"Há muitos milênios, um dos orbes do Cocheiro, que guarda
muitas afinidades com o globo terrestre, atingira a culminância de um dos seus
extraordinários ciclos evolutivos...
Alguns milhões de
espíritos rebeldes lá existiam, no caminho da evolução geral, dificultando a
consolidação das penosas conquistas daqueles povos cheios de piedade e de virtudes..."
Esses ciclos são muito longos no tempo, pois incluem a
evolução milenar de todas as respectivas sub-raças
13 A Caminho da Luz, cap. 111. (Nota da Editora)
- "As Grandes Comunidades Espirituais, diretoras do Cosmo,
deliberaram, então, localizar aquelas entidades pertinazes no crime, aqui na
Terra longínqua."
Dá-nos, pois, assim, Emmanuel, com estas revelações de tão
singular natureza, as premissas preciosas de conhecimentos espirituais
transcendentes, relativos à vida planetária - conhecimentos estes já de alguma
forma focalizados pelo Codificador que abrem perspectivas novas e muito dilatadas à compreensão de
acontecimentos históricos que, de outra forma - como, aliás, com muitos outros
tem sucedido - permaneceriam na obscuridade ou, na melhor das hipóteses, não
passariam de lendas.
Aliás, essa permuta de populações entre orbes afins de um
mesmo sistema sideral, e mesmo de sistemas diferentes, ocorre periodicamente, sucedendo sempre a
expurgos de caráter seletivo, como também é fenômeno que se enquadra nas leis gerais da justiça e da sabedoria
divinas, porque vem permitir
reajustamentos oportunos, retomadas de equilíbrio, harmonia e continuidade de avanços evolutivos
para as comunidades de espíritos
habitantes dos diferentes mundos.
Por outro lado, é a misericórdia divina que se manifesta,
possibilitando a reciprocidade do auxílio, a permuta de ajuda e de conforto, o
exercício, enfim, da fraternidade para todos os seres da criação.
Os escolhidos, neste caso, foram os habitantes da Capela
que, como já foi dito, deviam dali ser expurgados por terem se tornado
incompatíveis com os altos padrões de vida moral, já atingidos pela evoluída humanidade daquele
orbe.
14 A
Gênese, Allan Kardec, cap. XI.
Resolvida, pois, a transferência, os milhares de espíritos atingidos pela irrecorrível decisão foram
notificados do seu novo destino e da necessidade de sua reencarnação em planeta
inferior.
Reunidos no plano etéreo daquele orbe, foram postos na
presença do Divino Mestre para receberem o estímulo da Esperança e a palavra da
Promessa, que lhes serviriam de consolação e de amparo nas trevas dos
sofrimentos físicos e morais, que lhes estavam reservados por séculos.
Grandioso e comovedor foi, então, o espetáculo daquelas turbas de condenados, que colhiam os frutos dolorosos
de seus desvarios, segundo a lei imutável da eterna justiça.
Eis como Emmanuel, no seu estilo severo e eloqüente, descreve a cena:
- "Foi assim que Jesus recebeu, à luz do seu reino de
amor e de justiça, aquela turba de seres sofredores e infelizes.
Com a sua palavra sábia e compassiva exortou aquelas almas desventuradas à edificação da
consciência pelo cumprimento dos deveres de solidariedade e de amor, no esforço
regenerador de si mesmas.
Mostrou-lhes os campos de lutas que se desdobravam na Terra,
envolvendo-as no halo bendito de sua misericórdia e de sua caridade sem
limites.
Abençoou-lhes as
lágrimas santificadoras, fazendo-lhes sentir
os sagrados triunfos do futuro e prometendo-lhes a sua colaboração cotidiana e
a sua vinda no porvir.
Aqueles seres desolados e aflitos, que deixavam atrás de si
todo um mundo de afetos, não obstante os seus corações empedernidos na prática do mal, seriam
degredados na face obscura do planeta terrestre; andariam desprezados na noite dos milênios da saudade e da amargura,
reencarnar-se-iam no seio das raças ignorantes e primitivas, a lembrarem o
paraíso perdido nos firmamentos distantes.
Por muitos séculos não veriam a suave luz da Capela, mas trabalhariam na Terra acariciados por Jesus e
confortados na sua imensa misericórdia."
E assim a decisão irrevogável se cumpriu e os exilados, fechados
seus olhos para os esplendores da vida feliz no seu mundo, foram arrojados na
queda tormentosa, para de novo somente abri-los nas sombras escuras, de
sofrimento e de morte, do novo "hábitat" planetário.
Foram as coortes de Lúcifer que, avassaladas pelo orgulho e
pela maldade, se precipitaram dos céus à terra, que daí por diante passou a
ser-lhes a morada purgatorial por tempo indefinido.
E após a queda, conduzidos por entidades amorosas, auxiliares
do Divino Pastor, foram os degredados reunidos no etéreo terrestre e
agasalhados em uma colônia espiritual, acima da crosta, onde, durante algum
tempo, permaneceriam em trabalhos de preparação e de adaptação para a futura
vida a iniciar-se no novo ambiente planetário.
trecho do livro "Os Exilados de Capela", de Edgard Armond
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