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Derivada do verbo latino emovere, que significa “mover”, a palavra emoção é atribuída a todo sentimento que faz a mente entrar em movimento, seja na direção de um pensamento nocivo, seja na de um neutro ou positivo. Para o budismo, a emoção é aquilo que condiciona a mente e faz com que ela adote uma determinada perspectiva, uma certa visão das coisas. Não se trata sempre de um acesso ou uma explosão emocional que, de maneira repentina, surge na mente – definição que estaria mais próxima daquilo que os cientistas estudam como emoção.
A forma mais simples de estabelecer distinções entre as nossas emoções consiste em examinar a sua motivação (a atitude mental e o objetivo escolhido) e os resultados. Se uma emoção fortalece a nossa paz interior e nos ajuda a buscar o bem dos outros, ela é positiva ou construtiva; se ela destrói a nossa serenidade, perturba profundamente a nossa mente e quer ferir os outros, é negativa ou perturbadora. Quanto ao resultado, ou às consequências, o único critério é o bem ou o sofrimento que engendramos por meio dos nossos atos, palavras e pensamentos, a nós mesmos e aos outros. É isso que diferencia, por exemplo, a “cólera santa” – a indignação causada por uma injustiça que testemunhamos – da fúria engendrada pelo desejo de ferir alguém. A primeira libertou povos da escravidão, da dominação e nos leva às passeatas para transformar o mundo; destina-se a fazer cessar a injustiça o mais rapidamente possível, ou conscientizar alguém dos erros que está cometendo. A segunda só gera sofrimentos.
Se a motivação, o objetivo visado e as consequências são positivas, pode-se utilizar meios apropriados, seja qual for a aparência que tenham. A mentira e o roubo geralmente são atos nocivos e, portanto, à primeira vista, repreensíveis; mas podemos também mentir para salvar a vida de uma pessoa perseguida por um assassino, ou furtar as reservas alimentares de um potentado egoísta para alimentar habitantes de uma vila que estejam morrendo de fome. Por outro lado, se a motivação é negativa e o objetivo nocivo ou egoísta, mesmo recorrendo a meios aparentemente respeitáveis os atos são negativos. Como disse o poeta tibetano Shabkar: “O homem compassivo é gentil mesmo quando está irado; o homem que não tem compaixão mata com um sorriso”.
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