quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Ensinamentos de Mestres

..... Segue o aprendiz após a matrícula, com o seu caderno em branco, onde deverá escrever novo capítulo na história de si mesmo, com as tintas do livre arbítrio e os pincéis da esperança.

A bagagem que lhe é permitido trazer, constitui-se em algumas moedas, pois ninguém viaja desafortunado, representando algum mérito que possua. Igualmente portará duplicatas e promissórias, constando-lhe os deméritos, um mapa indicativo das oportunidades que terá de encontrar o Cristo, é uma bússola para orientação nas tempestades, qual seja, a própria consciência, voz de Deus em seu interior, a qual consultará e deverá seguir. Cabe-lhe duplicar os talentos, para com eles resgatar as dívidas contraídas, no que terá sem dúvida, as oportunidades de serviço que souber criar.

Constitui-se assim a terra, em imenso colégio, onde poucos são os mestres, muitas são as reprovações, escassos são os diplomas na honra e no mérito. Obrigando-se o aprendiz ao esforço conjugado no exercício moral-intelectual, muitos tornam-se cultos e poucos se fazem sábios. Outros, “santificam-se” portando espessa auréola de ingenuidade. Avolumam-se os teóricos, os fanáticos, os orgulhosos, os medíocres, os vaidosos do que julgam saber. Uma escola onde muitos mestres ilustres foram assassinados no exercício de suas missões, e cujos crimes que cometeram resumiam-se no lecionar virtudes. Escola viciosa, onde muitos professores se perturbam com suas próprias lições, tornando dúbia a aprendizagem pela falta de coerência prática, e cujo livro adotado há quase dois mil anos, ainda não foi absorvido.

É natural portanto, sinta-se o Espírito, apesar de todo o apoio e solidariedade prestadas, deprimido e angustiado. A farda que vestirá nem sempre terá o modelo padrão dos demais alunos. Faltar-lhe-á por vezes, os detalhes da estética, tornando-o desfigurado frente ao manequim que era. No entanto, tudo passa, tudo é superável, tudo é aprendizagem. O segredo de quem viaja, é ir para onde Deus quiser, levando-o consigo.
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Do livro “O Diário do doutrinador”, de Luiz Gonzaga Pinheiro

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