terça-feira, 18 de setembro de 2012
O acaso não existe; a vida é causal, não casual.
O que rege as nossas existências ensina o Espiritismo, não é o acaso, mas o livre-arbítrio, uma conquista do ser humano que se desenvolve com a evolução da alma. O livre-arbítrio se exercita, no entanto, de modos diferentes quando estamos na erraticidade e quando no plano físico, assunto que Kardec elucida de forma magistral no item 872 d’ O Livro dos Espíritos.
Reportando-se ao assunto, André Luiz pede que evitemos o uso do vocábulo acaso, tanto quanto as palavras sorte e azar, porque tais termos não têm a significação que lhes atribuímos.
Depois de uma tempestade, diz o ditado popular, vem a bonança. André Luiz discorda, asseverando: “Depois da tempestade, aguarde outras”. Em compensação, em vez de afirmar que “há males que vêm para bem”, podemos dizer que “todos os males vêm para o nosso bem”.
Joanna de Ângelis confirma a tese exposta por André Luiz ao tratar dos chamados acontecimentos inesperados: “Imprevisível é a presença divina surpreendendo a infração. Insuspeitável é a interferência divina sempre vigilante. Inesperado é a ocorrência divina trabalhando pela ordem” (Alerta, cap. 3, obra psicografada por Divaldo P. Franco).
O caso do czar Alexandre – Kardec fez na Revista Espírita de 1866, pp. 167 a 171, interessantes observações a propósito de uma tentativa de assassinato de que fora vítima o czar Alexandre da Rússia. No momento do atentado, um jovem camponês chamado Joseph Kommissaroff interveio, evitando que o crime fosse consumado.
Eis o que Kardec escreveu sobre o assunto: 1) Muitos atribuirão ao acaso o surgimento do jovem camponês na cena do crime. O acaso, porém, não existe. Como a hora do czar não havia chegado, o moço foi escolhido para impedir a realização do crime, pois as coisas que parecem efeito do acaso estavam combinadas para levar ao resultado esperado. 2) Os homens são os instrumentos inconscientes dos desígnios da Providência e é por eles que ela os realiza, sem haver necessidade de recorrer para tanto a prodígios. 3) Se o jovem Kommissaroff tivesse resistido ao impulso recebido dos Espíritos, estes se valeriam de outros meios para frustrar o crime e preservar a vida do czar. 4) Uma mosca poderia picar a mão do assassino e desviá-la do seu objetivo; uma corrente fluídica dirigida sobre seus olhos poderia ofuscá-lo e assim por diante. Mas, se tivesse soado a hora fatal para o imperador russo, nada poderia preservá-lo.
Levado o caso a uma sessão espírita realizada na casa de uma família russa residente em Paris, o Espírito de Moki, por meio do Sr. Desliens, explicou que mesmo na existência do mais ínfimo dos seres nada é deixado ao acaso: os principais acontecimentos de sua vida são determinados por sua provação; os detalhes, influenciados por seu livre arbítrio. Mas o conjunto da situação foi previsto e combinado antecipadamente por ele e por aqueles que Deus predispôs à sua guarda.
ANGÉLICA REIS
De Londrina
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