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EXERCÍCIO: ACALMAR A MENTE E OLHAR PARA DENTRO
Sente-se em uma posição confortável. O seu corpo deve permanecer em uma postura ereta, mas não tensa, mantenha os olhos semicerrados. Respire durante cinco minutos, prestando atenção no entrar e sair do ar que acontece por meio da sua respiração. Sinta que os pensamentos caóticos aos poucos vão se aquietando. Quando os pensamentos surgem, não tente nem bloqueá-los nem fazer com que se multipliquem. Simplesmente continue a observar a sua respiração.
Em seguida, em vez de prestar atenção àquilo que vê ou escuta no mundo externo, volte a sua “visão” para dentro e “olhe” para a mente em si. “Olhar”, aqui, significa observar a sua própria consciência ou atenção, não o conteúdo dos seus pensamentos. Deixe a mente suavemente chegar ao repouso, como um viajante cansado que encontra um prado verdejante e aprazível onde pode sentar-se um pouco.
Então, com um profundo sentimento de apreço, pense no valor da existência humana e no seu potencial extraordinário, pronto para desabrochar. Perceba, também, que esta vida precisa não durará para sempre e que é essencial fazer dela o melhor possível. Examine sinceramente aquilo que é mais importante, para você, na vida. O que você precisa atingir, ou o que deve descartar, para conseguir o bem-estar autêntico e viver uma existência plena de significado? Quando os fatores que contribuem para a felicidade verdadeira estiverem claros para você, imagine que eles desabrocham, florescendo na sua mente. Decida-se a alimentá-los dia após dia.
Finalize a sua meditação fazendo com que pensamentos de bondade pura envolvam todos os seres vivos.
O desejo, o ódio e as outras paixões são inimigos sem mãos, sem pés; não são nem bravos nem inteligentes; como pude tornar-se escravo deles?
Entrincheirados em meu coração, eles me atingem à vontade, e eu nem mesmo me irrito; que vergonha dessa paciência absurda!
SHANTIDEVA
Para o budismo, dominar a mente consiste, entre outras coisas, em ser capaz de entender as emoções e como elas funcionam, não deixar que as emoções se manifestarem sem discriminação. Uma torrente cujas margens foram estabilizadas pode manifestar seu vigor sem devastar os campos adjacentes.Como neutralizar o poder alienante das emoções conflituosas sem se tornar insensível ao mundo, sem tirar da vida as suas riquezas? Se nos contentarmos em relegar essas emoções ao esquecimento, nas profundezas do inconsciente, elas ressurgirão com força ainda maior na primeira oportunidade, continuando a fortalecer as tendências que perpetuam o conflito interior. O ideal, ao contrário, é permitir que tais emoções se formem e se desfaçam sem deixar nenhum vestígio na mente. Os pensamentos e as emoções continuarão a surgir, mas sem proliferar, vão perdendo assim o seu poder de escravizar-nos.
Poderíamos argumentar que as emoções conflituosas – a raiva, o ciúme, a avidez – são aceitáveis porque são naturais e não há necessidade de interferir nelas. Mas a doença também é um fenômeno natural. Não nos conformamos com ela nem a recebemos como um integrante desejável da vida. É tão legítimo agir contra as emoções perturbadoras quanto tratar de uma doença. Afinal de contas, essas emoções negativas não são doenças? À primeira vista, esse paralelo pode aparecer excessivo, mas um olhar mais atento revela que ele está longe de ser infundado, já que grande parte da confusão interior e do sofrimento nascem de uma série de emoções perturbadoras que enfraquecem o nosso “sistema imunológico mental”, enquanto que o bem-estar duradouro surge do cultivo das emoções positivas e da sabedoria.
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