domingo, 9 de setembro de 2012

“AMAI OS VOSSOS INIMIGOS”

Quando odeio a quem me odeia, não apenas aumento as trevas em que ele está, mas também aumento as minhas próprias trevas, direta e indiretamente. Diretamente, pelo próprio ódio que produzo em mim e indiretamente porque todo pensamento, sobretudo quando transformado em atitude permanente, produz vibrações de certa categoria; e estas vibrações, segundo uma lei cósmica inexorável, demandam automaticamente aquela zona onde encontrem afinidade vibratória: vibrações negativas associam-se a vibrações negativas, vibrações positivas vão em busca de vibrações positivas, no mundo da humanidade, e até dos seres infra-humanos.

Nesse mergulho no mundo das vibrações, os meus pensamentos em marcha são saturados dos elementos, negativos ou positivos, conforme sua natureza e afinidade, que encontrem no ambiente, e, carregados dessas vibrações, os meus pensamentos voltam a mim, porquanto, os meus pensamentos, por mais transcendentes que pareçam e distantes de mim, estão sempre imanentes em mim, inseparavelmente unidos à sua causa e fonte, e a natureza da sua saturação se refletirá necessariamente sobre seu emissor. Se, por exemplo, é emitido por mim um pensamento de ódio ou malquerença com 10 graus de negatividade, e encontrando lá fora um ambiente carregado com 20 graus negativos, este pensamento de ódio volta a mim saturado de 20 graus de negatividade ou malquerença, duplicando, portanto, o meu próprio estado negativo, e fazendo-me duas vezes pior do que eu era antes. “Cada um colherá conforme o que houver semeado.” “Quem ventos semeia, tempestade colherá.”

È de todo indiferente que a pessoa por mim odiada “mereça” ou “não mereça” o meu ódio; em qualquer hipótese, eu contribuo para tornar o mundo pior, porque me tornei pior a mim mesmo, parte integrante deste mundo. Eu, o sujeito e autor do meu ato, sou atingido pelo efeito do mesmo, muito antes que o objeto seja atingido. Ninguém pode atingir o objeto antes de atingir o sujeito. O mal que faço, ou procuro fazer a algum outro, me atinge a mim mesmo em primeiro lugar, e fere o sujeito de um modo muito mais grave do que possa ferir o objeto. “O que entra no homem não torna o homem impuro, mas o que sai do homem, isto sim, torna o homem impuro.”

O mal que os outros me fazem não me faz mal, porque não me faz mau. Antes que o mal faça mal a outros, já fez mal ao malfeitor, porque o fez mau. Não é certo que o objeto seja atingido por meu mal, mas é absolutamente certo que o sujeito é atingido por ele.

Esse impacto do meu pensamento sobre os objetos ou pessoas é antes de tudo, sobre o meu próprio sujeito, é tanto mais veemente e destruidor, quanto maior for a vibração emocional de que o pensamento está saturado.

Amar os seus inimigos é, pois, um preceito de sabedoria cósmica, porque promove a auto-realização do homem, a sua verdadeira cristificação.

(Huberto Rohden)

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