Hamendras estava muito confuso. Seu mestre, Ram Gopal, havia partido
para o mundo espiritual e, antes de sair do corpo, disse-lhe:
“Ensinei a você tudo o que eu sei. Não fique triste com a minha
partida. Você bem sabe que o traço característico da existência
terrestre é a impermanência.
Vivemos sob os auspícios da Mãe Terra apenas por um tempo, mas logo o Pai Espiritual requer nossa volta para o plano estelar.
Vim para a Terra, vivi a experiência humana, trabalhei as emoções,
quebrei o ego e equilibrei-me na consciência serena. Agora, volto para a
natureza extrafísica surfando nas ondas luminosas do Amor Supremo.
Quando se lembrar de minha passagem pela Terra, não faça cultos ou
devoções místicas em minha homenagem. Vá até o jardim mais próximo e
veja as flores desabrochando. Elas são minhas irmãs. Observando-as,
transformará sua saudade em alegria.
Perceberá que também desabrochei na vida terrestre e espalhei entre os homens beleza, perfume e cores espirituais.
Por favor, sinta-se bem e siga seu caminho com discernimento, amor,
alegria e paciência. Voarei agora para casa, pois o Senhor me espera em
seu jardim espiritual.
Ah, não se esqueça do nosso ensinamento mais importante: sempre erga a
mente além das ilusões dos sentidos e abra o coração em agradecimento
ao Amor Maior que é a Luz de todos nós. Quando agradecemos com
sinceridade, quebramos o ego e ficamos plenos de alegria transcendental.
Fique em paz, meu filho. Seja querida flor e desabroche as pétalas de luz do seu coração entre os homens.””
Hamendras tinha a clarividência* desenvolvida e viu o momento em que
Ram Gopal desprendeu-se da carcaça física. A seguir, cremou o corpo de
seu guru e foi meditar.
Sentia-se estranho, dividido. Parte dele queria desprender-se do
corpo e seguir o mestre, mas parte dele sabia que tinha um tempo a
cumprir na Terra.
Procurando equilibrar-se, lembrou-se de uma prática espiritual que o
mestre lhe ensinara. Concentrou-se no chacra frontal** e encheu o centro
interno da testa de suave luz.
A seguir, deslizou a consciência até o meio interno do peito e
visualizou uma linda flor em botão. Suavemente, começou a desabrochá-la
com pensamentos de paz e amor.
Camada por camada, as pétalas foram se abrindo...
Para a surpresa de Hamendras, surgiu, bem no centro da flor aberta,
uma brilhante joia. Usando o coração como veículo, ela comunicou-se
sutilmente com ele, pela via das percepções espirituais, e disse-lhe:
“Sou Ananda, a joia espiritual. Vejo que Ram Gopal ensinou-lhe muito
bem. Mas ele era apenas seu mestre externo. Sua função era ensiná-lo
como chegar até meu brilho.
Agora que me achou em seu próprio peito, cesse a busca externa e a tristeza.
Sempre estarei aqui. Quando quiser, é só fazer a flor abrir que
surgirei bem no centro dela. E, seguindo as intuições que lhe darei,
você será uma linda flor entre os homens. Eles não perceberão nosso
brilho, mas espalharemos juntos a beleza, o perfume e as cores
espirituais.
No devido tempo, iremos nos juntar a Ram Gopal nos belos jardins do
Senhor, além das luzes da Terra. E aí, meu querido, brilharemos mais, e
para sempre...””
Desse momento em diante, Hamendras iluminou-se e tornou-se o mestre das flores.
E quando alguém perguntava qual era a origem do brilho de seus olhos e
de seu sorriso, ele apenas dizia: “É que mora uma joia dentro do meu
coração e, também, porque um dia Ram Gopal ensinou-me a sempre agradecer
ao Amor Maior e ser uma flor entre os homens.”
OM TAT SAT!***
- Wagner Borges –
(Texto extraído do livro “Falando de Espiritualidade” – Editora Pensamento – 2002.)
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