terça-feira, 18 de setembro de 2012
O Mito da Ave Fênix
Existem diferentes visões sobre o mito da Fênix, um dos mais difundidos e conhecidos no Ocidente.
A lenda da ave Fênix está relacionada com o antigo Egito e com o culto ao Sol, sendo que sua pátria era a Etiópia. A ave vivia durante um período de tempo que alguns mitólogos cifram em quinhentos anos, outros em 1.461, e outros ainda em 12.994 anos.
Todos coincidem que o aspecto da Fênix era de uma grande beleza, sendo parecida com uma garça, do tamanho de uma águia e com longas penas. Para os egípcios, era como o símbolo da imortalidade e deus protetor dos mortos, devido à sua relação com o renascimento.
Diziam que era de uma cor vermelha intensa e as penas cor de ouro. Em sua honra, lhe dedicaram um templo em Heliópolis, que foi a cidade sagrada da Fênix, para a qual voltava de tempos em tempos para morrer e renascer, já que este é o seu principal papel: renascer e criar a si mesma.
A lenda da Fênix está muito relacionada com a sua morte e ressurreição; é uma ave única, que não pode se reproduzir com os outros animais. No Reino Médio do Egito, diziam que era o guia do Sol e era associada ao planeta Vênus; na sua representação como garça, às vezes levava uma coroa branca e duas plumas, ou a coroa Atef, ou disco solar.
Segundo o historiador grego Heródoto, a cada 500 anos, a ave criava uma fogueira de incenso, que ardia, e da qual nascia uma nova ave que, com o calor, se transformava em uma nova Fênix. Dizem também que ela nasce e morre no fogo, como o Sol que aparece com o brilho dourado da aurora e morre com o vermelho do entardecer. Quando a Fênix sentia que chegava o fim de sua existência, recolhia e acumulava plantas aromáticas, incensos e resinas, e construía um grande ninho exposto aos raios solares. O calor do Sol, incidindo sobre as plantas secas, incendiava o ninho, e a Fênix ardia com ele, convertendo-se em cinzas. Do ninho impregnado com os restos da ave, surgia lentamente uma ave que se convertia na Fênix, e o primeiro cuidado que tinha era depositar os restos de seu pai num tronco oco. Escoltada por uma grande quantidade de aves de várias espécies, levava essas relíquias até Heliópolis, onde as depositava no Altar do Sol em honra ao deus Rá. Depois que acabava essa homenagem a seu progenitor, a jovem Fênix voltava para a Etiópia e ali vivia, alimentando-se de gotas de incenso, até que chegava o final de seus dias.
Entre os pagãos, a Fênix simbolizou a castidade e a temperança e, entre os cristãos, a ressurreição.
Dizem que, no Jardim do Paraíso, o Éden original, debaixo da Árvore da Sabedoria crescia uma roseira. De sua primeira rosa nasceu um pássaro, e seu vôo era como um raio de luz, com magníficas cores e maravilhoso canto.
Quando Eva pegou o fruto proibido da ciência do bem e do mal, a ave foi a única que não quis provar as frutas da árvore proibida, e quando Eva e Adão foram expulsos do Paraíso, da espada de um anjo caiu uma chispa divina no ninho da ave, pegando fogo no mesmo instante.
A ave morreu nessa fogueira, mas das próprias chamas surgiu uma outra, a Fênix, com uma plumagem inigualável, com o corpo dourado.
Posteriormente, a fábula a situa na Arábia, onde habitava próxima de um poço de águas frescas, e no qual se banhava todos os dias, entoando uma melodia bela que faz com que o Deus Sol detenha o seu carro para escutá-la.
A imortalidade foi o prêmio por sua fidelidade ao preceito divino, junto com outras qualidades como o conhecimento, a capacidade curativa de suas lágrimas, ou sua incrível força. Em todas as suas vidas, sua missão foi transmitir a sabedoria que possui desde a sua origem, junto da Árvore do Conhecimento, servindo de inspiração aos que buscam o saber, tanto aos artistas como aos cientistas.
A cada 100, 500 anos – e, em algumas versões, como dissemos, em 540, 1.461 ou 12.994 anos – constrói uma pira funerária em seu próprio ninho, e coloca incensos e plantas aromáticas, cantando belas canções, e coloca fogo em si mesmo, até extinguir-se.
Não existe mais do que uma ave, e sua forma de reprodução é o renascimento de suas cinzas. Esse mito se estendeu amplamente entre os gregos, que lhe deram o nome de Phoenicoperus, que significa "asas vermelhas", e que posteriormente se estendeu por toda a Europa romana. Durante a dominação de Roma, os primeiros cristãos, influenciados pelos cultos helênicos, fizeram dessa singular criatura um símbolo vivente da imortalidade e da ressurreição.
Outro simbolismo da ave Fênix é a esperança; a esperança que nunca deve morrer no homem. Como a nova Fênix acumula todo o conhecimento obtido por suas antecessoras – que, na realidade, são a mesma – um novo ciclo de inspiração e esperança começa.
Por Helena Gerenstadt
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