em “Respostas a alqumas questões actuais” (Fascículo nº1*)
Inúmeras pessoas dizem que trabalham para a paz no
mundo! Por enquanto, esse trabalho consiste sobretudo em se acusarem umas às
outras de serem causadores de guerra. Para uns, os culpados são os ricos; para
os outros, são os intelectuais, ou os homens políticos, ou os cientistas. Os
crentes acusam os descrentes de conduzirem a humanidade para a sua perda, os
descrentes acusam os crentes de fanatismo, e por aí adiante… Observem-se e
verão que é sempre suprimindo estas ou aquelas pessoas que os humanos julgam
poder instalar a paz. E é nisso que se enganam: mesmo que se suprimissem os
exércitos e os canhões, no dia seguinte as pessoas teriam inventado outros
meios para se combaterem. A paz, na realidade, é um estado interior e nunca se
conseguirá obtê-lo suprimindo alguém ou alguma coisa no exterior. É dentro de
nós próprios, em primeiro lugar, que é preciso suprimir as causas da guerra.
A partir do momento em que alimenta em si certos
estados interiores, como o descontentamento, a revolta, a inveja, o desejo de
possuir sempre mais, o homem não pode estar em paz, faça o que fizer. Pelos
seus pensamentos e pelos seus sentimentos, ele não só introduz no seu íntimo os
germes da desordem e da guerra, como semeia esses germes por toda a parte à sua
volta.
Imaginem alguém que come e bebe o que calha: essa
pessoa introduz no seu organismo certos elementos nocivos que a tornarão
doente. E que paz se pode ter quando se perturba o funcionamento do seu
organismo, do estômago, do fígado, dos rins, dos intestinos?… Pois bem, no
plano psíquico existe a mesma lei: não se deve comer o que calha, senão fica-se
doente.
A paz é, pois, consequência de um saber profundo
sobre a natureza dos elementos de que o homem se alimenta em todos os planos.
Ela só pode instalar-se naqueles que decidiram manifestar-se com bondade,
generosidade, desapego. Só esses seres podem espalhar a paz ao seu redor.
Com o pretexto de que criam associações ou militam
em movimentos pacifistas, muitas pessoas imaginam que trabalham para a paz.
Não, porque a sua vida não é uma vida para a paz: elas nunca pensaram que
primeiro são todas as células do seu corpo, todas as partículas do seu ser
físico e psíquico que devem viver segundo as leis da paz e da harmonia, a fim
de emanarem essa paz para a qual elas pretendem trabalhar. Enquanto falam da
paz e escrevem acerca da paz, continuam a alimentar a guerra em si e à sua
volta, pois estão incessantemente a lutar contra uma coisa ou outra… A paz, o
homem tem primeiro de instalá-la em si mesmo, nos pensamentos, nos sentimentos
e nos atos da sua vida quotidiana. Só então é que ele trabalha verdadeiramente
para a paz.
*Fascículos antigos publicados em Língua
Portuguesa, sem previsão de reedição, enviados periodicamente pela newsletter
da Publicações
Maitreya. Adaptado ao Português Brasileiro.
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