Para se conhecer a Existência, todas atitudes fixas devem ser abandonadas.
Seus olhos devem ser janelas, não projetores.
Seus ouvidos devem ser apenas portas, não projetores.
Hoje
em dia ninguém ouve ninguém. Você ouve o que espera ouvir. A
expectativa funciona como um par de óculos. Seus olhos deveriam ser
janelas – esta é a técnica.
Nada
deve sair de seus olhos, porque se algo sai, uma nuvem é criada. Então
você vê coisas que não existem e sofre sutil alucinação. Faça com que em
seus olhos e ouvidos haja pura claridade.
Todos os seus sentidos deveriam estar claros, sua percepção pura – só então a Existência poderia ser-lhe revelada.
Quando conhecer a Existência, saberá que você é um Buda, um deus, porque na Existência tudo é divino.
Contemple
primeiro o céu. Deite-se no chão e fique apenas olhando para o céu. Só
uma coisa deve ser tentada: não olhe para nada. No início você cairá
muitas e muitas vezes, esquecerá muitas e muitas vezes; você não poderá
se lembrar continuamente, mas não se sinta frustrado; isso é natural,
sendo o hábito tão antigo como o é. A cada vez que se tornar a lembrar,
retire seus olhos do foco, faça com que fiquem soltos e olhe apenas o
céu – sem fazer nada, olhando apenas.
Depressa chegará o momento em que você poderá olhar o céu, sem tentar ver alguma coisa ali.
Nesse momento tente isso com o céu interior.
Feche
os olhos, então, e olhe para o interior, sem procurar coisa alguma, com
o mesmo olhar ausente. Os pensamentos flutuam, mas você não procura por
eles, nem olha para eles – está simplesmente olhando.
Se
vierem, será bom, se não vierem, também será bom. E daí, será capaz de
ver as brechas: um pensamento passa, passa também um outro – e a brecha.
Então aos poucos, poderá ver o pensamento tornar-se transparente; mesmo
quando o pensamento estiver passando você continuará a ver a brecha,
você continuará a ver o céu escondido atrás das nuvens.
E
quanto mais se tornar sincronizado com essa visão, mais pensamentos
irão tombando, aos poucos diminuindo, e diminuindo, diminuindo. As
brechas se tornarão mais largas: durante alguns minutos não haverá
pensamentos; tudo se fará silencioso e quieto, interiormente- estão
juntos o céu exterior e o céu interior, unidos pela primeira vez.
Tudo
parecerá absolutamente beatífico, não haverá perturbação. E se essa
maneira de ver se tornar natural em você – e tornar-se é uma das coisas
mais naturais, basta desfocar, descondicionar.
O
estado de Buda significa o mais alto despertar. Quando não há
distinções, quando todas as divisões se perderam, atinge-se a unidade e
só o um permanece. Não, você não diz que o um permanece, mas que o dois
desapareceu, que os muitos desapareceram. Agora o que existe é uma
vasta unidade; já não há fronteira para nada.
…uma
árvore fundindo-se em outra árvore, a terra fundindo-se nas árvores, ás
árvores fundindo-se no céu, o céu fundindo-se no além…
Você fundindo-se em mim, eu em você… Tudo fundindo-se…as distinções
perdidas, desfazendo-se imergindo, como ondas, em outras ondas…uma vasta
unidade vibrando, viva, sem fronteiras, sem definição, sem distinções…o
sábio fundindo-se no pecador, o pecador fundindo-se no sábio…o bom
tornando-se mau, o mau tornando-se bom…a noite fazendo-se dia e o dia
fazendo-se noite…a vida desfazendo-se na morte, e a morte novamente
modelando a vida…Então tudo se tornou um….
Só
nesse momento é que o estado de Buda é obtido: quando nada há de bom,
nada há de mau, nem pecado, nem virtude, nem trevas, nem luz, nada,
nenhuma distinção…
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