Amber Agha – curadora reikiana e xamânica. Adaptado e traduzido por Melhor Consciência.
Estar a serviço espiritual é uma trilha muito particular – uma jornada pessoal.
Minha prece diária é pedir que me seja mostrada a forma como melhor
posso estar a serviço. Todos os dias me pergunto se estou
verdadeiramente fazendo tudo o que vim aqui para fazer, e sendo tudo que
vim para ser. Estou de fato realizando meu compromisso com o Espírito?
Não cabe a mim dizer a ninguém o que fazer. Há diversas formas de se
estar a serviço: pela via do humor, pela arte, pela escrita, pela dança,
pela profissão, pelo lugar na família. São muitas as trilhas que
conduzem ao Espírito. A chave é realizar ativamente o seu trabalho.
O que devemos lembrar é que estas são trilhas – e não “O” caminho. O
único caminho é interior. O único caminho reside em nossa comunhão com o
Espírito. Tudo que uma outra pessoa pode nos mostrar é, talvez, como
refinar esta comunhão. Impor nossa maneira de ajudar ao outro é renegar a
própria natureza de estar a serviço. Começa a se tornar uma outra
religião – e por isso, uma forma de controle. Devemos sempre lembrar que
temos acesso apenas a pequenos pedacinhos do espelho da verdade.
Acreditar que possuímos a verdade completa é cair em ilusão e ego.
Nossas feridas são nossas, e o que quer que as tenha curado é nosso
remédio, mas pode não funcionar para outra pessoa. Podemos oferecer
nosso remédio também ao mundo, mas nem todos precisarão dele. Alguns
podem ter reação alérgica a ele, e outros remédios podem funcionar
melhor para pessoas diferentes.
Na sua forma mais simples, é algo honroso querer ajudar o outro e
aliviar sua dor. Mas devemos cuidar para não confundir o estar a serviço
com o querer o reconhecimento para si, buscar algo para si. Que não
tenhamos, então, nenhum tipo de apego ao trabalho que realizamos.
Estar a serviço do outro requer que façamos aquilo que faz nosso
coração cantar, aquilo que nos dá a mais pura conexão com o Espírito – e
que façamo-lo com toda energia e foco. Se ao longo do caminho outros se
identificarem com nossa trilha, ótimo. Podemos, no entanto, continuar
fazendo nosso algo especial e nunca realmente receber o reconhecimento
que esperamos.
Devemos nos lembrar que poucos dos Grandes Mestres foram chamados de
“grandes” nos seus dias. Frequentemente eram excomungados – uma pequena
voz que alguns ouviam, mas a maioria ignorava. Uma vez passados para o
outro plano, as pessoas acordaram para suas palavras. E o que fez deles
Mestres foi a beleza de seu trabalho – não a atenção ou o elogio, mas
sim o trabalho pelo trabalho.
Há uma escritora que diz que não estamos todos aqui para sermos
guerreiros no campo de batalha. Alguns de nós estão aqui para ficar na
cozinha, descascando batatas, de modo que os guerreiros partam para as
batalhas bem alimentados. Gosto desta analogia: todos temos um papel a
desempenhar, e tudo é igualmente válido.
Faça um teste e diga ao guerreiro que ele deve sair agora e passar o
dia todo lutando de estômago vazio, porque aquele que normalmente
prepara as suas refeições decidiu que também quer estar no campo de
batalha. E veja também como este mesmo cozinheiro vacila ao tentar
desempenhar o papel do guerreiro, porque não passou pelos anos de
treinamento necessários para estar fisicamente apto, e sim para cozinhar
maravilhosas refeições. Suas habilidades residem não em guerrear, mas
em cozinhar.
Colocar-se a serviço adquire uma forma única em cada jornada. Não é
uma competição. Não há vencedores nem líderes: estamos todos juntos.
Enquanto não enxergarmos isto , e até que paremos de rivalizar com nosso
vizinho, ou de nos sentirmos melhores que ele – porque fomos àquele
workshop e agora temos “paz interior”, porque encontramos nossa “alma
gêmea” ou porque “ascendemos” – bem, até lá estaremos iludidos, e o mais
longe possível da verdade do que seja estar a serviço.
O serviço é um caminho individual, e é o Espírito que nos guia.
Precisamos aprender a escutar e seguir o que o Espírito nos pede.
Frequentemente, quando estamos de fato no caminho do serviço autêntico,
somos requisitados a fazer coisas que nos amedrontam, e que muito
provavelmente não envolverão elogios. Seremos chamados para um
aprofundamento interior em direção ao Espírito. Enquanto atravessamos
nossos próprios medos e obstáculos pessoais, mergulhamos cada vez mais
fundo em nosso self divino e em nosso poder. Dito de forma simples, isto
é tudo que nos é solicitado fazer.
Estamos aqui para sermos Amor na sua forma mais autêntica. Nada nem
ninguém precisa de nossa “salvação”, no sentido do proselitismo, pois
isto implicaria que nós mesmos estaríamos a salvo, e que seríamos de
alguma forma mais respeitáveis por isso. Foi este tipo de postura que
espalhou tantas guerras ao longo dos tempos.
Os outros precisam é do nosso Amor. De Amor em ação. De Amor que faz.
De Amor que remove montanhas para garantir que todos estejam em um
espaço de Amor, que todos sejam vistos como parte do Todo. Pois se um
sangra, todos sangramos. Se um chora, todos choramos. Não há separação
entre homem e Espírito, assim como não há separação entre homem e homem.
Melhor Consciência
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