Persona é a máscara das artes gregas; significa a cobertura,
o inverídico, o ego.
Personalismo é a excessiva valorização de si mesmo, podendo
tomar as mais variadas máscaras, quais sejam a vaidade, a tirania, a
leviandade, a tristeza...
Faceta de ostensiva influência nas operações da mente, o
sentimento do personalista, em razão da natureza das forças que mobiliza,
atinge decisivamente o departamento mental da imaginação, desenvolvendo complexos mecanismos de
autocentrismo que fomentam miragens variadas sobre si mesmo, levando a criatura
a encantar-se em hipnótico fascínio com qualidades, conquistas, posses, valores e
experiências de vida, determinando miragens de autovalorização excessiva e
pertinaz.
No lar, assoma-se a miragem das regalias de que se faz
credor, acreditando, na sua enfermidade personalista, que o dever cumprido é
promissória debitada aos familiares a qual o credencia a ser servido incondicionalmente.
Na profissão, ocupa-se com a miragem dos direitos,
olvidando, quase sempre, as obrigações e funções que deveria cumprir com
empenho, dedicação e espontânea boa vontade.
Na comunidade doutrinária, sofrendo crises de memória,
passa, de assistido beneficiado, à condição de trabalhador exigente, que se
julga insubstituível e dotado de excelentes quesitos para o trabalho, em miragens de
presunção e invigilância.
Nós, que nos decidimos pela autotransformação sob as luzes
do Espiritismo, devemos cuidar de fixar o trabalho como oportunidade, e as vitórias
como testemunhos da despretensão, na erradicação do cruel personalismo do qual
somos, e talvez sejamos por longo tempo, escravos infelizes em busca da
libertação de suas algemas.
Razão pela qual a sinceridade nos campos dos sentimentos
será antídoto eficaz contra o egoísmo, devassando sem medo e admitindo sem
inibição, para nós mesmos, as mais secretas emoções da vaidade e do amor-próprio que se
movimentam na intimidade, fazendo um auto-encontro com as facetas sombrias da
personalidade. Após esse mergulho interior, regressemos ao mundo das sensações
buscando a oração a Deus, integrando-nos, humilde e abnegadamente, com seu Suprimento Universal, revigorando-nos as forças para
dominarmos as tendências ora reveladas, e perceberemos, pouco a pouco, o ruir das
falsas e atordoantes miragens que a imaginação emitia para os departamentos da
decisão e da ação, em prejuízo do nosso melhor ajustamento nas experiências da
reencarnação.
Tomados por tais ilusões, atiçamos o autoritarismo, a
indiferença e mesmo o descaso a muitos viajantes que nos compartilham os
caminhos doutrinários. Nesse clima, os "espinhos" do outro são sinônimo de incômodo e
repulsa, levando muitos companheiros, premidos pela presunção, a permitirem um
psiquismo inamistoso e, por fim, tombar nas malhas da maledicência, decidindo pelas tormentas
do isolacionismo, do centralismo e da insensatez doutrinária.
Esse quadro rememora a fábula dos porcos-espinhos,
levandonos aos rumos da frieza de afeto por desistir de abraçar os diferentes,
os supostos oponentes, os menos
simpáticos que surgem, inclusive, em nossas leiras de amor.
O amor, o afeto, é antídoto eficaz interrompendo o fluxo
rotineiro da "imaginação enfermiça", o qual opera a manutenção de uma
autoimagem centrada na supremacia
das qualidades pessoais, que nem sempre possuímos.
Sejamos nós mesmos e aprendamos a nos prezar e valorizar. O
eminenteCarl Gustav Jung, fundador da psicologia analítica,
asseverou: "Só aquilo que somos realmentetem o poder de curar-nos".
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