Autor: Elio Mollo
No livro “O SERMÃO DA MONTANHA”, o escritor espiritualista Huberto Rohden diz o seguinte; “Muitos sabem falar de Deus. Alguns até sabem falar com Deus. Mas quase ninguém sabe calar perante Deus para que Deus possa lhe falar”. Para que possamos tratar desse assunto, primeiramente, temos que compreender como age nosso pensamento no universo em que vivemos e de que forma ele se movimenta.
Na questão 27 de “O LIVRO DOS ESPÍRITOS”, obra codificada por Allan Kardec, lemos a seguinte resposta dos Espíritos superiores: “Há dois elementos gerais do universo, a matéria e o Espírito, e acima de tudo Deus, o criador, o Pai de todas as coisas. Deus, Espírito e matéria constituem o princípio de tudo o que existe, a trindade universal. Mas ao elemento material tem-se que juntar o fluido universal, que desempenha o papel intermediário entre o Espírito e a matéria”.
É através do fluido universal que os Espíritos se comunicam entre si, ou com os encarnados e vice-versa. Quando oramos, ou seja, quando estamos sintonizados com Deus, ocorre o mesmo, pois é através desse fluido que nos comunicamos com Ele.
A distância que nossa prece alcançará através desse fluido dependerá da intensidade de nossa fé e da sinceridade. Assim, quanto mais intensas forem nossa fé e nossa sinceridade, mais perto de Deus nossa prece chegará.
Diz Allan Kardec, no livro “O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO” (cap. XXVII, item 10): “O Espiritismo nos faz compreender a ação da prece, ao explicar a forma de transmissão do pensamento, seja quando o ser a quem oramos atende ao nosso apelo, seja quando o nosso pensamento eleva-se a ele. Para se compreender o que ocorre nesse caso, é necessário imaginar todos os seres, encarnados e desencarnados, mergulhados no fluido universal que preenche o espaço, assim como na terra estamos envolvidos pela atmosfera. Esse fluido é impulsionado pela vontade, pois é o veículo do pensamento, como o ar é o veículo do som, com a diferença de que as vibrações do ar são circunscritas, enquanto as do fluido universal se ampliam ao infinito. Quando, pois, o pensamento se dirige para algum ser, na terra ou no espaço, de encarnado para desencarnado, ou vice-versa, uma corrente fluídica se estabelece de um a outro, transmitindo o pensamento, como o ar transmite o som.
A energia da corrente guarda proporção com a do pensamento e da vontade. É assim que os Espíritos ouvem a prece que lhes é dirigida, qualquer que seja o lugar onde se encontrem, assim que os Espíritos se comunicam entre si, que nos transmitem suas inspirações, e que as relações se estabelecem à distância entre os próprios encarnados”.
Igualmente, através desse fluido, Deus nos conforta e nos dá energia para enfrentarmos bem as dores pelas quais passamos em nosso dia a dia. A grande maioria dessas dores são frutos de nossa imprevidência, são violações que cometemos contra as Leis Divinas sem nos darmos conta. Entretanto, quando transgredidas, essas leis reagem de maneira a nos chamar a atenção em forma de dor. Se não encontramos os motivos nesta vida é porque as infringimos numa outra, pois somos Espíritos que tivemos muitas encarnações no passado e a reparação dos erros cometidos em encarnações pretéritas é uma necessidade natural.
Temos diversas espécies de dores: emocionais, sentimentais, dificuldades de relacionamento, perda de bens materiais, de emprego, de entes queridos e por aí a fora, porém, somente quando essas dores atingem um grau insuportável nossos pensamentos se voltam para Deus, na busca de conforto. Nessa hora, tentamos orar, procuramos uma religião, ou algum lugar que nos alivie a dor, que vem para nos despertar e dizer que devemos evoluir e meditar o que fazer para nos livrarmos dela e alcançarmos o crescimento espiritual.
Se formos a um Centro Espírita, obteremos orientação, seremos encaminhados para uma assistência espiritual adequada e receberemos os fluídos necessários para o nosso restabelecimento. Em nota às questões 68, 69 e 70 de “O LIVRO DOS ESPÍRITOS”, Kardec diz: “Quando a quantidade de fluido vital se esgota, pode tornar-se insuficiente para a conservação da vida, se não for renovada pela absorção e assimilação das substâncias que o contém”. É como se a bateria de um carro ficasse fraca e necessitasse ser recarregada.
Como recarregar esse fluido em nosso organismo?
Se a fraqueza não atingiu o corpo físico, podemos começar a recarregá-la através da prece dirigida a Deus, feita por nós mesmos ou por outras pessoas; de palavras de conforto dirigidas a nós; de palestras instrutivas (principalmente evangélicas); de passes e da modificação de pensamentos (exemplo: de pessimistas para otimistas). Isso tudo, porém, dependerá de como fazemos a prece, assimilamos as palavras que ouvimos e utilizamos os fluidos oferecidos a nós por intermédio do passe, ou seja, tudo dependerá de nós.
Se o corpo físico já foi atingido, além dos cuidados da prece, das palavras amigas e do passe, deveremos também receber os cuidados que a medicina nos oferece.
Em nota à questão de nº 70 de “O LIVRO DOS ESPÍRITOS”, Kardec diz: “O fluido vital se transmite de um indivíduo a outro. Aquele que o tem em maior quantidade, pode dá-lo ao que o tem pouco e, em certos casos, restabelecer a vida prestes a se apagar”. Podemos deduzir que, em havendo alguma anomalia em nosso organismo, poderemos receber assistência através da fluidoterapia, geralmente chamada passe. Assim, podemos ser assistidos nas doenças de ordem física, ou de ordem espiritual, mas a eficácia dessa assistência dependerá da vontade de quem a recebe.
No salmo 46:10 encontramos a seguinte frase: “Aquieta-te, eu sou Deus”.
Na maioria dos momentos de aflição, entretanto, fazemos muito barulho, com queixas, murmúrios, revoltas, etc., quando deveríamos nos aquietar e ver o que Deus tem para nós. Nada acontece por acaso. Tudo tem sua razão de ser. É hora de reflexão, então, aquietemo-nos, sintonizemo-nos com Deus e tenhamos a certeza que Ele nos enviará o conforto necessário. Ele é nosso Pai e nos quer bem.
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