quinta-feira, 9 de março de 2017

Da lagarta à borboleta 4

continuação ...

Quando a nossa lagarta ego morre para a sua vida ego e entra na realidade mística do seu eu, esse é o primeiro estágio da evolução espiritual. A lagarta morreu para dentro da crisálida, mas ela não morreu para dentro da morte, senão não teria surgido a borboleta. Ela morreu como lagarta e não como vida. A vida da lagarta foi transferida para a crisálida. Aqui não há morte, apenas a vida está em outro estado. Deixa da vida extrovertida, para uma vida introvertida.

A meditação é uma introversão espiritual. Quando a gente olha para dentro de si e não mais para o exterior, então, estamos numa vida introvertida. Isto é a crisálida. Para a lagarta, isto é uma espécie de morte. A borboleta é a vida definitiva. A borboleta pode se quantificar, mas não pode se qualificar. Uma borboleta pode dar muitas lagartas por meio dos ovos, isso é quantificar, mas ela não pode se qualificar. Ela não pode dar uma qualidade superior a sua borboleta – isso seria a imortalidade da borboleta. Na natureza, os indivíduos não se imortalizam, apenas se quantificam, não se qualificam, não podem obter uma qualidade superior.

O ser humano tem o dever de ultrapassar a sua borboleta e se imortalizar individualmente.
Todos os mestres da humanidade sabem que a nossa imortalidade depende da consciência espiritual de nosso eu. Se a pessoa não adquire esta consciência não se imortaliza.

Cada um de nós deve ver se questionar em que estágio se encontra em sua evolução e como pode ultrapassá-lo. Poucos de nós se encontram no estágio de crisálida. O grosso da humanidade se encontra no estágio de lagarta. Aqui e ali, encontramos alguns místicos que já se encontram no estágio da crisálida, de meditação. A meditação é o estado em que nos esquecemos de toda exterioridade, que é da lagarta, e entramos na interioridade, que é da crisálida. Quanto mais vezes fizermos esta interiorização de lagarta para crisálida, tanto mais aceleramos a nossa evolução rumo a definitiva borboleta. Isto é absolutamente certo! As leis da física são as leis da metafísica.

Nós podemos entrar diariamente no estado de crisálida, fechando todas as portas dos sentidos e da inteligência. Então, entramos na solidão silenciosa da crisálida e se permanecermos uma hora inteira, nesse estado, longe dos sentidos, longe da inteligência, longe dos desejos, completamente isolados na consciência espiritual, então estamos no estado de crisálida. E se ficarmos diariamente, nesse estado de crisálida, de mística isolacionista, preparamos, pouco a pouco, o nosso corpo futuro da borboleta espiritual.

O ser humano sempre imagina que depois da morte não temos corpo. Sempre teremos corpo, não o corpo físico e matéria de agora que é o mais primitivo. Corpo não é só matéria e pode ser imaterial. O corpo astral e o corpo etéreo são um corpo, mas não um corpo material. Paulo de Tarso diz que existem muitos tipos de corpos e a ciência de hoje sabe que quando a energia se congela, então temos a matéria e quando a energia se descondensa, temos a luz. Depois vem um corpo de energia pura, chamada corpo astral.

Quanto mais vezes entrarmos num estado de meditação, de crisálida, tanto mais nós transformamos o corpo matéria num corpo extramaterial. Podemos preparar exatamente agora nesta vida, o nosso corpo futuro. A crisálida prepara o corpo futuro da borboleta em grande silêncio. Depois de algumas semanas, o corpo da borboleta já está formado dentro da crisálida. Do que é que ela formou o corpo da borboleta se não foi buscar nada de fora? Ela se serviu da matéria prima do corpo da lagarta e transformou aquele mingalzinho verde, nas asas e no corpo maravilhoso da borboleta. Quer dizer que na crisálida há uma laboração, é um laboratório, onde o corpo da borboleta é preparado.

Então, a borboleta rompe com a casca da crisálida com as asas todas enroladinhas, depois ela abre as asas e começa a voar. Podemos fazer com a meditação, a elaboração do corpo da nossa futura borboleta espiritual; nós não precisamos saber como, pois as próprias leis cósmicas se encarregam disto. Só precisamos ficar na solidão, em bastante concentração durante algum tempo e depois o resto acontece naturalmente.

Muitas pessoas bem ou mal, já estão se dedicando a prática da meditação, pois já se conscientizaram que esta é uma prática necessária para a nossa evolução. Muitas delas ainda se preocupam com técnicas meditativas. Atualmente existem tantas técnicas de meditação, tantos livros, que as pessoas acabam desanimando e desistindo logo de inicio. Acabam encostando os livros e deixando a prática da meditação de lado. A única técnica que realmente funciona é esvaziar-se totalmente da consciência do seu ego e nada mais. Não fazer, não pensar, não falar e não querer nada. Somente fazer uma vacuidade total do seu adorado ego… O Ego não gosta e se revolta com esta prática. Ele quer fazer algo!

Se alguém é capaz de se esvaziar totalmente da egoconsciência, vai acontecer-lhe a coisa mais grandiosa que é a invasão da cosmoconciência, ser invadido pela Alma do Universo que é Deus.

Isto não é uma descida para o inconsciente, mas sim uma subida para o supraconsciente. Durante a meditação, entramos na supraconsciência e não na infraconsciência. Entramos no êxtase, no Samade, o terceiro céu.

Por aqui podemos ver a importância da humanidade aprender a fazer o que toda a natureza faz por meio dos seus estágios de evolução.

(Extraído de uma palestra)

“Só quando a mente está vazia existe a possibilidade de criação. Refiro-me ao vazio que resulta de uma extraordinária atividade de reflexão, quando a mente, percebendo a sua própria capacidade de criar ilusões, passa além” ( Krishnamurt)


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