quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Os degredados de Capela



"Há muitos milênios, um dos orbes do Cocheiro, que guarda muitas afinidades com o globo terrestre, atingira a culminância de um dos seus extraordinários ciclos evolutivos...
Alguns milhões  de espíritos rebeldes lá existiam, no caminho da evolução geral, dificultando a consolidação das penosas conquistas daqueles povos cheios de piedade e de virtudes..."
Esses ciclos são muito longos no tempo, pois incluem a evolução milenar de todas as respectivas sub-raças
13 A Caminho da Luz, cap. 111. (Nota da Editora)

- "As Grandes Comunidades Espirituais, diretoras do Cosmo, deliberaram, então, localizar aquelas entidades pertinazes no crime, aqui na Terra longínqua."
Dá-nos, pois, assim, Emmanuel, com estas revelações de tão singular natureza, as premissas preciosas de conhecimentos espirituais transcendentes, relativos à vida planetária - conhecimentos estes já de alguma forma focalizados pelo Codificador   que abrem perspectivas  novas e muito dilatadas à compreensão de acontecimentos históricos que, de outra forma - como, aliás, com muitos outros tem sucedido - permaneceriam na obscuridade ou, na melhor das hipóteses, não passariam de lendas.
Aliás, essa permuta de populações entre orbes afins de um mesmo sistema sideral, e mesmo de sistemas diferentes,  ocorre periodicamente, sucedendo sempre a expurgos de caráter seletivo, como também é fenômeno que se enquadra  nas leis gerais da justiça e da sabedoria divinas, porque vem  permitir reajustamentos oportunos, retomadas de equilíbrio,  harmonia e continuidade de avanços evolutivos para as  comunidades de espíritos habitantes dos diferentes mundos.
Por outro lado, é a misericórdia divina que se manifesta, possibilitando a reciprocidade do auxílio, a permuta de ajuda e de conforto, o exercício, enfim, da fraternidade para todos os seres da criação.
Os escolhidos, neste caso, foram os habitantes da Capela que, como já foi dito, deviam dali ser expurgados por terem se tornado incompatíveis com os altos padrões de vida moral,  já atingidos pela evoluída humanidade daquele orbe.
14 A Gênese, Allan Kardec, cap. XI.

Resolvida, pois, a transferência, os milhares de espíritos  atingidos pela irrecorrível decisão foram notificados do seu novo destino e da necessidade de sua reencarnação em planeta inferior.
Reunidos no plano etéreo daquele orbe, foram postos na presença do Divino Mestre para receberem o estímulo da Esperança e a palavra da Promessa, que lhes serviriam de consolação e de amparo nas trevas dos sofrimentos físicos e morais, que lhes estavam reservados por séculos.
Grandioso e comovedor foi, então, o espetáculo daquelas  turbas de condenados, que colhiam os frutos dolorosos de seus desvarios, segundo a lei imutável da eterna justiça.
Eis como Emmanuel, no seu estilo severo e eloqüente,  descreve a cena:
- "Foi assim que Jesus recebeu, à luz do seu reino de amor e de justiça, aquela turba de seres sofredores e infelizes.
Com a sua palavra sábia e compassiva exortou aquelas  almas desventuradas à edificação da consciência pelo cumprimento dos deveres de solidariedade e de amor, no esforço regenerador de si mesmas.
Mostrou-lhes os campos de lutas que se desdobravam na Terra, envolvendo-as no halo bendito de sua misericórdia e de sua caridade sem limites.
Abençoou-lhes  as lágrimas santificadoras, fazendo-lhes  sentir os sagrados triunfos do futuro e prometendo-lhes a sua colaboração cotidiana e a sua vinda no porvir.
Aqueles seres desolados e aflitos, que deixavam atrás de si todo um mundo de afetos, não obstante os seus corações  empedernidos na prática do mal, seriam degredados na face obscura do planeta terrestre; andariam desprezados na noite  dos milênios da saudade e da amargura, reencarnar-se-iam no seio das raças ignorantes e primitivas, a lembrarem o paraíso perdido nos firmamentos distantes.
Por muitos séculos não veriam a suave luz da Capela, mas  trabalhariam na Terra acariciados por Jesus e confortados na sua imensa misericórdia."
E assim a decisão irrevogável se cumpriu e os exilados, fechados seus olhos para os esplendores da vida feliz no seu mundo, foram arrojados na queda tormentosa, para de novo somente abri-los nas sombras escuras, de sofrimento e de morte, do novo "hábitat" planetário.
Foram as coortes de Lúcifer que, avassaladas pelo orgulho e pela maldade, se precipitaram dos céus à terra, que daí por diante passou a ser-lhes a morada purgatorial por tempo indefinido.
E após a queda, conduzidos por entidades amorosas, auxiliares do Divino Pastor, foram os degredados reunidos no etéreo terrestre e agasalhados em uma colônia espiritual, acima da crosta, onde, durante algum tempo, permaneceriam em trabalhos de preparação e de adaptação para a futura vida a iniciar-se no novo ambiente planetário.

trecho do livro "Os Exilados de Capela",  de Edgard Armond 

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