segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Tempo de mudanças


Claramente observamos hoje a sociedade passando por profundas 
transformações. Revendo os ciclos evolutivos da humanidade, constatamos, nas repetidas vezes, que o caos sempre antecedeu a ordem e o equilíbrio. A falência de qualquer filosofia, na qual se baseia toda e qualquer estrutura social, é o sinal promissor de que mudanças graves anunciam o despertar de uma nova consciência, de uma nova civilização emoldurada sob novas concepções, que derivam da análise subjetiva dos recentes fatos.
Estamos em meio a um conflito de ideologias e valores. Por um lado, o apego excessivo às concepções materialistas, que resultam do desespero inconsciente de uma coletividade ainda impulsionada pela ganância, pela disputa e pelo egocentrismo excessivo, enceguecida pelo descaso e destruída pela negação de seus próprios sentimentos. O advento da visão materialista, matemática e racionalista de Descartes, surgida em meados do Séc. XVII e adotada até os nossos dias, tornou-se uma das maiores filosofias aniquiladoras na qual se estruturou o homem moderno. O culto à matéria impôs-nos a mascar do ceticismo, promovendo um imenso desequilíbrio, que chega agora ao ápice de seu imenso poder destruidor. O materialismo, ao invés de nos impulsionar ao progresso humano – não se nega aqui o tecnológico e o científico – transformou o saber e a força num superficial fábrica de futilidades e comodismos.
O conhecimento alcançado pelo excessivo valor ao mental tornou-se um poderoso arsenal de violência e força destrutiva. Sentimos em consequência, o terrível vazio que habita em nós. É a carência de diretrizes morais, que nos tornam incapazes de gerir este grande poder. E, sem controle, ele se constitui em nossas mãos inábeis, por meio de nossa psique primitiva e imatura, um instrumento de destruição coletiva. Isto o mundo já presencia. E hoje, com mais intensidade. Mas isso não nos basta, porque continuamos a repetir os mesmos padrões, pela fome insana de poder que jamais será suprida.
Estamos no “Final dos Tempos”, onde a loucura e a irresponsabilidade tornaram-se o estopim de um estado de barbárie coletiva. Instalam-se o medo, o terror, as guerras, as crises econômicas e políticas mundiais, como constatação da involução moral causada pela visão distorcida da concepção materialista, em todas as estruturas das organizações sociais, sem exceção.
Tudo isso é observável: A falência do materialismo; o insucesso de suas ideologias. Mas não basta ao homem o apelo ao terror que inspira a perspectiva da autodestruição. Não basta apelar ao senso de utilitarismo ou de preservação. E é então, que do caos e do desespero, surge o germe da mudança. O impulso na direção oposta, que apela ao equilíbrio das forças contrárias. O impulso que se constata na reação das massas que se consolam novamente em busca da Fé perdida, da essência espiritual da alma renegada aos porões da existência.
Não se trata aqui de fanatismos ou concepções salvacionistas. Trata-se da urgência pelo equilíbrio. Algo de imenso e novo certamente há de maturar. Estamos no berço de uma nova civilização, que surge timidamente das massas cansadas do sofrer e das injustiças. Renovação que se inicia no clamor das multidões, porém sem alarde, sem propaganda, sem armas, sem conflitos. Estamos vendo o nascimento do homem espiritual. Resgatamo-nos agora do abismo trevoso no qual enterramos nossos sentimentos e nossa pureza.
Espera-se somente que o novo homem a surgir seja suficientemente inteligente para compreender a enorme vantagem que pode vir a beneficiar a todos sem distinção, da valorização do fator moral e anímico na vida social, porque só assim se podem obter paz, confiança, segurança e igualdade. Mas podemos argumentar que esse novo “Homem de Bem” – consciente e justo – é e sempre será uma utopia. Mas é justamente a história que sempre nos revela que a utopia de hoje se torna a verdade do amanhã.
Espera-se que a nova humanidade se consolide em bases morais mais puras. Toda evolução impõe novas formas de luta e concepções mais elevadas. A vida inegavelmente caminha para a formação de grandes unidades, em que são imprescindíveis ao caráter coletivo a compreensão e a colaboração, para que uma cultura de Paz e Tolerância, relativa a todas as diversidades culturais, possa se estabelecer e impulsionar uma Nova Era de harmonia e progresso, onde a razão e o espírito se unam e se equilibrem na conformação de um Novo Mundo.

Por Cristina Lessa Cereja

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