quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Como você lava os pratos?

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A qualidade de estarmos atentos ao que fazemos no momento é muito importante, porque o momento presente é tudo o que temos. Todo o resto é passado, já foi. Nosso futuro ainda não chegou. A única coisa que está acontecendo é o momento presente, tão rápido que já quase o perdemos antes mesmo de ele chegar. Está fluindo, certo? Se não estivéssemos presentes apenas de vez em quando, não teria importancia, mas o fato é que não estamos presentes na maior parte de nossa vida. Ficamos presentes por alguns segundos e saímos em seguida. Por isso nossa vida se torna aborrecida, rotineira e chata. Os franceses têm uma expressão para estar entediado – je mennuie – que significa literalmente, ”eu entedio a mim mesmo”. Exatamente. Não tem nada a ver com o que esta acontecendo ao nosso redor. Nossa mente nos entedia.

Vejamos como podemos estar presentes. Porque, se pudermos aprender a desenvolver algum grau básico de atenção plena, daremos mais vida a tudo, a todas as coisas que fizermos durante o dia. Isso é muito importante, portanto, não durma!

Thich Nhat Hanh, mestre zen vietnamita, fala sobre duas maneiras de lavar pratos. Uma maneira é lavar os pratos para obter pratos limpos, e a outra maneira é lavar os pratos para lavar os pratos. Normalmente, quando lavamos pratos, como em qualquer outra atividade que fazemos, queremos um resultado. Lavamos pratos para termos pratos limpos e depois seguimos para próxima tarefa. A tarefa real, de lavar pratos em si, é irrelevante. Enquanto lavamos os pratos, estamos pensando no que foi dito no café da manhã, ou no programa de televisão que vimos na noite passada, ou pensamos ”Bem, depois disso, vou tomar um pouco de café e a seguir tenho que ir ao supermercado – o que preciso comprar?”. Pensamos em algo que faremos naquela noite, ficamos presos em algum mundo de fantasia ou o que seja. Só não estamos pensando naqueles pratos. Certo? E, quando terminamos de lavar os pratos, que agora estão limpos e empilhados, vamos tomar o nosso café com uma fatia de bolo. Tomamos o café. Normalmente estamos bastante conscientes no primeiro gole; julgamos se gostamos ou não gostamos. Mas, já no segundo gole, não estamos mais conscientes. E, no terceiro gole, estamos totalmente inconscientes de que estamos tomando café porque estamos pensando no que temos que comprar no supermercado, isto é antes de surgir uma memória de anos atrás – ”e então ele me disse isso, e eu respondi aquilo…”. Quando comemos o bolo ou qualquer outra coisa boa, decidimos se está gostoso na primeira mordida, na segunda mordida já perdemos o interesse, e na terceira mordida estamos mastigando e nem sequer sabemos. Toda nossa vida é levada assim.

Um dos significados da palavra buda é ”despertar”. Ele é O Desperto. Ele despertou do sonho da ignorancia. Mas o resto de nós ainda está sonhando. Sonhos bons ou pesadelos – é tudo um sonho. Somos sonâmbulos.

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