terça-feira, 6 de novembro de 2012

persona e personalismo



Persona é a máscara das artes gregas; significa a cobertura, o inverídico, o ego.
Personalismo é a excessiva valorização de si mesmo, podendo tomar as mais variadas máscaras, quais sejam a vaidade, a tirania, a leviandade, a tristeza...
Faceta de ostensiva influência nas operações da mente, o sentimento do personalista, em razão da natureza das forças que mobiliza, atinge decisivamente o departamento mental da imaginação, desenvolvendo complexos mecanismos de autocentrismo que fomentam miragens variadas sobre si mesmo, levando a criatura a encantar-se em hipnótico fascínio com qualidades, conquistas, posses, valores e experiências de vida, determinando miragens de autovalorização excessiva e pertinaz.

No lar, assoma-se a miragem das regalias de que se faz credor, acreditando, na sua enfermidade personalista, que o dever cumprido é promissória debitada aos familiares a qual o credencia a ser servido incondicionalmente.
 Na profissão, ocupa-se com a miragem dos direitos, olvidando, quase sempre, as obrigações e funções que deveria cumprir com empenho, dedicação e espontânea boa vontade.
 Na comunidade doutrinária, sofrendo crises de memória, passa, de assistido beneficiado, à condição de trabalhador exigente, que se julga insubstituível e dotado de excelentes quesitos para o trabalho, em miragens de presunção e invigilância.

Nós, que nos decidimos pela autotransformação sob as luzes do Espiritismo, devemos cuidar de fixar o trabalho como oportunidade, e as vitórias como testemunhos da despretensão, na erradicação do cruel personalismo do qual somos, e talvez sejamos por longo tempo, escravos infelizes em busca da libertação de suas algemas.  
Razão pela qual a sinceridade nos campos dos sentimentos será antídoto eficaz contra o egoísmo, devassando sem medo e admitindo sem inibição, para nós mesmos, as mais secretas emoções da vaidade e do amor-próprio que se movimentam na intimidade, fazendo um auto-encontro com as facetas sombrias da personalidade. Após esse mergulho interior, regressemos ao mundo das sensações buscando a oração a Deus, integrando-nos, humilde e abnegadamente, com seu Suprimento Universal, revigorando-nos as forças para dominarmos as tendências ora reveladas, e perceberemos, pouco a pouco, o ruir das falsas e atordoantes miragens que a imaginação emitia para os departamentos da decisão e da ação, em prejuízo do nosso melhor ajustamento nas experiências da reencarnação.

Tomados por tais ilusões, atiçamos o autoritarismo, a indiferença e mesmo o descaso a muitos viajantes que nos compartilham os caminhos doutrinários. Nesse clima, os "espinhos" do outro são sinônimo de incômodo e repulsa, levando muitos companheiros, premidos pela presunção, a permitirem um psiquismo inamistoso e, por fim, tombar nas malhas da maledicência, decidindo pelas tormentas do isolacionismo, do centralismo e da insensatez doutrinária.

Esse quadro rememora a fábula dos porcos-espinhos, levandonos aos rumos da frieza de afeto por desistir de abraçar os diferentes, os supostos oponentes, os menos
simpáticos que surgem, inclusive, em nossas leiras de amor.

O amor, o afeto, é antídoto eficaz interrompendo o fluxo rotineiro da "imaginação enfermiça", o qual opera a manutenção de uma autoimagem centrada na supremacia
das qualidades pessoais, que nem sempre possuímos.

Sejamos nós mesmos e aprendamos a nos prezar e valorizar. O eminenteCarl Gustav Jung, fundador da psicologia analítica, asseverou: "Só aquilo que somos realmentetem o poder de curar-nos".

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