by José Batista de Carvalho
universe natural
Não existe ninguém nesse planeta que já não se perguntou pelo menos uma vez na vida: Quem sou eu? Já perguntei várias vezes desde que tinha sete anos. Lembro-me de pensar nisso muitas noites em meu quarto. E lembro-me de deitar na varanda do segundo andar do lado de fora daquele quarto, contemplando as estrelas, imaginando o meu lugar no Todo.
Sentia-me tão pequeno. Até mesmo agora eu me sinto pequeno quando observe o cosmos. Quem não se sente? Posso sentir-me pequeno, mas não me sinto separado. Não me sinto separado como me sentia então.
Muitas coisas mudaram desde o tempo de meu fervoroso interrogatório. Não faço mais esse tipo de perguntas. Hoje, eu pergunto outras coisas. Como posso passar para os outros o que me foi passado? O que é necessário para todos nós experimentarmos o Fim da Separação? Qual o meu papel em tornar isso realidade?
Minhas perguntas sobre a vida terminaram quando minhas conversas com Deus começaram. Agora tudo o que quero saber é como compartilhar com os outros as respostas que recebi de um jeito que eles possam entendê-las. Gostaria de mudar as ideias do mundo sobre a Vida, e sobre quem somos. E gostaria de mudar as ideias do mundo sobre Deus.
Que mudança na minha realidade! Até poucos anos atrás eu não pensaria em tal coisa. Agora mal posso parar de pensar nisso! Creio que seja assim quando um tesouro enorme lhe é dado.
O problema é que eu vejo sofrimento por todo lado, e sei que quase nada é necessário. Na realidade, nada disso é necessário, mas eu entendo que eu e outros teríamos que alcançar um nível altamente extraordinário de consciência para experimentar isso. Porém, não temos que alcançar tal nível para chegar ao ponto na qual a maioria dos sofrimentos da vida se tornem coisa do passado. Esse estado de ser está dentro do nosso alcance. Apenas temos que nos conectar com Quem Realmente Somos.
Então a pergunta Quem sou eu é útil. Como você responde a pergunta determinará como você vive o resto da sua vida. Determinará a qualidade da sua vida.
Aqui está a resposta que eu encontrei: não sou quem eu pensei que era. Não sou meu corpo. Meu corpo é meu, não eu. O “eu” que eu sou vive em meu corpo e usa meu corpo como ferramenta. O “eu” que eu sou não vive nem mesmo no meu corpo, mas cerca meu corpo, envolvendo-o.
Isso permite que o Eu Que Eu Sou enxergue com “olhos sem olhos” para meu próprio corpo, meu próprio ser, e comece a se separar da experiência. Ou, para ser mais exato, para ter a experiência, mas para ter uma experiência diferente da experiência.
Isso é o que chamo de experiência Criativa, ao invés de Reativa. Na verdade, posso me separar da experiência reativa do meu próprio corpo tão facilmente quanto sou capaz de me separar da experiência reativa do seu corpo. Na realidade, não estou lá ainda, mas alguns dias e momentos eu sinto que estou perto.
Quando seu corpo reage a algo – dor, tristeza – meu corpo não pode ter a mesma experiência reativa. Posso imaginar a experiência que você está tendo e posso criar algo no meu corpo que seja parecido, mas não posso ter a mesma experiência reativa que você tem. Você pode me contar tudo sobre como você está sofrendo com uma dor de cabeça e eu não posso sofrê-la. Você pode descrever em detalhes toda tristeza que sente e eu não posso senti-la. Posso sentir minha própria tristeza pela tristeza que você está sentindo, mas não posso sentir a sua.
Você também não precisa sentir a sua. Nem precisa sofrer. Esse é a percepção extraordinária que eu tive quando soube quem eu era. A verdade é que as respostas de meu corpo ao acontecimento que está experimentando são reativas porque eu permito que sejam. Às vezes quando eu permaneço consciente, e “assisto” meu corpo reagir de certas maneiras a certas circunstâncias ou acontecimentos, eu interfiro e literalmente mudo de ideia sobre como eu quero experimentar aquilo. Naquele momento eu me torno o criador ao invés daquele que reage. Naquele momento eu me torno Quem Eu Realmente Sou.
Quem é esse que está mudando minhas ideias? Essa é a pergunta que todo ser pensante deve fazer. Eu pensei que eu estava na minha mente. Agora, aqui estou eu, mudando isso. Quem é o “Eu” que está mudando a experiência do “Eu” que eu estou experimentando?
Fazer essa pergunta nos aproxima da Pergunta Principal e da Resposta Principal.
Você é o Vigilante Silencioso. Você é o Observador Inabalável. Você é Aquele Que Fez Você Do Jeito Que Você É – e Aquele que continuará fazer você do jeito que você é cada momento da sua vida – tanto no seu corpo atual e além.
Você é VOCÊ, e seu corpo não é VOCÊ. Nem é a sua mente, porque é VOCÊ quem está mudando de ideia. Então esse VOCÊ que você é existe fora de “você”. Existe fora do seu corpo e existe fora da sua mente. O Você Que Você É, é pura consciência. É um estado de ser cônscio. Você é totalmente ciente.
Isso é o que você pode aprender disso tudo. O verdadeiro VOCÊ está fora de si!
Quem Você É pode não ser quem você pensava que era. E Quem Você É é separado de nada.
Neale Donald Walsch
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