segunda-feira, 10 de março de 2014
Ouvir a canção
A vida é peregrinação e, a menos que o amor se realize, ela continua sendo uma peregrinação, nunca chegando a parte alguma. Ela continua andando em círculos e o momento da realização nunca chega, aquele momento em que se pode dizer: “Eu cheguei lá. Eu me tornei o que vim para ser. A semente se consumou nas flores.”
O amor é a meta, a vida é a jornada. E uma jornada sem um objetivo tende a ser neurótica acidental; não terá uma direção. Num dia você vai para o norte e no outro você vai para o sul; a jornada continua sendo casual, nada leva você a lugar nenhum.
Você continuará sendo como uma madeira flutuante lançada à costa pelas ondas, a menos que tenha uma meta definida. Pode ser uma estrela muito distante, isso não faz nenhuma diferença; mas a meta deve ser clara. Distante… se for distante está bem, mas deve estar visível.
Os seus olhos podem permanecer concentrados nela; então a jornada de dez mil quilômetros não será uma jornada muito longa. Se você estiver seguindo a direção certa, então a mais longa jornada não será problema.
Mas, se você estiver seguindo a direção errada, ou não estiver seguindo direção nenhuma, ou seguindo todas as direções ao mesmo tempo, então a vida começa a entrar em colapso. Isso é que é neurose — um colapso de energia, não saber aonde ir, o que fazer, o que ser.
Não saber aonde ir, não saber do que se trata, deixa uma lacuna interior, uma ferida, um buraco negro, e um medo constante vai surgir daí. É por isso que as pessoas vivem tremendo de medo. Elas podem esconder o fato, podem tentar encobri-lo, podem não revelá-lo a ninguém, mas elas vivem com medo.
É por isso que as pessoas têm tanto medo de ter intimidade com alguém — o outro pode ser o buraco negro dentro delas se elas deixarem que o outro chegue perto demais da intimidade.
A palavra intimidade deriva de uma raiz latina, intimum. Intimum significa a sua interioridade, o seu ponto mais íntimo. A menos que tenha alguma coisa ali, você não pode ser íntimo de ninguém.
Você não pode liberar o intimum, a intimidade, porque o outro verá o buraco, a ferida e o pus vazando dela. Ele verá que você não sabe quem você é, que você é um louco, que você não sabe para onde está indo. Que você nem sequer ouviu a sua própria canção, que a sua vida é um caos, que ela não é um cosmo. Daí o medo da intimidade.
Osho, em “Intimidade — Como Confiar em Si Mesmo e nos Outros”
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