Pelo
fato de isto ser muito difícil, poucos mortais podem orgulhar-se de
tê-lo conseguido. Mas, por ser o amor devotado e fiel o mais belo, nunca
se deveria procurar o que pode torná-lo fácil. Alguém que se apavora e
recua diante da dificuldade do amor é péssimo cavaleiro de sua amada. O
amor é como Deus: ambos só se revelam aos seus mais bravos cavaleiros.
Da
mesma forma critico o casamento experimental. O simples fato de assumir
um casamento experimental significa que existe de antemão uma reserva: a
pessoa quer certificar-se, não quer queimar a mão, não quer arriscar
nada. Mas com isto se impede a realização de uma verdadeira experiência.
Não é possível sentir os terrores do gelo polar na simples leitura de
um livro, nem se escala o Himalaia assistindo a um filme. O amor custa
caro e nunca deveríamos tentar torná-lo barato. Nossas más qualidades,
nosso egoísmo, nossa covardia, nossa esperteza mundana, nossa ambição,
tudo isso quer persuadir-nos a não levar a sério o amor. Mas o amor só
nos recompensará se o levarmos a sério.
Considero
um desacerto falarmos nos dias de hoje da problemática sexual sem
vinculá-la ao amor. As duas questões nunca deveriam ser separadas, pois
se existe algo como problemática sexual esta só pode ser resolvida pelo
amor. Qualquer outra solução seria um substituto prejudicial. A
sexualidade simplesmente experimentada como sexualidade é animalesca.
Mas como expressão do amor é santificada. Por isso não perguntamos o que
alguém faz, mas como o faz. Se o faz por amor e no espírito do amor,
então serve a um Deus; e o que quer que faça não cabe a nós julgá-lo
pois está enobrecido.
Carl Gustav Jung
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