terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Atravessando o Portal do Tempo II

                    “Os seres humanos têm uma natureza superior.
              Se conhecermos e   aceitarmos todas as nossas partes,
 podemos chegar a essa   natureza superior”.
                                                                            Virginia Satir      

O mundo dos sonhos.....
Um sonho antigo vem à lembrança. Um especial que se  repetiu em   muitas noites da sua vida. Neste sonho ela, era uma  criança de uns nove ou dez anos,  e brincava num belo jardim, entre árvores e plantas floridas.  Muitas flores de todas os tipos e cores. As cores eram diferentes, mais bonitas e  luminosas, como se estivessem vivas.  Era um lugar desconhecido. Certamente nunca havia estado ali. O lugar convidava a brincar, correr e sentir o perfume de tantas flores...e acabou adormecendo aos pés de uma árvore.
 Acordou com alguém chamando por seu nome.  Diante dela, um velhinho de barbas brancas e uma roupa estranha, como uma espécie de  camisolão;  e pés descalços. Que figura estranha!   Ah! o olhar era lindo e doce. Havia alguma coisa de diferente nesse jeito de olhar... Sabe aquele olhar de quem tem todo o conhecimento do mundo, que sabe tudo da vida? Era assim  o olhar desse “velho”.
“Olhando desse jeito deve ser uma pessoa boa”.  -, pensou  enquanto o observava.- 
Na cabeça tinha um gorro esquisito e nas mãos trazia uns papéis enrolados.
“ Parece bom.  E esses  papéis esquisitos, para que servem?
“Filha, eu sou o seu Mestre! Venho acompanhando você desde tempos distantes. Estou sempre por perto, mesmo que não perceba. Isto que trago nas mãos, não são papéis, minha criança,  são rolos de pergaminhos.”
Sobressaltou-se  ao ouvir a voz.
“E parece que também é mágico porque sabe ler pensamentos, pensou a menina”. 
-  Pergaminhos? Para que serve isso,  pergaminhos?
- Minha criança, servem para escrever.  Aqui estão   escritos todos os conhecimentos do mundo. Isso é a magia. O conhecimento!
-  Do Céu e da Terra?
-  Exatamente.  Todo o saber do Universo. A Verdade e as Leis.
-  Que Leis são essas?
- As Leis que regem a vida e a morte.  Mas isto não é assunto para agora.  Quando chegar a  hora, você  aprende
-    Você trouxe os pergaminhos para mim
-     Sim, são seus. Eu os guardei para lhe entregar no momento certo.
Quero que os coloque embaixo do travesseiro sempre que  for dormir. Assim você vai aprendendo, sem fazer qualquer esforço. Enquanto dorme sua mente inconsciente vai aprendendo, assimilando e registrando todo o saber acumulado nestes papéis. E  no momento certo, os conhecimentos estarão ao seu alcance e então você vai saber o que precisa para   realizar seu plano de vida.
 - Como você sabe o que eu penso?   Você está sempre aqui por perto?
 - Eu conheço todos seus  pensamentos, tudo que  passa pela sua cabecinha.  Sei  do que gosta e do que não gosta, dos seus  sonhos, do  que você quer. Sei, por exemplo,  que gosta de brincar nos jardins e de cuidar da natureza. De contar histórias às bonecas e às crianças da escola.
- Então pode me ensinar a comunicar com a s fadas? Falar com elas? – Sei também que gosta de conversar com as fadas e com as borboletas. Quero que saiba que isso é muito bom, mostra que é uma menina sensível. Para falar com a natureza, é preciso sensibilidade. Garanto-lhe  que as fadinhas, como você as chama, a escutam e entendem perfeitamente o que você diz.  E  para ouvi-las  basta   ficar em  silêncio, calar as  vozes  que falam dentro da sua cabecinha. Entende? É  isto você não está fazendo, ficar em silêncio.
- Mas mandar as vozes se calar é tão difícil....
- Certo...., você tem razão, isto que estou dizendo realmente é  a parte mais difícil. Depende de muita prática, muito exercício, mas você consegue. Depois que aprender isto, vai descobrir outros meios de fazer contato com outras formas de vida..   Então, repetindo, você fala  tudo que quiser, pode contar-lhes suas novidades mas depois,  fica quietinha, em silêncio. Olhando para as plantas, as flores, sentindo seu perfume, pode  admirar os passarinhos, perceber seu canto...tudo, tudo em silêncio,  sem permitir que os pensamentos façam barulho...  depois, volte  a atenção  para dentro do seu coração.  É aí que você ouve as  respostas. Compreende?”
- É assim, dessa maneira, que a natureza fala com o homem, através do coração. Mas é preciso  fazer silêncio para ouvir.  Isto se aprende com o tempo...e você tem todo o tempo que precisa para aprender isto e tudo mais que seu coração anseia.  Sabe, filha?   Muitas coisas você já sabe,  mas não sabe que sabe. Quando chegar o momento  certo e estiver preparada para  lembrar o que precisa ser lembrado... de onde veio e porque veio, eu voltarei. Pode aguardar, volto quando estiver pronta para entender a sua missão, a sua tarefa.

Quantas vezes este sonho se repetiu!  E ao acordar, a sensação era sempre  a mesma. Uma mistura de vazio e tristeza, como se sentisse saudade do velhinho.
-  Onde está o meu amigo sábio? Ele é real ou viverá apenas nos meus  sonhos?
Quanto tempo passou perdida nas lembranças do passado? 
Despertou da “viagem no tempo”  e assustada viu que havia alguém ao seu lado. Não estava mais só.  Ao seu lado um homem a olhava.  Como não percebeu a sua chegada? De que lado  teria vindo?  Disfarçando a surpresa, sorriu, cumprimentando a figura idosa com quem agora dividia o “seu banco”.  Recebeu como resposta  o olhar mais doce e tranqüilo que já havia visto. Um  olhar de tanta ternura  que pensou ainda estar sonhando.
Que estranho!  Esse homem a olhava  como se a conhecesse, com  carinho.. um sentimento diferente. Sentiu-se emocionada diante desse olhar.  Ficou assim, apenas olhando, sem nada dizer... nem sabia o que dizer a essa pessoa estranha que a olhava como se penetrasse na sua alma.

A presença daquele homem sentado ao seu lado, no velho  tronco caído, aquela  aparência e olhar de sabedoria e, principalmente a energia que ele emitia..., tudo isto trazia-lhe à lembrança, os sonhos do passado
- Parece que estava muito longe, talvez em outro tempo.... num mundo infinitamente rico de beleza e magia.  E de conflitos também.
Estas palavras a trouxeram de volta à realidade.
-  Quem é este homem?  O que sabe de mim e do meu mundo? E este jeito de olhar? – pensou e sem saber o que dizer, levantou-se.
- “ Não vá ainda, filha!  Temos tanto  a conversar....”
Filha... Ele a chamou de filha com tamanha intimidade, que a deixou apreensiva, mesmo assustada.
 - Senhor, de onde o conheço? Da maneira como  fala, parece me conhecer...Perdoe-me mas não lembro de onde .
- “ O tempo faz esquecer, é natural... A mente esquece,  mas o coração não, ele espera pacientemente o momento certo, mas não esquece os encontros marcados. Nós marcamos este encontro num outro tempo e em outro lugar...acredite.  Finalmente chegou a hora de nos revermos. 

Clara estava cada vez mais confusa.   Seu coração lhe dizia que alguma coisa muito especial estava prestes a acontecer. Talvez isso estivesse relacionado com a expansão da  sensibilidade e intuição Sabia quando o telefone ia tocar, pensava em alguma pessoa que não via há tempos e a encontrava...Definitivamente, algo ocorria. Mas o que?
 Sempre se impressionava com a capacidade de algumas  pessoas sensitivas ou, como dizem paranormais, de prever acontecimentos. Claro que isto não tinha nada a ver com ela. Também não era qualquer tipo de paranormalidade, que a atraía.   Algumas a assustavam com suas adivinhações e com as demonstrações de  determinados poderes...Nunca sabia se podia acreditar, não tinha condições de saber ao certo se eram ou não “do bem”.
E agora surge, não se sabe de onde, esse homem que consegue ler seus pensamentos.
 “ Por que não ouve o seu coração?  Ele não lhe diz que pode confiar? Por que insiste em  fechar os ouvidos à sua sabedoria interior?. Entregue-se a ela..., com certeza, não se arrependerá. Deixe que o coração a guie. Você veio até aqui trazida por esta sabedoria”.
  “ Os  homens continuam surdos à voz do coração,  que nunca falha. Por isto permanecem  cheio de dúvidas, imersos na escuridão e na ignorância. Esquecem de consultar a mente inconsciente onde  guardam todo o conhecimento acumulado na sua existência. Perdem um tempo precioso com tantas futilidades...Julgam ser felizes se  alimentando dos falsos prazeres.  Não sabem o que é felicidade, não aprenderam ainda, mas um dia vão aprender, que há algo mais entre o céu e a Terra do que sequer podem  imaginar”.

E continuou no mesmo tom de voz:
“ Felizmente já vemos  luz ao final desse caminho. É verdade que muitos continuam surdos à voz que os chama   e até  cegos diante dos acontecimentos que o cercam, mas muitos outros, já estão descobrindo a verdade,  começam a despertar! Como disse, a luz está se acendendo! ”
“ Você mesma....pense nas inúmeras  vezes que se surpreendeu com pensamentos estranhos, alguns que com certeza não eram seus... Com conceitos ou preconceitos com os quais nem concordava. Este é o início deste processo de acordar de que lhe falo: desenvolver a capacidade de atenção, de perceber o que ocorre dentro e fora de si. Desse modo, pode ver com  clareza  o que é seu e o que não lhe pertence. Estar atenta a  idéias estranhas que surgem em meio aos seus próprios pensamentos. É deste modo que prepara  para tudo que a espera, para viver mais intensamente seu presente e caminhar, com segurança rumo ao futuro”.

Enquanto ouvia, Clara pensava no que significava tudo isto que ele dizia....era bonito lá isso era,  mas muito novo para ela.
-  Que homem estranho! Sem dúvida sabe muitas coisas.... sabe ler pensamentos, sabe o que eu penso....deve ser  um sábio...ou um mágico? .         Será que é um desses mestres que dizem que aparecem na nossa vida quando queremos aprender sobre as coisas ocultas? Preciso ter cuidado, pode ser um sujeito perigoso..., sei lá quais são suas intenções.”
Viu o  sorriso carinho no rosto do  velho. 
“ Tranqüilize-se  minha criança. Permita-me chamá-la assim, pois para mim você é ainda uma criança. No Universo, as coisas acontecem na hora que devem acontecer, nunca antes e nem depois. Acredite que não é por acaso que nos encontramos aqui. Na verdade eu tenho estado por aqui há algum tempo, mas você não me percebeu. Como disse tudo acontece no tempo certo. E este é o tempo certo. Você tem muitas perguntas que merecem respostas, como uma criança cheia de  curiosidade... isto é muito bom. Se me permite, convido-a para me acompanhar até ali adiante, logo ali, a final desta trilha. Lá poderemos conversar melhor”.     
As palavras do  velho despertavam  sua curiosidade.   Que magia tinha este ser que a olhava tão docemente  e falava desse modo ao seu coração. De um lado ela ficava assustada, mas de outro.....Não, ele não oferecia qualquer perigo. Passava uma sensação de  confiança, não deixava  lugar para qualquer tipo de suspeita a seu respeito.  Clara, num impulso, levantou-se e segurou a  mão que se estendia na sua direção.  A curiosidade falou mais alto. Afinal, ele poderia ser  um mestre!  Um desses que dizem que aparecem quando queremos  aprender coisas que não estão nos livros.
Lembrou-se do livro que uma amiga lhe deu de presente  no último aniversário.  Era bem  interessante! Contava a história de um homem que percorreu toda a  Índia em busca de um mestre. Já havia andado por muitos lugares mas,  nenhum dos muitos mestres que encontrou lhe satisfazia. Andou durante anos até encontrar alguém que seu coração aceitou como Mestre. Capaz de guiá-lo até o conhecimento de si mesmo. Este mestre  falava de amor, de humildade, de respeito ao próximo...mas falava de um jeito diferente de todos os outros que conhecera antes, não falava  apenas com palavras, ele todo expressava estes sentimentos.   Tão bonita a história deste homem....Precisou de muita persistência,  mas valeu a pena. 
Seu coração bateu mais depressa....E se ela também tivesse a sorte de encontrar um mestre de verdade?  Por que  esse “senhor” não poderia ser um?
Estes pensamentos, mais que curiosidade, criaram expectativa e ansiedade. Sem relutar, Clara, como uma criança, simplesmente se deixa levar pela mão do novo amigo.  Ele lhe inspira tal confiança que ela  segue tranqüila pelo  caminho de terra e folhas secas pelo  chão.  
O dia está especialmente bonito, não há nuvens no céu e o sol brilha em todo o seu esplendor.  Os galhos e folhas das árvores filtram seus raios impedindo que tornem a temperatura desconfortável.
Caminham calados durante alguns minutos, pela trilha que sobe por entre as árvores, e quando  esta se alarga,  pode-se ver adiante uma pequena gruta ou talvez uma construção de pedras toscas, feita há muito tempo atrás....Alguns pedaços de pedra servindo de degraus permitem acesso à entrada. Ele pára diante da escada rústica.  O ambiente é de absoluto silêncio, ali não há ninguém além deles e da natureza
“ Sente-se aqui, ao meu lado, nesta pequena pedra”.
A voz do velho trouxe Clara mais uma vez de volta. Ela se pergunta se não estaria cometendo uma loucura, se  deixando levar assim, como quando  criança,  pelo mundo da imaginação.           
- Devo estar sonhando... eu aqui seguindo um desconhecido, uma figura que mais parece ter saído de algum livro de histórias infantis ou quem sabe mesmo,  desses contos de magia ou mitologia.
“ Moro aqui, neste cantinho da floresta. Até aqui só vem quem convido ou eu mesmo trago. Assim ninguém me importuna e não incomodo ninguém. Você é muito especial, por isso está aqui, conhecendo meu pequeno mundo”.
-  Senhor qual é seu nome? Por que mora aqui, tão isolado? E por que me trouxe até aqui?
O velho sorri diante de tantas perguntas.
“ Calma, filha.  Não permita que a  ansiedade se apodere de você.. Convidei você para conhecer este cantinho,  porque aqui podemos conversar tranqüilamente e, como já disse,  ainda que não se lembre, nosso  encontro estava marcado.  Meu nome.... É mesmo importante ter  um nome?”
“ Filha, nomes não importam.  Olhe, já tive muitos,  poderia dizer-lhe qualquer um deles, mas não faz diferença como você vai me chamar, eu ouvirei e vou atendê-la, ainda que não perceba .”
Clara Olhava o velho sem saber o que dizer.
 “ Preste atenção: Vou ensinar-lhe um modo de chamar-me, ou melhor, de comunicar-se comigo, esteja você  onde estiver. Faça deste jeito:  Encoste a ponta do dedo indicador da mão esquerda na ponta  do mesmo dedo da  mão direita.  Assim...Agora, que os dois dedos indicadores estão juntos, bem encostados, leve-os à testa, bem aqui, sobre este ponto que chamamos de chacra frontal.  Isto!  Bem, este é o primeiro passo, junte agora as mãos, deste jeito, como se fosse orar, e leve-as ao peito”.
“ Pense em mim, firmemente,   e sinta dentro do coração a minha presença. Eu ouvirei o chamado. Veja, não precisa falar nada, faça apenas estes gestos, e pense neste amigo na mente e no coração. Isto funciona como um código. E  acredite que não falha. E  não se assuste se me encontrar em algum outro lugar, costumo andar por aí”.
-  Por que escolheu um lugar tão deserto para morar? Posso lhe perguntar?
“ Este lugar serve bem para as minhas necessidades. Aqui tenho o silêncio de que necessito,  que me  permite  meditar sem ser importunado.  Tenho a água fresca de uma fonte aqui perto e também os seres da natureza, com quem me comunico. Como já disse este é um lugar especialmente escolhido para atender as necessidades de um velho como eu”.   
- Mas   como posso falar-lhe se não  tenho o seu nome?
“ Chame-me de amigo, de irmão mais velho, como preferir”.
-   Posso chamar-lhe de Mestre?
“ Não, criança....Este termo deve ser usado apenas com pessoas muito, muito especiais. Você mal me conhece. Chame este seu  amigo de irmão.  Isto, irmão. É um bom nome para usar quando quiser me chamar”.
- Irmão! Está bem, Irmão. Agradeço muito ter me dedicado tanto tempo e atenção.  Foi uma experiência muito importante para mim, este nosso encontro. Agora preciso mesmo ir.
“ Você está prestes  a viver algumas experiências que haverão de modificar toda a sua vida. A roda está girando. Esse movimento da roda abre e fecha ciclos da existência. Este  ciclo da sua vida está se fechando.  Acredite, sua vida vai passar por grandes transformações. E será muito feliz. Sim. Viverá momentos de extrema alegria e paz”. Você merece, é a Lei de causa e efeito se fazendo cumprir. Quem semeia rosas, não colhe espinhos, não é assim?”
  “Antes de ir, quero falar-lhe um segredo. Àquela mesa...aquela do sonho,  era você que estava sentada. Ou melhor, partes de você mesma. Partes suas que estão em conflito. Que não se entendem entre si, porque todas querem a primazia de ser mais importantes que as outras. Não sabem ainda, que têm todas a mesma importância. A criança, a adolescente, a professora... Mesmo a  parte crítica tem uma tarefa de grande valor, porque impede que você faça algo que possa trazer-lhe  arrependimento e dor. Todas, absolutamente todas,  têm tarefas igualmente valiosas. Saber disso é indispensável  para o seu equilíbrio.... Converse com elas, ofereça a cada uma um bonita rosa cor de rosa, a cor do Amor. Sentindo-se amadas e prestigiadas, não haverá razão para conflitos ou luta pelo poder. Diga-lhes que as aceita e ama. Verá a Paz   se manifestando no seu mundo interno.” 
“Este encontro é o primeiro de muitos outros Haveremos  de  nos encontrar muitas outras vezes.  Até lá, lembre-se dos gestos que lhe ensinei. Eles farão com que, mesmo distantes, estejamos sempre em sintonia.  Agora, acompanho você até a sua clareira”.
            - Quando nos veremos de novo?
“ Esteja certa que, quando menos esperar, nos encontraremos. Por hora, lembre-se de fazer os gestos que lhe ensinei. É um sinal. Estes simples gestos vão permitir que tenha acesso a lembranças e a muitos conhecimentos que já tem aí na sua mente inconsciente. É como uma senha para acelerar o seu despertar.  Confie neste irmão mais velho. Na melhor hora eu volto a procurá-la, sei como a encontrar”.
Na clareira se despedem com um gesto e um sorriso nos lábios. Clara atravessa os caminhos de terra até o lugar onde deixou o carro e desce pela estrada  que a leva  até  casa. . Sente-se confusa, mas emocionada enquanto lembra do seu velho amigo e do modo tão carinhoso com que a olhava, do seu jeito de falar, Lembra-se de cada palavra dita por ele. Está  cada vez mais confusa, sem saber o que pensar.  A cabeça parece rodar.

Antes de voltar para casa, passou pela floricultura e comprou um buquê de rosas. 
Colocou a jarra de flores sobre a cômoda do quarto. Sentou e conversou consigo mesma. Com suas partes  inconscientes. Ofereceu-lhes as rosas e pediu que as  aceitassem com amor. Agradeceu-lhes  a boa intenção. Sabia que queriam ajudá-la, todas queriam a sua felicidade. Cada uma a seu modo, acreditava ter o melhor instrumento para facilitar a sua vida e todas queriam espaço para se manifestar. No entanto, esse conflito interno não era bom, estava fazendo mal a ela. Sugeriu que se dessem as mãos, e unidas, sim poderiam colocar todos  os seus  recursos à sua disposição. Ela saberia que podia contar com eles quando necessitasse.
Foi como se fizesse uma oração. Quando  Clara  se comunicou mentalmente com as suas várias partes em desequilíbrio, uma sensação de paz a inundou. Estava tranqüila e agradecida ao Irmão que a ajudou a compreender a mensagem do inconsciente. 
- Preciso descansar, sinto-me estranha. A cabeça voltou a doer.
Enquanto se dirige para a geladeira e prepara um suco de frutas, tenta em vão colocar as idéias em ordem. Depois de um banho morno e relaxante, vestida com um pijama confortável, deita-se e ajeita o travesseiro daquele mesmo modo como quando era ainda uma adolescente...  Dentro de alguns minutos dorme um sono repleto de figuras estranhas: de heróis e bruxas, de cavaleiros e princesas, de plantas e flores que falam, seres que pulam de dentro da água.....imagens que refletem seu estado de confusão interior. 
MCCA

continua...

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