Crueldade
é atributo da criatura que se compraz em atormentar severamente os
outros, utilizando atitudes rigorosas e inflexíveis para lidar com o
mundo em seu derredor.
Toda
crueldade nasce da fraqueza e da incapacidade das pessoas que não sabem
relacionar-se com seu mundo interior. Isentamo-nos de responsabilidade
sobre os fatos violentos, dando nome de paixão, de honra, de ordem
social, para dissimular os pontos fracos e desajustados que possuímos.
As
leis religiosas do passado mantiveram a humanidade sob o jugo de uma
crueldade incalculável, com a imposição do sofrimento e da mortificação,
justificando-os como sendo uma das maneiras que a Divina Providência
utilizava para corrigir e reparar possíveis erros do presente e do
passado. O que era um absurdo, pois, na verdade, Deus é amor,
misericórdia e compreensão em abundância.
Os
que contrariavam os padrões, normas ou dogmas estabelecidos por uma
doutrina ou por um grupo tinham as mãos e as línguas decepadas e o corpo
marcado com ferro. Quantos julgamentos sumários de pretensos hereges e
feiticeiros acusados de crimes contra a fé! Quantos impiedosos
apedrejamentos, quantas práticas perversas, quantos órgãos retalhados,
quantos olhos queimados com brasa! Vastos foram os tempos do domínio
pela crueldade, pelo medo e pela exploração emocional. Homens
insensíveis utilizaram os mais variados métodos desumanos para manipular
e controlar, de forma abominável, as pessoas em nome do bem-estar, da
tradição, da religião, da família, dos bons costumes.
O
castigo nunca evita o crime, somente a educação e o amor retificam as
almas - eis a grande proposta da Divina Providência. No entanto, o
homem, de tanto ser cruel consigo mesmo, aprendeu a projetar essa
crueldade no mundo que o rodeia. De tanto se julgar de forma tirânica,
aprendeu a ser déspota também com os outros. Os "requintes da
perversidade" estão introduzidos na sociedade de forma tão sutil e
imperceptível que, muitas vezes, não conseguimos identificá-los de
imediato.
Não
existem mais inquisidores propriamente ditos; não obstante, ainda
persiste a remanescente atmosfera dessas ideias preconcebidas. Não
existem mais fogueira e guilhotinas, mas todos podemos nos converter em
controladores e juízes da moral alheia se as circunstâncias forem
propícias.
Julgamentos
impiedosos que fazemos em relação aos outros nos informam sobre tudo
aquilo que temos por dentro. Em outras palavras, a "forma" e o
"material" utilizados para julgar ou condenar os outros residem dentro
de nós.
O
método de ensinar de todos os grandes mestres, sempre e
fundamentalmente, baseou-se no amor como método de educação das almas;
por isso, Jesus não julgava, media ou sentenciava ninguém. Quem aprendeu
a não condenar os outros não mais se condena.
Hammed
post por José Batista de Carvalho
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