Saber
que tudo deu em nada é o começo de uma nova jornada. Saber que “tudo o
que conquistei se perdeu” é o início de uma nova busca por algo que não
se pode perder. Quando a pessoa está completamente desiludida com o
mundo e com todos os sucessos que ele pode oferecer, só então pode se
tornar espiritual.
O
homem pobre nunca é completamente pobre, porque ele ainda tem
esperanças: algum dia o destino lhe trará muitas bênçãos, algum dia ele
chegará onde quer, ele fará suas conquistas. Ele ainda pode ter
esperanças. O homem rico já chegou onde queria, suas esperanças se
realizaram — agora, de repente, ele descobre que nada se realizou. Todas
as esperanças foram realizadas e nada ainda foi realizado. Ele já
chegou onde queria e não chegou a lugar algum — tudo foi apenas uma
jornada de sonho. Ele não deu sequer um passo.
O
homem que conquistou o sucesso neste mundo sente mais do que ninguém a
dor de ser um fracasso. Existe um provérbio que diz: nada faz tanto
sucesso quanto o sucesso. Eu diria a você o seguinte: não existe maior
fracasso do que o sucesso.
Mas
isso é algo que você só descobre depois que conquista o sucesso. Depois
que acumulou todas as riquezas com que sempre sonhou, cuja conquista
planejou e que trabalhou duro para obter. Então, rodeado por todas essas
riquezas está o mendigo — lá no fundo, vazio, oco. Nada por dentro e
tudo lá fora.
Na
verdade, quando tudo que se tem está lá fora, isso forma um contraste.
Só enfatiza o seu vazio e a sua nulidade interior. Simplesmente enfatiza
sua condição de mendigo, de pobreza. O homem rico conhece a pobreza de
uma forma que nenhum homem pobre jamais poderá conhecer.
Ser
culto custa tão pouco. Existem escrituras, bibliotecas, universidades. E
tão fácil ser uma pessoa instruída. E depois que você passa a ser
instruído, fica numa situação delicada, porque o ego gostaria de
acreditar que esse conhecimento é seu — não só a instrução, mas a
sabedoria. O ego gostaria que esse conhecimento passasse a ser
sabedoria. Você começa a acreditar que sabe.
Mas
não sabe nada. Você só sabe dos livros e sobre o que está escrito nos
livros. Talvez esses livros tenham sido escritos por pessoas assim como
você.
Noventa
e nove por cento dos livros são escritos por outras pessoas que também
gostam de ler e estudar. Na verdade, se ler dez livros, sua mente fica
tão cheia de lixo que você começa a ter vontade de despejar toda essa
informação num décimo primeiro livro. O que mais você poderia fazer com
ela? Você tem que se livrar dessa sobrecarga.
A
vida é um fim em si mesmo. Ela não é um meio de se chegar a um fim, ela
é um fim por si só. O pássaro em pleno vôo, a rosa ao vento, o sol
nascendo pela manhã, as estrelas à noite, um homem apaixonando-se por
uma mulher, uma criança brincando na rua… Não existe propósito algum. A
vida é simplesmente usufruir dela, deleitar-se com ela. A energia está
transbordando, fluindo, sem absolutamente propósito algum.
Questionar é um risco. É explorar o desconhecido. Ninguém sabe o que pode acontecer.
A
pessoa deixa de lado tudo o que conquistou, tudo com o que tem
familiaridade e parte para o desconhecido, sem nem ao menos saber ao
certo se existe alguma coisa na outra margem — ou se existe uma outra
margem.
Então
as pessoas se apegam ao teísmo. Ou aquelas que são um pouco mais
fortes, intelectuais, se apegam ao ateísmo. Mas todas elas estão fugindo
da dúvida. E fugir da dúvida é fugir do questionamento — afinal, o que é
a dúvida? É só um ponto de interrogação. Ela não é sua inimiga, é
simplesmente um ponto de interrogação dentro de você, preparando-o para
questionar.
A dúvida é sua amiga.
OshoPortal Arco Iris
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