Alguns psicólogos negam a existência de estados mais elevados de consciência e rejeitam-nos como "estados utópicos", considerando as experiências dos místicos inteiramente ilusórias. É de se estranhar que Freud, que descobriu tanta coisa acerca dos estados subconscientes, não tenha postulado a existência de níveis de consciência acima bem como abaixo do nível no qual geralmente vivemos. No entanto, Jung, o discípulo talentoso de Freud, reconheceu a importância dos fenômenos místicos. Em sua opinião, a grande maioria de seus pacientes de meia-idade sofriam porque tinham perdido suas antigas crenças religiosas.
Para alcanças as regiões mais silenciosas da consciência, temos de escapar das regiões barulhentas da nossa mente, nas quais desperdiçamos a maior parte de nosso tempo. Isso requer um controle de nossos pensamentos. Poderemos então ser capaz de alcançar aquela região silenciosa que é a moradia do Espírito, pois não conheço melhor definição para a palavra Espírito senão a de que é a Consciência Pura, desprovida de quaisquer pensamentos e palavras. A aquisição de níveis mais elevados de consciência está intimamente vinculada a certas práticas religiosas e, mais especificamente, às práticas da meditação e contemplação. Estas constituem os primeiros passos para a disciplina da mente, o que, no decorrer do tempo, pode conduzir à aquisição de níveis mais elevados de consciência. A meditação também é a entrada para um caminho novo e muito mais direto do conhecimento, um caminho no qual o "conhecido" e a "coisa conhecida" unem-se e tornam-se a mesma coisa. Trata-se de uma senda difícil de ser trilhada porque nossa atenção está sendo, repetida e novamente, atraída pela incessante tagarelice que ocorre em nossas cabeças. Eventualmente, porém, podemos conseguir, por um curto espaço de tempo, alcançar um estado de consciência pura, isenta de pensamentos, um estado no qual a verdade nos é revelada diretamente e sem o uso de palavras.
Nesses momentos, vemos, em vez de pensar, e é só mais tarde que começamos a procurar de modo desajeitado as palavras através das quais tentamos expressar o que nos foi revelado. Não há nada "pessoal" ou mesmo individual no conhecimento direto que nos chega num estado Supraconsciente. Nossa consciência individual dissolveu-se numa consciência muito mais ampla, que consideramos Universal. Desse modo, também estivemos cientes da presença, em nosso interior, de algo muito mais elevado do que nós próprios, de algo que, na falta de algum outro termo, fomos forçados a chamar de Deus.
Os estados supraconscientes podem surgir, mas não necessariamente, como uma recompensa pela autodisciplina da meditação. Embora nunca perdurem por um tempo muito longo, durante esses estados temos a impressão de estarmos habitando num "eterno agora". Em breve, porém, a intensidade de nossa nova sensação do "ser" enfraquece, o nível de nossa consciência diminui, nossas personalidades se afirma de novo e retornamos, uma vez mais, ao mundo do tempo e das tagarelices interiores. Daquilo que se passou, permanece apenas uma sensação de gratidão pelo que aconteceu. A vida então absorve-nos de novo e desaparecemos. Contudo, é bem provável que jamais nos esqueceremos daquilo que nos aconteceu. Nossa experiência do estado supraconsciente permanece para nós como o evento psíquico mais importante de nossas vidas.
Kenneth Walker
fonte;pereneconsciencia.blogspot.com.br
por: Fatima dos Anjos
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