Alguns sistemas de filosofia ensinam que nosso caráter é imutável:
que nascemos com um destino que devemos suportar, sem esperança de modificá-lo.
Não é assim. Podemos não só modificar nosso caráter, mas mudálo completamente — somos senhores quase que absolutos do nosso destino.
Sendo assim, o homem possui, portanto, livre-arbítrio, ainda que certos filósofos afirmem que seu destino é fixo antecipadamente.
A fatalidade governa, evidentemente, os reinos mineral, vegetal, animal, assim como o homem inferior, cuja vontade não foi ainda desenvolvida.
Levado pelo destino implacável, o indivíduo desta categoria é fatalmente arrastado na direção que suas atividades anteriores lhe traçaram: é o joguete de todos os acontecimentos.
Mas, desde que o homem saiba querer, pode vencer o destino e adquirir seu livre-arbítrio.
Exerce, então, uma ação direta sobre os acontecimentos triviais da vida, e estes, em vez de serem o peso de um passado, respondem aos seus desejos.
É o que fez Edgard A. Poe dizer: "Prendendo Deus, estreitamente, a natureza pelo destino, deu a liberdade à vontade humana".
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A Providência está em nós e não fora de nós: a natureza não nos domina, mas, ao contrário, obedece aos nossos impulsos, ao nosso movimento interno; ela não é senão o campo posto à nossa disposição para cultivar a nossa evolução, e só podemos colher o que nele tivermos plantado; em uma palavra: nós mesmos forjamos o nosso destino.
Não há efeito sem causa; o acaso não existe e o maior número de sucessos
ordinários da vida pode ser previsto, pois os que se cumprem neste momento são a conseqüência dos que se deram no passado, como os que se realizarem no futuro dependem dos fatos presentes.
Quando durante muito tempo as repetimos, as menores coisas geram os maiores
efeitos; e sabemos que a gota d'água, à força de bater na pedra dura, consegue
furá-la.
Em princípio, para nos traçar um destino feliz, convém inicialmente que cada qual procure o caminho que mais lhe convenha, pois todos nós temos aptidões especiais; que adquira todos os conhecimentos requeridos para estar sempre à altura de sua tarefa, e que dirija a corrente de seus pensamentos para o fim que deseja atingir.
Mas não basta dizer apenas com os lábios: eu quero; convém que a vontade parta naturalmente dos recessos mais profundos da consciência e que nasça de um vivo desejo de êxito; que seja uma vontade calma, constante, uniforme; que, sem orgulho, mas com nobre altivez, se tenha a maior confiança em seu próprio valor, na eficácia dos meios que se empregam e na certeza absoluta da vitória.
Nem todos os indivíduos são aptos para querer com energia e perseverança.
A calma e o sangue-frio no momento do perigo são indícios de uma vontade poderosa.
Em geral, as pessoas nervosas e impressionáveis, que se irritam com a menor provocação, são indivíduos de vontade fraca, sobretudo quando são teimosos e não cumprem a determinação tomada no momento de exaltação.
Mas a vontade de uns e de outros é sempre suscetível de educação e desenvolvimento, e isto com tanto mais facilidade quanto menos obstinados
forem.
Assim, para sermos fortes, sadios, termos êxito em tudo e assegurarmos
o nosso destino, convém que exerçamos ao nosso redor uma poderosa
influência pessoal; que sejamos simpáticos e atraentes.
Essa influência, num grau mais ou menos elevado naturalmente e mesmo inconscientemente, possuem os líderes da opinião pública, reformadores
e religiosos, grandes oradores e por todos aqueles que, de baixa
situação social, elevam-se às melhores posições.
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de "Magnetismo pessoal", de Heitor Durville
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