terça-feira, 12 de agosto de 2014

Paz e Felicidade

Publicado por M. Manuela dos Santos Oliveira em 9 agosto 2014 às 17:22 em Omraam Mikhael Aïvanhov

PAZ E FELICIDADE (cont.)
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Por conseguinte, a verdadeira paz situa-se muito alto: ela é como que um acorde, uma síntese, uma harmonia de todos os elementos em nós.

E o mesmo acontece com a felicidade: o que os humanos tomam por felicidade não passa, muitas vezes, de pequenas satisfações de curta duração.

Dizeis que estais felizes por terdes passado umas férias agradáveis das quais regressais repousados e recarregados de energia, pelo facto de um homem ou uma mulher a quem amais também vos ter testemunhado o seu amor, por alguém vos ter felicitado pela vossa inteligência e pela vossa competência...

Evidentemente, ninguém pode negar que é importante estar de boa saúde, sentir-se amado e ser reconhecido pelas suas capacidades, mas isso não basta para alguém poder realmente dizer que é feliz, pois a verdadeira felicidade está para além do corpo físico, do coração e do intelecto.

E imaginar também que, se se tiver uma casa ou uma mulher, se será feliz, que, se tiver a glória, a ciência ou a beleza, se será feliz... não!

Há milhares de anos que a história do mundo nos mostrou que a felicidade não reside nisso ou que uma tal felicidade dura muito pouco.

Obtém-se isto, obtém-se aquilo, mas permanece-se insatisfeito e, interiormente, sente-se um vazio, um vazio medonho, pronto a engolir tudo.

A felicidade é tão difícil de obter e de manter porque é preciso procurá-la muito alto, numa região onde os materiais são inalteráveis; e isto exige do homem grandes qualidades, sobretudo a pureza, porque só o que é puro é inalterável e tem o poder de durar.

Essa região existe no espaço, mas existe também em nós mesmos, e todos aqueles que descobriram isso fazem um esforço para pensar, amar, agir e trabalhar de modo a viverem nessa região que nada pode perturbar.
Aconteça o que acontecer, quaisquer que sejam as condições, esses seres são felizes porque encontraram elementos estáveis, imutáveis, eternos.

A verdadeira felicidade é, pois, um estado que, tal como a paz, se caracteriza pela estabilidade.

Direis vós:«Mas a vida é precisamente uma sucessão de mudanças: sucessos e insucessos, abundância e pobreza, paz e guerra, saúde e doença... e o homem está obrigatoriamente sujeito a essas mudanças!»

Não, não, pode eclodir a guerra, vós podeis ficar doentes, perder repentinamente toda a vossa fortuna, ser abandonados pela mulher, pelo marido, pelos filhos ou pelos amigos, sem no entanto, deixardes de estar felizes.

Porquê?
Porque a vossa consciência não estagna ao nível dos acontecimentos: para cada dificuldade, para cada provação, encontrais uma explicação, uma verdade que vos acalma e vos consola, porque subistes muito alto e sabeis como ver as coisas.
Podem despojar-vos, podem perseguir-vos, mas, como vós sabeis que tudo isso é passageiro, que sois imortais, que nada pode atingir-vos realmente, enquanto todos se põem aos gritos, vós sorris.


Por conseguinte, vós já transportais a felicidade em vós.
Se não tendes consciência disso é porque ficais à superfície, na periferia de vós mesmos, e na periferia só há ilusões e mudanças: mal conseguistes apanhar algumas partículas de alegria, já elas foram substituídas por muitos sofrimentos, como que para vos punir por terdes roubado essa felicidade algures.


Por isso, esforçai-vos por entrar em vós mesmos e, aí, começai a procurar o que é imutável, eterno, Deus, o espírito.
Nessa altura é que encontrareis a felicidade.
Quando a tiverdes encontrado, procurai continuar fixos nela; daí em diante, ninguém poderá tornar-vos infelizes.
Qualquer que seja a vossa situação - ricos ou pobres, vivendo em glória ou na ignomínia, amados ou odiados - estais acima das mudanças, planais acima delas, viveis na eternidade.
Mas talvez esta linguagem não possa ser compreendida por toda a gente.
O que é que quereis?
Um peralvilho diz a uma rapariga: «Ah, querida, vou fazer-te muito feliz!»
Ele nem sequer sabe o que é a felicidade, ele próprio não é feliz e diz que quer torná-la feliz!...

Outras vezes é a rapariga que diz ao rapaz: «Vou fazer-te feliz!»
Mas o que irão eles fazer?
Com as suas imperfeições, o seu nervosismo, a sua cólera, o seu ciúme, tornar-se-ão felizes um ao outro?!
Não há dúvida... e terão muitos filhos, como nos contos.
Ora, ora!
Eu não acredito muito nessa felicidade.

É certo que eles poderão desfrutar de alguns momentos agradáveis, mas serão como os prisioneiros a quem são permitidos, todos os dias, alguns minutos de descontração para respirarem um pouco e depois, vá!, "regresso ao redil"...
Ou então será como uma dor de dentes: pára um momento e depois recomeça!


Para serdes felizes, deveis encontrar um ponto inabalável no qual possais fixar-vos, de modo a que nada possa, jamais, fazer-vos perder essa posição de equilíbrio; é aquilo a que se chama, na física, o equilíbrio estável.

Observai um pêndulo: fazêmo-lo oscilar para a direita ou para a esquerda, mas ele volta sempre à posição de equilíbrio, porque está ligado a um ponto fixo.
Pois bem, o homem deve encontrar em si próprio esse ponto e fixar-se nele.
Só então poderá dizer, como o Iniciado do antigo Egipto: «Eu sou estável, filho de estável, concebido e engendrado no território da estabilidade.»

Enquanto fordes indecisos, hesitantes, inconstantes, é inútil falardes de felicidade!
A felicidade pertence às regiões do infinito e da eternidade, que são as regiões da alma e do espírito.

Sim, o infinito e a eternidade são duas regiões ainda inexploradas onde a alma e o espírito têm necessidade de mergulhar para se alimentarem, para se vestirem, para se sentirem preenchidos e livres.

Começais a compreender agora que a felicidade exige de vós uma grande disciplina, graças à qual elevais a vossa compreensão e o vosso amor até às regiões da alma e do espírito, e é então que podeis beber nesse oceano sem limites da paz e da felicidade.

A paz tal como a felicidade, é o resultado de uma comunhão, de um intercâmbio perfeito com os princípios, as entidades e todas as existências do mundo da alma e do espírito

No Alto, a paz e a felicidade são uma só e não podem existir separadamente.

Não encontrareis ninguém que seja verdadeiramente feliz sem estar em paz.

A paz e a felicidade representam a mesma realidade expressa de modo diferente.
A paz coloca-vos em harmonia com toda a Criação e, quando viveis nessa harmonia, não podeis estar infelizes.

As energias, as forças do Universo penetram em vós e já nada vos falta.

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OMRAAM MIKHAËL AÏVANHOV

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