quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Natal - Tempo de servir mais

Aproximando-se o Natal,
é compreensível que te movimentes
mais intensamente no auxílio ao próximo.
Por isso mesmo, não te envergonhas
de bater à porta dos mais afortunados,
nem te poupas horas de trabalho estafante.
Reúnes brinquedos e alimentos, roupas e calçados,
organizando campanhas e festividades,
com que almejas tornar menos infeliz o Natal
dos que se encontram segregados
em provações dolorosas.
Nesse clima de júbilo envolvente, antevendo a alegria
dos que vão te receber, das mãos, os dons da bondade,
recordas como, em tua vida, a beneficência consumiu-te
a dedicação e esforço, trabalho e sacrifício.
Preparaste sopa aos famintos.
Ofereceste o enxoval aos recém-nascidos em penúria.
Agasalhaste os desnudos no inverno.
Ofertaste o pão e aviaste receitas médicas.
E, mergulhando, ainda mais,
no oceano de tuas lembranças,
recordas igualmente teu esforço na caridade moral,
violentando-te até às lágrimas
para amar o próximo com aceitação.
Perdoaste.
Esqueceste.
Compreendeste.
Silenciaste.
Pacificaste.
Encorajaste.
Reergueste.
 Entretanto, o Código Divino é explícito:
Ama o próximo como a ti mesmo.
É louvável que cultives o amor ao próximo;
contudo, aproveita o clima de paz que te envolve
para refletir em quanto amor
pudeste dedicar a ti mesmo.
Perdoaste a ofensa do próximo; no entanto,
pensa se conseguiste te perdoar, quando a ofensa
se te escapou dos lábios, no momento aflitivo.
Esqueceste o gesto impensado do amigo;
todavia, cogita se tiveste entendimento
para esquecer tuas próprias atitudes agressivas,
quando descobriste que, como o próximo,
também podes ferir.
Compreendeste o companheiro em dificuldade emocional,
quando te atingiu com a palavra ríspida;
entretanto, pondera se usaste a compreensão
em favor de ti mesmo,
quando os conflitos secretos de tua alma
te impulsionaram a falar com o verbo contundente.
Silenciaste, por amor, diante do erro do próximo;
contudo recorda se, quando erraste,
soubeste silenciar o clamor de teus remorsos,
entendendo que, embora sejas discípulo de Cristo,
não estás isento de erros.
Pacificaste a consciência atormentada de alguém
que se acreditava no abismo; todavia, medita se aceitaste
o benefício da paz em ti mesmo, quando te enxergaste
em débito com tua consciência, compreendendo que
tuas tarefas de amor não te elevaram,
automaticamente, à angelitude.
Encorajaste o próximo em desespero;
entretanto, considera se te utilizaste da coragem,
quando os obstáculos te desafiaram.
Reergueste, com a esperança, o necessitado de apoio;
no entanto, rememora se movimentaste em favor de ti
a alavanca da esperança, quando tudo te parecia perdido,
entendendo que, como o próximo,
também podes cair no minuto de fraqueza.
Compreende tuas necessidades e imperfeições,
tanto quanto compreendes as imperfeições
e necessidades do próximo.
Aceita-te como és, valorizando o esforço
de transformação íntima, segundo o Evangelho,
sem violentar as limitações que ainda te caracterizam
o estágio evolutivo, para que não te sintas
na obrigação de ser perfeito para amar e trabalhar
na seara do bem, reconhecendo que somente o tempo,
em sucessivas reencarnações, dar-te-á a perfeição
que agora, inutilmente, exiges de ti.
Não transformes o exercício da caridade
em fuga de tuas angústias, mas ao contrário,
aceita e compreende teus problemas íntimos,
a fim de que tua caridade seja espontânea e pura.
Jesus abençoa, sim, teu carinho aos semelhantes.
Contudo, - neste Natal - Ele te pergunta
se tens amado a ti mesmo, como amas teu próximo.

Antônio Baduy Filho / André Luiz (espírito)

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