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- "Onde está Adão, com a sua queda do paraíso?
Debalde nossos olhos procuram, aflitos, essas figuras legendárias
com o propósito de localizá-las no espaço e notempo.
Compreendemos, afinal, que Adão e Eva constituem uma lembrança
dos espíritos degredados na paisagem obscura da Terra, como Caim e Abel são
dois símbolos para a personalidade das criaturas,"
Sim. Realmente, Adão representa a queda dos espíritos capelinos
neste mundo de expiação que é a Terra, onde o esforço verte lágrimas e sangue,
como também no sagrado texto está predito:
- "Maldita é a Terra por causa de ti - disse o Senhor; com
dor comerás dela todos os dias de tua vida...
Com o suor do teu rosto, comerás o pão até que te tomes à Terra."
(Gn, 3:17-19)
Refere-se o texto aos capelinos, às sucessivas reencarnações que sofriam
para resgate de suas culpas. Se é verdade que os Filhos da Terra, no esforço de
sua própria evolução, teriam de passar dificuldades e padecimentos, próprios
dos passos iniciais do aprendizado moral, dúvidas também não restam de que a
Terra, de alguma forma, foi maleficiada com a descida dos degredados, que para aqui
trouxeram novos e mais pesados compromissos a resgatar e nos quais seriam
envolvidos também os habitantes primitivos.
21 A Caminho da Luz, cap. II. (Nota da Editora)
Compreendemos, pois, pelos textos citados, que as gerações
de Adão formam as chamadas raças adâmicas (vindas da Capela), designação que o
Esoterismo dá, segundo seus pontos de vista, aos espíritos que formaram a
Primeira Raça-Mãe, na fase em que, não possuindo corpo, forma e vida, não
podiam encarnar na crosta planetária, o que é muito diferente.
O Esoterismo adota esta suposição para poder explicar a vida
da mônada espiritual na sua fase involutiva. Mas, como temos explicado, para
nós essa fase cessa no reino mineral e, a partir daí, a mônada começa a sua
evolução, não no astral terreno, mas adstrita ou integrada, mais ou menos nos
reinos inferiores: mineral, vegetal e animal.
Somente após terminar suas experiências neste último reino (animal), penetra a mônada no estágio
preparatório do astral terreno, em trânsito para suas primeiras etapas no reino
humanal.
Qualquer destas fases dura milênios.
Mas, retomando a narrativa e no entendimento iniciático, diremos que Caim e Abel - os dois primeiros
filhos - são unicamente símbolos das tendências do caráter dessas legiões de
emigrados, formadas, em parte, por espíritos rebeldes, violentos e orgulhosos
e, em parte, por outros - ainda que criminosos - porém já mais pacificados, conformados
e submissos à vontade do Senhor.
22 Vide outras obras do Autor, como, por exemplo, Caminhas
do Espírito, Salmos, entre outras.
A corrente de Caim - mais numerosa - foi a que primeiro se
encarnou, como já vimos, entre os povos da TerceiraRaça; que mais depressa e
mais facilmente vinculou-se com os Filhos da Terra - os habitantes primitivos -
vindo a formar sem contestação a massa predominante dos habitantes do planeta,
naquela época, e cujo caráter, dominador e violento, predomina até nossos dias,
em muitos povos.
Como conta Moisés:
- "... e saiu Caim da face do Senhor e habitou na terra
de Nod, da banda do Oriente do Éden. E conheceu Caim a sua mulher e ela
concebeu e gerou Enoque; e ele edificou uma cidade..." (Gn, 4:16-17)
É fácil de ver que se Caim e Abel realmente tivessem existido
como filhos primeiros do primeiro casal humano, não teria Caim encontrado
mulher para com ela se casar, porque a Terra seria, então, desabitada. É, pois,
evidente que os capelinos, ao chegar, já encontraram o mundo habitado por
outros homens.
O texto significa que as primeiras legiões de exilados, saindo
da presença do Senhor, em Capela, vieram à Terra encarnando-se primeiramente no
Oriente (mesclando-se com as mulheres dos povos aí existentes), gerando descendentes
e edificando cidades.
E dizendo: "da banda do oriente do Éden", confirma
o conceito, porque é suposição corrente que o Éden da Bíblia - se bem que alegórico - referia-se a uma
região situada na Ásia Menor, e o Oriente dessa região justamente fica para os lados
da Lemúria e Ásia, onde habitavam os Rutas da Terceira Raça.
E quanto aos exilados da corrente de Abel, diz a Gênese na
força do seu símbolo - que eles foram suprimidos logo no princípio - o que
deixa entender que sua permanência na Terra foi curta.
Prosseguindo na enumeração das tradições referentes à descida
dos exilados da Capela, verificamos que os babilônios antigos, conforme
inscrições cuneiformes descobertas pela ciência em escavações situadas em
Kuniunik, povoação da antiga Caldéia, somente reconheciam, como tendo existido
à época do dilúvio, duas raças de homens, sendo uma, de pele escura que
denominavam "os Adamis negros" e outra, de pele clara, que
denominavam "os Sarkus", ambas tendo por antepassados uma raça de
deuses que desceram à Terra, obedecendo a sete chefes, cada um dos quais
orientava e conduzia uma massa de homens.
Acrescentavam essas inscrições que esses seres eram considerados
"prisioneiros da carne", "deuses encarnados"; e terminavam
afirmando que foi assim que se formaram as sete raças adâmicas primitivas.
Na tradição dos hindus, na parte revelada ao Ocidente por H.
P Blavatsky2, lê-se que:
- "Pelo meio da evolução da Terceira Raça-Mãe, chamada
a raça lemuriana, vieram à Terra seres pertencentes a uma outra cadeia
planetária, muito mais avançada em sua evolução. Esses membros de uma comunidade altamente
evoluída, seres gloriosos aos quais seu aspecto brilhante valeu o título de
"Filhos do Fogo", constituem uma ordem sublime entre os filhos de Manas.
Eles tomaram sua habitação sobre a Terra como instrutores
divinos da jovem humanidade."
E as mitologias?
E as lendas da pré-história?
Não se referem elas a uma Idade de Ouro, que a humanidade
viveu, nos seus primeiros tempos, em plena felicidade?
E a deuses, semideuses e heróis dessa época, que realizaram
grandes feitos e em seguida desapareceram?
Ora, como sabemos que a vida dos primeiros homens foi cheia
de desconforto, temor e miséria, bem se pode, então, compreender que essa Idade
de Ouro foi vivida fora da Terra por uma humanidade mais feliz, e não passa de
uma reminiscência que os Exilados conservaram da vida espiritual superior que
viveram no paraíso da Capela.
Os deuses, semideuses e heróis dessa época, que realizaram
grandes feitos e em seguida desapareceram, permanecendo unicamente como uma
lenda mitológica, quem são eles senão os próprios capelinos das primeiras
encarnações que, como já vimos, em relação aos homens primitivos, rústicos e
animalizados, podiam ser realmente considerados seres sobrenaturais?
E os heróis antigos que se revoltaram contra Zeus (o deus
grego), para se apoderarem do céu, e foram arrojados ao Tártaro, não serão os
mesmos espíritos refugados da Capela que lá no seu mundo se rebelaram e que,
por isso, foram projetados na Terra?
Os heróis antigos, que se tornavam imortais e semideuses, não
eram sempre filhos de deuses mitológicos e de mulheres encarnadas? Pois esses
deuses são os capelinos que se ligaram às mulheres da Terra.
Plutarco escreveu: "que os heróis podiam subir, aperfeiçoando-se,
ao grau de demônios (daemon, gênios, espíritos protetores) e até ao de deuses
(espíritos superiores)."
O oráculo de Delfos, na Grécia, a miúdo, anunciava essas ascensões
espirituais dos heróis gregos. Isso não deixa patente o conhecimento que tinham
os antigos sobre as reencarnações, a evolução dos espíritos e o intercâmbio
entre os mundos?
Uma lenda dos índios Pahute, da América do Norte, conta que
o deus Himano disputou com outro e foi expulso do céu, tornando-se um gênio do
Mal.
Lendas mexicanas falam de um deus - soota - que se rebelou
contra o Ente Supremo e foi arrojado à Terra, como também de gênios gigantescos - os kinanus - que tentaram apoderar-se
do Universo e foram eliminados.
Finalmente, uma lenda asteca conta que houve um tempo em que
os deuses andavam pela Terra; que esta era, nessa época, um magnífico horto,
pleno de flores e frutos...
Tudo isso, porventura, não são alusões evidentes e claras à
descida dos capelinos e suas encarnações na Terra?
Exilados de Capela, de Edgard Armond
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