o domínio romano, fato este nunca ter acontecido antes, na Grã-Bretanha dominada. Isso por si só já seria a novidade deste período: alguém havia ousado montar um exército para enfrentar o domínio romano.

O que se diria um levante inédito como esse, ainda mais liderado por uma mulher?!

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Boudica – City Hall – Cardiff, Wales.

Sob o seu comando, o Iceni capturou importantes cidades: Camulodunum, Londinium e Verulamium, e afugentou o exército romano várias vezes, na época, considerado o mais poderoso e melhor equipado do mundo, com aproximadamente 70.000 homens.

Sem as estratégias romanas, os guerreiros de Boadicea foram conduzidos por sua bravura e estimulados a lutar com “garra” (talvez até mesmo literalmente), usando a si mesmos como instrumentos de guerra contra o forte armamento romano. Suas batalhas contra o exército romano ficaram na história.

Os romanos só conseguiram vencer os destemidos guerreiros e guerreiras Celtas após muitas batalhas, sendo a batalha de Watling Street a última, onde os romanos venceram – segundo historiadores – apenas devido estratégias diferentes adotadas pelos comandantes das tropas.

E assim termina o movimento contrário a Roma, mas deixando aos povos colonizados a mensagem de união, força, liberdade e justiça diante do cruel domínio romano.



Morte de Boadicea

boadicea-mestra-portia-5Há controvérsias a respeito da morte de Boadicea, datada aproximadamente entre 60 – 61 d.C.

A tradição diz que ela sobreviveu à batalha final, retornando à sua casa e, junto com suas filhas, envenenou-se.

Nesta versão da história, Boadicea preferiu a morte, prevendo que ela e suas filhas seriam capturadas, que jamais teriam clemencia por parte do Imperador e seriam ainda mais barbarizadas, até serem finalmente executadas.

Outra versão da história diz que a Rainha Celta Boadicea teria sido capturada, presa e executada após a última batalha.

Porém – segundo historiadores – essa versão pode ter sido simulada pelos romanos, a fim de demonstrarem seu poderio sobre o levante de Boadicea.



O discurso de Boadicea

Tácito, historiador romano mais importante do período, registrou o discurso de Boadicea, antes da sua primeira batalha:

boadicea-mestra-portia.-7“Para o orgulho e arrogância dos romanos nada é sagrado; tudo é sujeito à violação; os velhos suportam o açoite e as virgens são defloradas. Mas os Deuses vingadores estão agora à mão. Uma legião romana atreveu-se a encarar os bretões guerreiros: com suas vidas eles pagaram por sua impetuosidade; aqueles que sobreviveram à matança daquele dia, adoeceram escondidos atrás de suas trincheiras, meditando em nada além de como se salvarem em vergonhosa fuga.

Da zoeira da preparação e dos gritos do exército bretão, os romanos, mesmo agora, encolhem-se aterrorizados. Qual será o caso deles quando o ataque começar? Olhem ao seu redor e vejam seu contingente. Contemplem o magnífico espetáculo dos espíritos da guerra e levem em consideração as razões pelas quais nós erguemos a espada da vingança. Neste local nós devemos também conquistar, ou morrer com glória. Não há alternativa. Embora uma mulher, meu propósito está fixo; os homens, se agradá-los, poderão sobreviver com infâmia ou viver em escravidão.”

Eu sou a filha de homens poderosos. Mas eu não estou lutando pelo meu poder real agora. Eu estou lutando como uma pessoa comum que perdeu sua liberdade. Estou lutando por meu corpo machucado. Os Deuses nos concederão a justiça que merecemos. Pense em quantos de nós estão lutando e por quê. Então vamos vencer esta batalha ou morrer. Isso é o que eu, uma mulher, planeja fazer. Deixe que os homens vivam como escravos, se quiserem. Escrava, eu não vou ser.”



Justiça e Liberdade: palavras dignas de uma futura Mestra Pórtia

Belas palavras, dignas de uma alma que futuramente iria ascensionar como Mestra Pórtia, “que aprimorou e elevou os desejos e ações de vinganças por ideais de Justiça, compreendendo que acima da Justiça dos homens está a Justiça Divina orientando cada ação na Terra”. (Palavras de Pórtia, ditada a mim enquanto escrevo este texto.)



boadicea-mestra-portia-8E continua Mestra Pórtia a me ditar:

“O que fiz encarnada nessa personalidade, fiz por amor, não apenas a mim mesma ou aos meus conterrâneos, mas por amor à liberdade humana e pelo direito do livre culto religioso. E minhas ações bélicas foram necessárias, pois neste tempo a espada era a nossa voz. Sou grata por esta experiência, pois fez parte da minha própria evolução. A Terra se transformou e espadas não são mais necessárias. As energias atuais permitem que cada Ser Humano realize suas Missões a partir de ações mais delicadas, com menor grau de dor e sofrimento. Eram tempos difíceis aqueles, tanta rudeza e desrespeito à vida, mas eles foram transmutados para vocês e especialmente para vocês.

Que possam usufruir da leveza do momento. Que possam seguir em frente, rumo a degraus de superiores, até que eliminem por completo toda a injustiça inferida na Humanidade. Que possam honrar-me através do respeito à todas as crenças, a todos os povos e suas diferentes escolhas. Que a Justiça e a Liberdade se manifestem na crença da igualdade entre todos os povos.”.



Boadicea por Enya: Belíssima!



Mulheres Pioneiras no Blog Anima Mundhy
Honrando o Sagrado Feminino na Terra!
Tania Resende

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