A atual época Micaélica teve início, dentro de processo de
evolução do ser humano, em 1879. Esse é o marco deste evento espiritual: o
conhecimento que, em épocas anteriores, o homem acolhia em si como inspiração
do mundo espiritual, torna-se então, propriedade de sua alma. Sendo assim, a
partir desta época a alma humana não mais recebe as idéias de “cima” de onde se
desprendiam, para a formação do seu pensar, as leis cósmicas, mas sim, busca-as
a partir de uma atividade intelectual autônoma, não só no mundo físico, mas
dentro das profundezas do seu próprio ser. Começa a luzir nas almas humanas a
inteligência própria: sou eu quem produz os pensamentos que vivem em mim! O
pensar é a essência da minha alma! Essa data deve ser tomada como um marco
aproximado porque quando observamos estas grandes passagens do tempo no
desenvolvimento do homem não podemos esquecer que todo “processo humano” é
lento, gradual e dinâmico. Nos antigos ensinamentos designava-se a força
anímica com a qual penetravase nas coisas com o nome de “Micael” pois era Micael
o Arcanjo da inteligência cósmica. Este nome pôde ser conservado até os dias de
hoje. Todavia já muito antes, a partir do sec. IX, esta nova capacidade de
pensar vinha se extendendo, e muitos seres humanos não mais sentiam a
inspiração de Micael em seus pensamentos. Vemos esta incerteza refletida nos
ensinamentos dos escolásticos (do latim Schola = escola, das recém-fundadas
universidades de Paris, Oxford) divididos em nominalistas e realistas. Os
realistas cujo líder era Tomás de Aquino sentiam ainda a antiga ligação entre o
pensamento e o objeto e aceitavam o pensamento como algo real que se desprendia
do objeto e penetrava na alma humana. Os nominalistas por sua vez, vivenciavam
fortemente os pensamentos como algo subjetivo sem ligação com as coisas. Eles
sentia, fortemente o fato da alma produzir os pensamentos ou como eram chamados
“as universálias” (devido a seu caráter universal). O nominalismo ganhou
terreno e se extendeu mas, a partir de 1879, as pessoas receptivas às
influências espirituais puderam perceber que com os seus pensamentos podiam
elevar-se acima de sua natureza intelectual e dirigí-los novamente para o mundo
espiritual. Dentro da alma intelectual livre e individualizada desabrochou
então uma qualidade de pensar vivo, amplo e criativo. Dentro da corrente da
vida intelectual ocorre então uma metamorfose da tarefa espiritual de Micael.
Ele torna-se uma força ativa dentro das almas pensantes que começam a
compreender que abrigando dentro de si este pensar cósmico criativo,
representado espiritualmente por Micael, são orientadas a respeito dos caminhos
certos a serem percorridos pela alma humana. Na sua nova atuação Micael liberta
os pensamentos da região da cabeça, preparando-lhes livre acesso ao coração.
Edna Andrade
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