Há muito tempo, havia um monge diferente dos demais.
Ele não permanecia
trancado no mosteiro apenas fazendo orações. Sempre que suas obrigações
lhe permitiam, ele fazia longos discursos sobre a importância de que
diminuírem as injustiças sociais entre as pessoas. “Não há
justificativas nas escrituras para a existência de homens ricos e homens
pobres”, dizia ele.
Após algum tempo de pregação, multidões compareciam aos seus discursos, e
isso começou a preocupar os poderosos da região. Os ricos temiam uma
revolta popular e a perda de seus bens. Resolveram então que seria
melhor calar o monge.
Um grupo de comerciantes muito ricos ofereceram propina ao líder do
mosteiro onde o monge vivia, e pediram que o expulsasse de lá. O líder
se deixou levar pela cobiça e pediu ao monge que se retirasse.
Mas o monge não desistiu, reuniu um grupo de ajudantes, que também eram
monges, e começou a construir um outro mosteiro.
Os comerciantes então
ofereceram rios de dinheiro aos monges, que se vergaram ao poder
material e largaram suas tarefas, abandonando o monge.
O monge então resolveu tocar sozinho a construção do novo mosteiro e
continuou suas pregações por justiça social.
Certo dia foi cercado por
um grupo de brutamontes que o espancaram até deixá-lo prostrado no chão,
desacordado.
O religioso precisou de alguns dias para se recuperar, mas logo que o
fez continuou a construção do mosteiro e voltou a fazer suas pregações.
Quando o mosteiro estava quase pronto, os comerciantes contrataram
pessoas da região para tocar fogo na construção, e assim ocorreu.
O monge viu, com lágrimas nos olhos, seu mosteiro ser queimado, fruto de
tanto trabalho. Decidiu, no entanto, que iria construir outro mosteiro,
e começou colocando a primeira pedra.
Um homem, que já acompanhava o monge desde o início, ficara espantado
com sua persistência. Resolveu então falar com o monge.
- O senhor foi expulso do seu mosteiro e traído pelo seu líder, seus
pares também o traíram e abandonaram, o senhor foi agredido e teve seu
novo mosteiro queimado por pessoas da região que deveriam apoia-lo… e no
entanto, continua firme em seu propósito de ajudar. Após tantas
traições o senhor não se decepciona com as pessoas?
O monge respondeu:
- Não… Eu não me decepciono, por que eu não espero nada das pessoas. Eu
não guardo nenhuma expectativa em relação a elas. Se eu esperasse algo
das pessoas, sem dúvida já teria me frustrado muito, e não poderia
continuar este trabalho. Mas como nada espero dos outros, jamais me
frustro.
Quanto mais uma pessoa cria expectativas de qualquer tipo,
maior é a sua frustração.
Não esperar nada de outrem é condição
essencial para se viver e fazer o bem.
Autor: Hugo Lapa
Espiritualidade para todos
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