quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Obsessores e obsediados



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— Fico impressionado ao ver quão longe vão os companheiros encarnados em suas fantasias. Poderiam ser muito mais úteis caso mantivessem os pés no chão.
Diante de tantas coisas que aprendi naquele curto espaço de tempo junto aos guardiões, come­cei a pensar sobre outra das minhas inquietações, também relacionada ao intercâmbio entre habi­tantes das esferas física e extrafísica. Intrigam-me a complexidade e as inúmeras nuances e sutilezas dos fenômenos agrupados sob o nome de obsessão. Os guardiões, pelo que sei, têm o assunto em alta conta. Consideram-no de máxima importância, reclamando um acompanhamento mais detalha­do da parte dos estudiosos da ciência do espírito. Apresentei a ambos minha curiosidade a respei­to da diversidade de fenômenos envolvendo o pro­cesso obsessivo. Anton se dispôs a falar um pouco enquanto nos aproximávamos da atmosfera lunar.
        Sabe, Ângelo, nós, os guardiões, acreditamos que sejam necessários estudos mais aprofundados acerca da personalidade dos chamados obsessores.
Em grande parte, são casos crônicos, que merecem atenção maior do que aquela oferecida em alguns poucos minutos de uma reunião mediúnica. Em nossos estudos, temos visto obsessores se utiliza­rem do produto de emoções, pensamentos e idéias dos seres encarnados para incrementar o assé­dio a suas vítimas dos dois lados da vida, até mes­mo usando animais e habitantes subumanos da es­fera extrafísica. As especialidades dos obsessores e os artifícios de que lançam mão variam largamen­te, conforme o escopo de seu planejamento infeliz. Essa importante realidade precisa ser considerada, e a única maneira de atuar de modo eficaz a partir dessa informação é manter-se aberto para detec­tar o emprego de novos métodos e ao mesmo tempo guardar o bom senso e a cautela que caracterizavam Allan Kardec. Aceitar toda percepção sem questio­nar é render-se ao domínio do fantástico e do ma­ravilhoso; rejeitar sistematicamente o ineditismo, cedendo sempre à desconfiança, ainda que a pre­texto de resguardar o trabalho é condená-lo à mes­mice e à obsolescência da terapêutica desobsessiva.
"Alguns obsessores procuram apenas influen­ciar os encarnados, sem maiores recursos técnicos ou conhecimento do que fazem. Do lado de cá a re­alidade não é tão diversa da que se vê no plano físi­co: há uma massa de seres preguiçosos, que não in­vestem tempo nem esforços nem sequer para atin­gir os próprios objetivos — nesse caso, obter ener­gias de suas vítimas. Enquanto isso, no entanto, es­pecialistas do astral pesquisam inúmeros recursos, que vão desde os conhecidos aparelhos parasitas até alterações bioquímicas levadas a efeito nos cor­pos físicos de seus alvos encarnados, vampirizando-os de acordo com mudanças hormonais e ou­tras flutuações da dinâmica interna de seu organis­mo. Procuram elementos que lhes possam suprir as deficiências inerentes à sua condição espiritual e, para tanto, sentem-se à vontade para fazer experi­mentos no universo de seres desprovidos de qual­quer preocupação com a preservação e a seguran­ça íntimas, ou seja, que não oferecem barreira à sua ação criminosa. Ainda no campo fisiológico, adul­teram, por exemplo, a produção de adrenalina, endorfinas e outras substâncias para fabricar venenos desenvolvidos em seus laboratórios sombrios. Ou­tros exploram o medo, o pavor e outros traços de­licados do p si quis mo enfermiço de humanos en­carnados. Há verdadeiras escolas de psicologia no mundo inferior, que oferecem 'carreiras' atraentes a um sem-número de indivíduos desavisados, ig­norantes da causa hedionda na qual militam, cegos que estão devido às pretensões que alimentam."
O orgulho é arma indispensável na economia das sombras, e seus legítimos representantes sabem manipulá-lo com maestria - acrescentou Jamar.
Há também especialistas das trevas que apro­veitam encontros de grupos com reles intenções — prosseguiu Anton. — Orgias, gangues e determi­nados clubes são alvos propícios para se fixarem e extraírem as emanações tóxicas dos que ali se reú­nem. Ao examinar tudo isso, não há como se furtar à conclusão, ainda que pesarosa, de que a base dos assédios energéticos e espirituais é mesmo a pes­soa que se diz vítima. Ou seja, ela própria é quem alimenta no obsessor a sede de materiais e ele­mentos psicofísicos para a satisfação de seus dese­jos e instintos. Até que ponto um obseda outro ou, na verdade, ambos se influenciam mutuamente, mantendo-se presos a um círculo vicioso de com­portamentos arraigados?
As palavras de Anton repercutiam em mim como um vendaval, pois já acompanhara alguns proces­sos obsessivos de variada complexidade. Houve ocasiões em que me debrucei sobre o assunto, en­tretanto deparava agora com quanto ainda há por aprender, estudar e refletir.
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do livro "Os Senhores da Escuridão", de Robson Pinheiro, ditado por  Ângelo Inácio    

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