quarta-feira, 21 de novembro de 2012

A alquimia interior


Muito se tem falado acerca das transformações pelas quais está passando o planeta Terra. A tão comentada transição planetária, -que muito temem por considerar o fim dos tempos-, será determinada, acima de tudo, por uma mudança no padrão de consciência dos seres humanos.

Para muitas pessoas, este termo soa como algo absolutamente incompreensível. Muitos me perguntam como mudar este padrão e de que modo podem realizar a prática da interiorização.

A meditação, que tenho recomendado incessantemente, é um dos principais pilares no processo de autoconhecimento. Mas não é o único. Para aqueles que ainda sentem uma grande dificuldade em praticar técnicas específicas, é possível exercitar o autoconhecimento por um método, no meu entender, mais simples e menos exigente em termos de disciplina e força de vontade.

Trata-se da observação. A cada momento do dia, é possível praticá-lo sem que seja necessária nenhuma técnica ou programação especial. Observar inicialmente o corpo, suas reações, e as sensações físicas mais explícitas é o início de tudo.

A seguir, observar a mente e o padrão de pensamentos que ali predominam. O simples observar, sem qualquer padrão de julgamento, faz com que o incessante fluxo de pensamentos comece aos poucos a desaparecer, e a dar lugar a um novo estado de ser, onde a harmonia e a serenidade se tornam naturais.

Depois, observar as emoções, e tentar identificar a origem de cada uma delas, qual acontecimento determinou que surgisse. São estas três dimensões do ser que precisamos inicialmente conhecer, para só então podermos adentrar num estágio mais profundo de consciência, a do plano divino.
Este, ao contrário do que muitos imaginam, não exige nenhum mecanismo de busca complexo, mas estará disponível de modo simples e natural, tão logo nos habituemos a adentrar no silêncio e na quietude da mente.

Toda transformação, seja de que nível for, só se torna possível se for realizada em total consciência. Caso contrário, continuaremos escravos de padrões emocionais inconscientes, vivendo como robôs automatizados, jogados de um lado para outro sem qualquer poder de decisão acerca de nossa própria vida.

"As Três Chaves para o Autoconhecimento
Na minha visão, a primeira coisa que precisa ser entendida é que todas as qualidades da sua personalidade, do seu coração, devem desenvolver-se corretamente.

Qual é o segundo ponto? O segundo ponto é que deve existir consciência, mas nenhuma repressão. Quanto mais você reprime os sentimentos, mais eles tornam-se inconscientes.

Você é uma coletânea de energias desconhecidas. Você é o centro de energias bem desconhecidas, com as quais você não tem nenhuma familiaridade, nenhuma consciência.

O conhecer faz de você um mestre. Dentro de você, muitas energias, mais fortes do que a eletricidade, estão acesas, faiscando. A raiva, o ódio, o amor soltam faíscas dentro de você.

Transforme a sua vida num laboratório do interior e comece a conhecer todas essas energias dentro de você - observe-as, reconheça-as. Nunca as reprima, nem mesmo casualmente. Nunca as tema, nem por engano, mas tente conhecer o que quer que exista dentro de você. Se a raiva vem, sinta-se afortunado e agradeça à pessoa que lhe fez sentir raiva; ela lhe deu uma oportunidade - alguma energia surgiu dentro de você e agora você pode observá-la. Olhe-a silenciosamente, isolada; pesquise para ver o que ela é.

Quanto mais cresce o seu saber, mais profunda torna-se a sua compreensão. Quanto mais você torna-se mestre da sua raiva, mais perceberá que ela está sob o seu domínio. No dia em que você se tornar o mestre da sua raiva, será o dia em que você poderá transformá-la.

Você somente pode transformar aquilo do qual você é mestre; você não pode mudar aquilo do qual você não é mestre. E lembre-se, você nunca pode ser mestre de algo com o qual você briga, porque é impossível tornar-se mestre de um inimigo; só se pode ser mestre de um amigo. Se você se torna inimigo das suas energias interiores, então, nunca poderá tornar-se mestre das mesmas. Você não pode vencer sem amor e amizade.

Não tema, nem condene os infinitos tesouros de energias dentro de você. Comece conhecendo o que se encontra escondido no seu interior.
Esta é a segunda chave: você não deve reprimir nenhuma de suas energias: você deve conhecê-las, reconhecê-las, observá-las e vê-las. A observação terá dois resultados: primeiro, o conhecimento de suas próprias energias se ampliará, e conhecê-las fará de você um mestre; e segundo, a força do grilhão que essas energias têm sobre você diminuirá.

Bem lentamente, você descobrirá que primeiro a raiva vem e você observa; então, gradualmente, depois de algum tempo, você descobrirá que quando a raiva vier, o observador virá ao mesmo tempo. E finalmente, você descobrirá que quando a raiva se preparar para aparecer, o observador já estará lá. A partir do dia em que o observador chega antes da raiva, não há mais nenhuma possibilidade da raiva surgir.
A terceira chave é a transformação.

Cada qualidade pode ser transformada. Tudo tem muitas formas; tudo pode mudar para a forma oposta. Não há qualidade ou energia que não possa ser convertida para o bem, para a benção. E lembre-se, aquilo que pode tornar-se ruim, sempre pode tornar-se bom; aquilo que pode tornar-se prejudicial, sempre pode tornar-se útil. Útil e prejudicial, bom e ruim são direções. É uma questão simples de transformar mudando a direção e as coisas se tornarão diferentes.

A forma que você está se movendo agora é errada. Qual é a prova que algo está errado? A prova que algo está errado é que quanto mais você se move, mais você se torna vazio; quanto mais você se move, mais você se torna triste; quanto mais você se move, mais você se torna impaciente; quanto mais você se move, mais você é preenchido com escuridão. Se for esta a situação, então certamente você está se movendo erradamente.

Bem-aventurança é o único critério para a vida. Se sua vida não é bem aventurada, então saiba que você está se movendo erradamente. Sofrimento é o critério de estar errado, e bem-aventurança é o critério de estar certo - não há outro critério. Não há necessidade de perguntar a mais ninguém. Você pode usar esse critério todo dia, na sua vida cotidiana. O critério é a bem-aventurança. É o mesmo critério de testar ouro esfregando-o em uma pedra: o ourives jogará fora o que quer que não seja puro e colocará o que é puro na sua loja. Continue checando, cada dia, utilizando o critério da bem-aventurança; veja o que é certo e o que é errado.

O que quer que esteja errado pode ser jogado fora, e o que quer que esteja certo começará a se acumular lentamente como um tesouro". 


Osho, The Inner Journey.


post por Elizabeth Cavalcanti em "STUM"

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