sábado, 11 de fevereiro de 2017

O correto, a percepção individual da verdade e o fanatismo

"Acolher a percepção e opinião do outro, não é seguir e ter a mesma concepção das coisas, mas respeitar e honrar o caminho de desenvolvimento da consciência individual. É o caminho para a escuta e conversa saudáveis, contexto essencial da discussão que possui o germe da metamorfose e elevação do pensamento humano."

Dentro de muitos fanatismos atuais, estamos diante do fanatismo político e ideológico, dividido hoje nas redes sociais entre direita e esquerda. A raiva exposta por pessoas de ambos os lados perante os posicionamentos alheios que não seguem sua ideologia, mostram o caminho de desenvolvimento de suas consciências.

As pessoas não buscam a verdade, o correto ou a harmonia, apenas a afirmação de sua ideologia. Minha preocupação é expor as facetas mais belas daquilo que eu acredito, ocultando o restante e faço o oposto com a ideologia oposta, mostrando pejorando suas colocações e ações. Além disso, surge um ódio e uma raiva em relação a outra vertente além da falsidade intelectual.

Você tem raiva da direita ou da esquerda?
Você faz comentários negativos, com adjetivos pejorativos quando a opinião não segue sua ideologia?
Você defende a violência contra quem pensa diferente?
Você justifica as posições, ações e atitudes do seu lado e acusa as do outro, indiscriminadamente?
Vc é simpático ou antipático às pessoas apenas por escolha ideológica? Por exemplo: tudo culpa do PT (direita), Fora Temer (esquerda).

Rudolf Steiner disse:

“Como um fanático se comporta? Ele quer converter as pessoas o mais rápido possível, enquanto eles, como regra, não querem ser convertidos. O fanático espera que todo mundo acredite imediatamente no que o ele quer que eles acreditem e então fica com raiva quando isso não acontece. Hoje em dia, quando alguém se propõe a expor um assunto em particular, as pessoas simplesmente não acreditam que seu objetivo seja não expressar seus próprios pontos de vista, mas algo bem diferente, isto é, os pensamentos e opiniões do objeto ou autor sobre o qual ele está escrevendo. Durante muitos anos, fui considerado um seguidor de Nietzsche porque uma vez escrevi um livro absolutamente objetivo sobre ele. As pessoas simplesmente não conseguem entender que o propósito de um escritor pode ser o de dar uma exposição objetiva própria. Eles pensam que todo mundo deve ser um fanático seguindo o assunto de que ele está a falar.” – GA 130: Trabalho íntimo do Karma

Existe o fanático que não possui percepção e opiniões próprias, apenas segue o que lhe colocado dentro de sua própria crença, seja ela política, religiosa, ideológica. E existe o fanático que segue a sua própria concepção particular em cima do objeto, seja político, religioso ou ideológico.

A diferença essencial seria a questão da individualidade, enquanto no primeiro, ela está super dissolvida na consciência coletiva (como uma ovelha no rebanho), no outro ela está num processo intenso de autopercepção, mas presa a força do ego e necessidade de autoafirmação tão intensa que não se abre a uma percepção coletiva da realidade, apenas a sua própria (como um prisioneiro de suas próprias concepções).

Leonardo Maia

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