por Rubia A. Dantés
Passei uns dias bem longe do movimento do meu mundo, como uma pausa... Por um mês fiz tudo diferente do que era minha rotina, em um trabalho novo em um lugar novo, onde tinha que acordar bem cedo e trabalhar o dia todo em um ritmo acelerado, e às vezes até de noite, fazendo o que eu gosto, mas tudo dentro de um prazo e de um ritmo um pouco apertado para o que era minha rotina... E, para minha total surpresa, percebi que gostei muito e que dou conta de coisas que nem imaginava e que já havia classificado entre as que não gostava...
Senti-me renovada e capaz de ir além dos meus conceitos e padrões, mais uma vez, e isso ampliou em muito minhas possibilidades.
Entendi mais um pouco, como nossas crenças nos limitam e às vezes são tão sutis que nos fazem pensar que estão nos protegendo ao nos levar a crer que... o que elas nos ditam são o que nossa Alma quer.
O que quer que seja que nos dita regras e limita não pode ser mesmo a voz da nossa Alma e muito sutilmente somos levados por nossas memórias a descartar coisas e a nos enquadrar em outras porque, equivocadamente, acreditamos que esse é nosso modo genuíno de Ser.
Percebi com essa experiência, como estava limitada por crenças a respeito do que eu pensava que "gostava" e "não gostava" que me prendiam a uma forma de agir onde estava exercendo só uma parte do que posso... uma outra parte minha estava impedida de agir porque sequer eu dava a ela uma oportunidade de se revelar...
Mas o Universo, em toda sua sabedoria, colocou-me em uma situação onde pude ver que muito além das minhas crenças tem muito mais a ser vivido e descoberto... somos muito mais do que nossas memórias querem nos fazer crer.
Temos a mania de nos classificar e de congelar essas classificações que passam a ser verdades incontestáveis até o dia em que caem por terra, quando ousamos desafiar essas verdades ...
Algumas dessas classificações são tão claramente negativas que trabalhamos para superá-las porque sabemos que elas nos limitam... outras, que talvez sejam as mais perigosas, são tão sutis e imperceptíveis que acreditamos que elas trabalham a nosso favor e, por isso, não fazemos nada para nos libertar.... nos mantêm presos em grades de onde não queremos sair porque nem sabemos que elas existem... e essas são as piores prisões.
Depois de me descobrir livre e feliz onde antes achava que não seria possível, porque minhas crenças sobre o que eu era assim ditavam em suas regras rígidas, entendi que a liberdade passa longe de qualquer coisa predeterminada que lhe impede de experimentar novos modos de se expressar.
Temos a mania de nos agarrar ao falso conforto de pensarmos que sabemos quem somos... do que gostamos... de como devemos agir em tal situação para nos sentirmos bem... e isso nos leva a congelar e a tentar repetir... nos impedindo de fluir com a Vida... acabamos estagnados em modos de ser e de viver que nos limitam e prendem sem nem nos darmos conta disso.
Provavelmente, se não tivesse a oportunidade de passar por essa experiência, ainda acreditaria que não dou conta e não gosto de coisas que hoje sei que gosto e dou conta...
A chave não é trocar um jeito de Ser por outro, porque seria trocar uma prisão por outra... e sim estar aberta a todas as possibilidades de expressão que o presente nos oferece, sem deixar que nossas crenças nos impeçam de mergulhar por inteiro no novo que chega a cada dia.
A vida sempre pode nos surpreender se damos espaço para ela entrar...
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