A FASE DA
ALMA INTUITIVA OU FASE MÍSTICA
Dra. Gudrun Burkhard
Esta fase
que precede a aposentadoria, ou na qual ela se inicia, é uma fase bastante
mística, muitas vezes com problemas de saúde e de difícil aceitação psíquica. É
a pré-senilidade, as folhas do outono caíram, começa o “inverno”. É a fase onde
reavaliamos nossos valores, olhamos para trás, como foi nossa vida, o que
alcançamos e o que deixamos de alcançar. “O que vamos levar de tudo isso para
além da morte?” “Quanto tempo perdi!” “Não há mais tempo…” são expressões
comuns ou então “só espero me aposentar para…”.
Nessa época podemos
ter o encontro da realidade espiritual verdadeira, daí a denominação de “fase
mística”. A pessoa pode se tornar um verdadeiro “guru”. Não é à toa que os
papas, mas também dirigentes de países ou regentes de orquestra tem idades
avançadas, aproveitando o novo “órgão perceptivo” que só a fase da “sabedoria”
se permite desenvolver.
Novamente
encontramo-nos isolados, dentro de nós mesmos, e olhamos criticamente ao nosso
redor, ou de nós emana a verdadeira luz que agora foi interiorizada. É a fase
da abnegação (se no primeiro setênio conseguimos desenvolver a confiança
básica). Porém, podemos ter nos tornado pessoas amarguradas e cheias de rancores.
Questões como estas
se levantam: “Será que vamos morrer sadios, ou ainda teremos que aprender a
conviver com a doença? ”
A percepção externa
diminui, mas a vida interna pode aumentar incrivelmente – daí a possibilidade
de desenvolvimento artístico. O artista não se aposenta! Podemos escrever nossa
biografia, avaliar perdas e ganhos e descobrir o que falta ser desenvolvido.
“Qualquer momento da vida é tempo de começar algo” e de trabalharmos sobre algo
que a vida nos deu oportunidade para desenvolver anteriormente.
No relacionamento,
muitas vezes palavras não são mais necessárias; mas sentar-se juntos em
silencio para ver o pôr-do-sol expressa a harmonia em que os dois se encontram.
Se esta harmonia não foi encontrada, o casal se irrita constantemente com os
costumes do outro (por exemplo, a maneira de assoar o nariz, de roncar, de
comer) e a vida dos dois pode se tornar um inferno.
AS FASES FINAIS
Depois de ter
completado os ciclos planetários, pode-se dizer que a entidade humana se
liberta dessas influencias, elas passam a não influenciar mais, nem de forma
positiva, nem de forma negativa. Para muitos, isto significa a morte em torno
dos 63 anos; para outros começa uma fase bastante produtiva.
Seria a fase da
senilidade. Muitos que talvez na fase anterior, entre 56 e 63 anos, já estavam
doentios ou mesmo doentes, agora podem se tornar sãos novamente. Naturalmente
isso depende de como foi a infância, pois esta fase está intimamente ligada à
infância, e muitos idosos não vivem o presente ou o ontem, mas épocas bem
anteriores, da infância e da juventude. Uma certa morosidade de pensamento e
ações é natural, a inflexibilidade para com mudanças e costumes, a importância
das refeições regulares e o prazer com as mesmas, são aspectos que devem ser
considerados. Igualmente importante é uma garantia de sobrevivência financeira
(para se poder ter a devida serenidade). Muitos velhos cultivam flores e o seu
jardim passa a ser novamente importante; ou então confeccionam brinquedos para
netos e netas. Ser avo ou avó pode ser um aspecto importante para a velhice. E
quais são os netos que não gostam de escutar contos de fada, que vovô ou vovó
sabem contar tão bem?
Pouco a pouco as
portas para o mundo, os órgãos dos sentidos, vão se fechando, e a vida interior
dos velhos é a parte mais importante. Quanto mais rica for, melhor eles se
sentirão. Se ficarem voltados apenas para o materialismo, a mesquinhez em
relação às suas posses pode se tornar excessiva. Gradativamente, à medida que
as forças físicas vão diminuindo, a luz interna pode crescer – a luz externa da
criança se interiorizou totalmente no decorrer da vida e o velho começa a luzir
de dentro, cumprindo a sua evolução de ser humano na nossa terra, e levando
esta luz metamorfoseada para além morte, de volta ao cosmos. O medo da morte,
que em muitos já existe desde a juventude, pode ser superado em grande parte
pela consciência dos acontecimentos que ocorrem com a alma e o espírito após a
morte. Na literatura antroposófica de Rudolf Steiner podem ser encontradas
referencias a inúmeros desses aspectos.
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