Publicado por Fatima dos Anjos em 3 abril 2017 às 13:35 em ECOLOGIA INTERIOR
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Para muitos, uma questão de autoridade. Para outros, uma questão de amizade. Os conflitos na relação entre pais e filhos ultrapassam gerações e são, desde sempre, motivo de debates e reflexões entre pessoas de todas as idades. A convivência entre o adulto e a criança traz à tona uma série de questionamentos que buscam solucionar os problemas enfrentados na hora de educar, impor limites e ao mesmo tempo, transformar tudo isso em uma relação de confiança e cumplicidade.
A maioria dos conflitos tem origem na dificuldade de comunicação dentro de casa. Filhos acham que pais só querem proibir. Já os pais acham que os filhos só querem permissão. É o que explica a psicóloga clínica cognitivo-comportamental, Natália Cunha, do Centro de Psicologia Aplicada (CPA). Para ela, esse ruído na comunicação “se traduz tanto pela dificuldade dos pais em afirmar autoridade em certas ocasiões, quanto dos filhos em manifestar aquilo que sentem falta e esperam receber”. O resultado é um processo de cobranças e acusações que esconde o verdadeiro desejo de ambos: sentir-se amado pelo outro.
Na tentativa de demonstrar esse desejo, crianças mostram-se inquietas, desatentas e, muitas vezes, agressivas. Em adolescentes, a marca é a rebeldia. “Eles reclamam da impossibilidade de um diálogo satisfatório, pois os pais fazem sempre a própria interpretação sobre o assunto”, revela Natália. A psicóloga acredita que cada fase tem suas peculiaridades e deve ser enfrentada da forma mais saudável possível. “Cada etapa tem suas dificuldades e conquistas, pois ocorrem em momentos diferentes. Isto dentro de uma relação entre pais e filhos é complicado, pois há sempre um novo desafio para ambos enfrentarem”.
Além desses desafios da idade, os pais se deparam com outra questão delicada: o tempo. A rotina de trabalho cheia de compromissos é, muitas vezes, um fator decisivo na relação familiar. “Essa distância não permite uma maior intimidade. E essa intimidade é necessária para que os pais conheçam seus filhos, participem de suas vidas e saibam como e o que falar com eles”, garante Natália. Para driblar o problema, é importante que o tempo destinado aos filhos seja usado de forma satisfatória e eficiente, priorizando a qualidade dos momentos juntos. “Além disso, é essencial que os pais tenham a consciência de não suprir essa ausência com presentes e permissividade”.
Outro fator de influência nessa relação é a presença de aparelhos eletrônicos e tecnológicos no dia a dia dos pequenos. Dependendo da estrutura familiar, televisão, videogame, celular e computador podem fazer surgir verdadeiros abismos na família, se não forem usados com limites. “Se todos assistirem TV ou usarem o computador no mesmo ambiente, é possível aproveitar essas tecnologias para enriquecer as conversas e criar momentos agradáveis, prazerosos e de aproximação”, afirma a psicóloga.
Um desafio diário
Para manter, constantemente, uma boa relação com os filhos é preciso paciência e muito jogo de cintura. O equilíbrio entre a amizade e autoridade é um dos desafios que os pais devem buscar todos os dias. “É preciso cuidado para não confundir autoridade com autoritarismo. A relação deve basear-se no afeto emocional também, favorecendo o elogio e evitando críticas constantes”, aconselha Natália.
É dessa maneira que Miriam Brandão, gerente de bolsas da PROPG, acompanha o crescimento de seus três filhos, de doze, nove e sete anos de idade. Ela acredita que é preciso deixar claro que o respeito deve estar sempre presente. “Somos amigos, mas eles não podem deixar de ver a gente como pai e mãe também. Tem que haver equilíbrio mesmo”.
Para Miriam, a maior dificuldade é impor limites e deixar as regras claras. “Por isso, dar o exemplo é fundamental. O que a gente prega, tem que fazer. Acredito que o exemplo de pai e mãe fala mais alto sempre”, diz a gerente, que trabalha na UFJF há 15 anos e não esconde a satisfação em ser mãe. “A melhor coisa é ver eles crescerem, acompanhar tudo de perto. Vale a pena”.
Já Maria Lúcia Mendes, auxiliar de Biblioteca da UFJF há seis anos, é mãe de uma moça de 25. Ela recorda que a maior dificuldade do relacionamento das duas foram as amizades. “A criança se deixa influenciar muito e as amizades, às vezes, atrapalham. Com adulto isso já acontece, imagine com criança”.
Maria Lúcia defende que a educação deve ser rigorosa. “A criança tem que ser cobrada e acompanhada. É preciso colocar limites e dar o exemplo”. E lidar com isso sem deixar de lado o companheirismo é o ideal. “Hoje, tenho uma pessoa que sei que é realmente minha amiga. É a melhor coisa”, completa.
O companheirismo é, também, a base da relação de Roberto José de Andrade Filho, garçom do gabinete da reitoria, com seus filhos. Pai de uma menina, de 20 anos, e de dois meninos, de 16 e 22 anos, Roberto preza, em primeiro lugar, pela paz dentro de casa, já que cuida sozinho da educação dos três. “É importante o respeito entre eles, o respeito pelo espaço do outro. A convivência tem que ser pacífica”, explica.
Para ele, o papel do pai não é proibir, mas, sim, mostrar as conseqüências das atitudes. “Eu ensino o que é certo e o que é errado, eu passo a moral para eles, mas nunca coloco rédeas. Não proíbo nada, mas gosto de estar por dentro de tudo”.
Roberto acredita que o exemplo do pai é essencial para a formação dos filhos e para que eles não se deixem influenciar pelas más companhias. O segredo, para ele, é aconselhar, sem apavorar. “Não é preciso pôr medo, é preciso mostrar os perigos e deixar eles viverem. Até hoje, deu certo”, aconselha.
http://www.ufjf.br/secom/2009/09/30/psicologa-revela-quais-sao-os-c...
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