sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Iluminação Interior

Iluminar-se é dotar-se de luz, a fim de clarear a própria vida. Iluminar o mundo interior é o mesmo que adicionar energia à luz interna, chama divina do Criador da Vida, adquirindo a consciência das potencialidades inerentes ao próprio Espírito.
O ser humano é mais do que imagina e do que percebe que é. Ele tem mais capacidades do que acredita que possuí. Mesmo as pessoas que ainda se encontram no início de sua caminhada evolutiva, possuem esse sentido interior de crescimento, portanto
a potencialidade de realizá-lo. Esse sentido interno que o direciona a auto-realização chama-se Self. Essa iluminação interna não é uma simples descoberta de
algo que se encontra escondido, mas se dá no encontro com a realidade externa. Trata-se de um longo processo de amadurecimento do Espírito, o qual vai a busca de si mesmo para iluminar-se interiormente, não mais perdendo seu brilho. Esse processo se dá por etapas que sintetizamos em quatro para melhor compreensão. São etapas dessa longa, lenta e necessária caminhada:
a) autoconhecimento, ou o conhecimento de si mesmo;
b) autodescobrimento, ou a descoberta das potencialidades;
c) autotransformação, ou mudança de comportamentos;
d) autoiluminação, ou a manifestação do Espírito, essência divina pessoal.
Essas etapas não são estanques e isoladas. Elas podem ocorrer simultaneamente e em qualquer época da vida. Geralmente se iniciam na meia idade, quando alguns processos já foram vividos. Muitas vezes se iniciam após uma crise de valores ou crise de Vida. Essas etapas levam várias existências, até que o espírito alcance determinadas conquistas na evolução. Uma vez alcançado o final do processo, o espírito poderá escolher onde, com quem e de que forma voltará a uma nova existência. Diante das crises que propiciam as mudanças é necessário fazer silêncio. Silêncio para ouvir a voz interior que vem do Self, da intimidade do Espírito, senhor do processo de encontro com Deus. O silêncio na vida é como uma meditação para se encontrar a paz de espírito desejada, para depois recomeçar a caminhar. Ouvir a voz interior é perguntar-se o que deve fazer em determinada situação, sem apressar a resposta. O processo de iluminação interior é a descoberta do deus interno, parcela criadora gerada diretamente por Deus, em nós. Há um Deus, Absoluto, Único, Criador e Causa de todas as coisas.
Há um deus interno, imagem e semelhança de Deus, descoberto inicialmente pelas manifestações da Natureza, confirmado pela necessidade psicológica de sua existência e sentido pela vivência do amor em plenitude. Iniciar um processo de auto-iluminação é passar a espiritualizar o próprio olhar sobre o mundo, colocando o amor na consciência, inundando a razão do sentimento de amorosidade.
Dessa forma, as idéias e raciocínios passam a ser contaminados pelos sentimentos superiores oriundos do Espírito, dotado de amor e sabedoria, proporcionando prosperidade e tranqüilidade na vida. Ser próspero é estar resolvido nas várias dimensões, e isto ocorre quando se atua no mundo com respeito ao próximo e amorosidade na vida. Quando atuamos no mundo, quer captando a realidade quer desejando transformá-la, fazemo-lo segundo condicionantes psíquicos já antes citados. A esses arquétipos, usando uma linguagem psicológica junguiana, se acoplam funções psíquicas que enfeixam nossa maneira de perceber e agir, e que são formas de captação da realidade, as quais, de tanto utilizarmos, acabam se confundindo com a própria personalidade. Tais formas de captação são utilizadas de acordo com certos tipos característicos de indivíduos. As formas ou funções são: pensamento, sentimento, sensação e intuição. A  função pensamento nos permite ver o mundo de forma lógica e pragmática e as coisas de acordo com sua utilidade; a função sentimento, ao contrário da anterior, nos leva a ver o mundo a partir de um sistema valorativo emocional; a
função sensação nos capacita a ver o mundo como ele é de forma bastante realística, isto é, sensorial, no qual as coisas são como se nos apresentam; a função intuição nos condiciona a ver a realidade de forma completa, projetando-a no tempo e no espaço como uma totalidade.
Essas funções psíquicas conseguem particularizar e separar a realidade de tal forma que acreditamos que o mundo é daquela  maneira que vemos. No processo de iluminação interior deveremos aprender a utilizar as quatro funções, bem como outras que venhamos a descobrir durante as etapas. A totalidade do ser humano, isto é, do espírito, não pode se resumir a seus processos psíquicos. Entendo que a mente ou o aparelho psíquico, é instrumento do Espírito, portanto apenas expressa parte dele. A iluminação interior se dará por via desse complexo funcional, porém não se restringe a ele, nem tampouco se limita à descoberta de capacidades intelectivas, emocionais ou mediúnicas.
Iluminar-se é, como Espírito, sentir a totalidade criada por Deus e viver segundo Seus objetivos. É sentir-se como se estivesse fora do corpo, num determinado lugar.
Num lugar onde não existe ódio, no qual a felicidade é possível, onde não há crimes, ou guerras, onde não há rancores ou tristezas, onde as pessoas se entendem, os deveres são seguidos, onde todos têm oportunidades idênticas, onde vigora a mais perfeita justiça e todos os direitos são respeitados, onde nenhum mal alcança, onde não há doenças, onde não existe pobreza nem miséria, onde o forte respeita o fraco e não há oprimidos, não há minorias nem maiorias, onde as pessoas não entram em depressão nem têm medos, onde seus anseios são satisfeitos e as verdades são ditas de forma amorosa, onde não há culpas, onde impera a fraternidade, não há inveja nem cobiça, onde o amor é o sentimento máximo, onde as pessoas estão em paz e vivem em plenitude de espírito, onde se pratica a verdadeira caridade, onde não há traças nem ladrões, onde as virtudes são exercidas e o bem vigora sempre. Lá, não há tempo nem espaços vazios, não há condições de sofrimento, tudo é belo e harmônico, onde a
natureza fez sua morada, onde Deus é cultuado em espírito e verdade. Este lugar é a consciência do ser espiritual que nós somos, essência divina criada simples e ignorante para, como uma flecha arremessada pelo arqueiro, alcançar o alvo da perfeição. Em nós,
Deus habita e fez sua morada. Somos a mônada celeste em busca de realização. Surgimos do leito profundo e quente dos oceanos em busca da Terra-Mãe, carentes do encontro com a superfície, na procura do solo para ancorarmos e, a partir daí, irmos a busca do Universo infinito. Crescemos sob a influência das forças telúricas da natureza que forjaram nossa capa protetora do corpo físico. Amoldando-nos às contingências da natureza, suplantamos os desafios da matéria e das energias envolvidas no processo de aprimoramento material e espiritual. Somos fruto do nosso próprio esforço pela conquista do encontro com o Criador. Impulsionados pelo seu Augusto Amor, desafiando obstáculos sem fim, aprendemos a distinguir as escolhas necessárias para o conhecimento de Suas leis. Submetidos ao Seu impulso criador aprendemos a viver e conviver nas várias espécies vegetais e animais, nos vários reinos da natureza, formando as capacidades de sentir, pensar e amar, para, finalmente, alcançarmos a condição de seres iluminados.
Adenauer Moraes, in
Psicologia e Espiritualidade
 
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