Quando
recorremos à natureza humilde, temos uma consciência pacífica do nosso
lugar no todo maior. Através de olhos humildes, somos capazes de ver as
boas intenções dos outros e celebrar, em vez de comparar e condenar as
nossas diferenças. A humildade faz de nós pessoas dispostas a aprender e
nos abre para a opinião dos outros; ela também fortalece a capacidade
de ouvir verdadeiramente a nós mesmos e às outras pessoas. Ela nos dá a
chance de não saber tudo e faz com que não nos apeguemos ao resultado a
que um dia nos agarramos para nos sentir seguros. A humildade nos dá
tanto disposição para mudar como visão para fazer as mudanças de que
precisamos. Despidos da capa falsa de arrogância, somos humildes o
bastante para nos ver como somos, e só então podemos começar a enxergar a
pessoa que somos capazes de nos tornar.
Com
humildade, a nossa identidade um dia rígida se torna mais flexível, por
isso não nos sentimos mais compelidos a impor as nossas opiniões e a
nossa pessoa sobre os outros. A humildade nos permite conservar os
valiosos recursos energéticos que desperdiçamos tentando provar que
somos superiores aos outros. Ela nos liberta da prisão de tentar parecer
melhor do que os outros, diminuindo-os, e em vez disso nos dá permissão
para celebrar as suas conquistas e diferenças.
Destituídos
da arrogância, das justificativas e da convicção de estar sempre com a
razão, podemos andar sob a luz do dia sem o escudo do nosso falso
orgulho.
O
nosso lado humilde entende que não somos nem melhores nem piores do que
ninguém. Ele entende que, em circunstâncias diferentes, podemos fazer
exatamente o que as outras pessoas fazem e nós criticamos. Cultivando a
humildade, aprendemos a desviar a atenção para nós mesmos, em vez de
desperdiçar o tempo preocupando-nos com o comportamento dos outros. A
verdadeira humildade nos dá sabedoria para evitar a armadilha de
projetar a nossa escuridão nos outros e nos deixa conscientes das nossas
imperfeições e inseguranças, e prontos para aceitá-las.
A
humildade nos permite abraçar as nossas perfeições e falhas com igual
reverência. Até que sejamos suficientemente humildes para admitir que
temos os mesmos impulsos que as outras pessoas, e até que estejamos em
paz com a nossa humanidade, continuaremos a deixar que a arrogância do
nosso ego ferido nos cegue e crie circunstâncias que devastam a nossa
vida. Continuaremos a manifestar exatamente aquilo que lutamos tanto
para evitar.
Com
o antídoto espiritual da humildade, somos capazes de deixar de lado
tudo o que fazemos para nos mostrar aos outros. Somos capazes de pedir
ajuda quando necessário. O nosso eu humilde não desperdiça uma grande
dose de energia resistindo quando as coisas não são como esperávamos,
pois ele conclui que existe uma ordem maior em ação. Com a humildade,
desistimos da ideia de que sabemos o que é melhor para nós. A humildade
nos liberta da armadilha de nos acharmos donos da razão e julgarmos os
outros, e permite que nos unamos com o todo coletivo. A humildade nos
convida a desviar a atenção para nós mesmos e mudar as coisas que
podemos, em vez de tentar arrogantemente controlar a vida dos outros. Em
tempos de dor e desorientação, a humildade nos permite entregar os
pontos, cair de joelhos e pedir o apoio de que precisamos
desesperadamente.
Quando
o nosso eu arrogante é moderado com a humildade, não temos mais que
participar desnecessariamente de ostentações para provar o nosso valor
às pessoas à nossa volta. Em vez disso, sentimo-nos livres para viver
uma vida mais simples, para nos preocupar em assumir a nossa
responsabilidade e manter a integridade em nossas ações. Podemos
reconhecer humilde e honestamente os nossos erros, sem o fardo da
vergonha, e aproveitar a sabedoria e o aprendizado que podem nos
proporcionar. No momento em que nos abrimos para a vastidão de quem
somos, ficamos tão impressionados que nos tornamos humildes.
A
humildade é uma expressão natural do nosso eu total, pois ela nos ajuda
a ver que, embora sejamos brilhantes, fantásticos e amorosos, podemos
também ser mentirosos, charlatães e incompetentes. Ela nos permite
sermos gentis e amorosos com nós mesmos, não importa o que as
circunstâncias da vida exterior possam estar refletindo. A humildade nos
dá a liberdade de viver uma vida autêntica e contar com o nosso poder
superior, quando compartilhamos os nossos dons com o mundo.
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