" Só aquilo que somos realmente tem o poder de curar-nos" - C.G.Jung
Conquanto o alarmante percentual de 15 a 20% de pessoas com depressão, conforme os parâmetros oficiais da Medicina, tenho motivos de sobra para pensar que esse índice é assustadoramente maior, se considerarmos que existem as depressões que ninguém vê.
Costumo chamar assim as depressões "silenciosas" ou em estufa, quadros psíquicos que causam enorme sofrimento e que não são ainda diagnosticados oficialmente como doença.
Na maioria das vezes, o paciente, e mesmo os profissionais de saúde mental, terão escassos elementos para analisar essa patologia com a atenção e os cuidados terapêuticos que ela exige.
Possivelmente, a distemia, grupo F34 no CID 10, também conhecida como depressão, seria a doença com maior proximidade das caracteísticas dessa depressão silenciosa.
O quadro a que me refiro não é reconhecido como depressão clínica, pois as atividades cerebrais ainda não sofreram alterações a ponto de retirar do doente o controle emocional ou de causar mudanças procupantes no comportamento. Todavia, a depressão que ninguém vê é capaz de tornar a vida de qualquer pessoa um autêntico inferno interior, com variações dolorosas no humor e outras dores que, em quase nada a diferencia dos caos mais graves desse transtorno mental.
Podemos entendê-la como efeito mental de alguns movimentos emocionais envelhecidos nas atitudes do ser, ao longo de várias reencarnações. Esse quadro depressivo caracteriza-se por um estado psicológico de insatisfação crônica com a vida, decorrente da rebeldia em aceitar a realidade da vida como ela é. Essa rebeldia consolidada como hábito de conduta em múltiplas existências corporais, catalisa um amplo conjunto de variações emocionais que agride o equilíbrio do campo mental, provocando intenso sofrimento na alma.
A manifestação mais evidente dessa patologia é a inconformação, um estado afetivo que se estrutura a partir das contínuas reações de contrariedade ante as provas da vida. A inconformação se expressa em forma de raiva e depois, se não é devidamente elaborada, transforma-se em revolta. A revolta, que nada mais é que o desapontamento crônico, enfraquece a vida emocional facilitando o melindre, a irritação e o mau humor. Esses estados, conjugados alguns deles, levam frequentemente ao pior resultado que está no entorno da depressão severa: a perda da vontade de viver.
Nesse estado, a pessoa não faz planos de vida, deixa morrer seus sonhos, torna-se muito rígida, inflexível, tem uma compulsiva necessidade de controle, alimenta expectativas muito elevadas consigo e com os outros, desrespeitando todos os seus limites, adere ao costume da teimosia em seus pontos de crença e fica com seu afeto comprometido pela tristeza, pelo desânimo, pelo sentimento de abandono, pelo medo, pela culpa e menos valia; é um constante desassossego íntimo, uma ansiedade não se sabe pelo que ou por conta de que.
As consequèncias de todo esse conjunto de dores psíquicas e emocionais é a intensa desvitalização energética e muita angústia.
No corpo físico surgem as alergias, distúrbios endócrinos, cansaço crônico, insônia intermitente, infecções recorrentes, enxaqueca e outras múltiplas desorganizações.
Sob a ótica da reencarnação é uma depressão na estufa. Certamente, a criatura está agindo desconectada do centrro luminosos essencial, permanecendo em conflito sistemático entre os gritos da alma sábia e suas velhas bagagens ancestrais.
O tratamento de tais quadros, além da mesma rotina psiquiátrica e psicológica indicada para os casos severos da depressão clínica, deve ser acompanhado por um serviço de acompanhamento de educação emocional cujo objetivo será o aprendizado do paciente para gerenciar seu mundo emotivo.
Wanderley Oliveira
Compilado do material recebido no lançamento do Livro "Depressão e Autoconhecimento"
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