Galileu Galilei
Quando chegou ao espaço ocupado pelo grupo, o pessoal já estava lá.
Lúcia veio recebê-la com a alegria que a caracteriza e apresentou-a ao
grupo. João e Marta a trataram com muito carinho, deixando-a à vontade.
Depois de alguns minutos, estavam todos sentados sobre grandes
almofadões em uma sala lateral. Clara foi convidada a sentar-se entre Lúcia e
Marta. Dali podia ver na parede em
frente, as “fotos” dos Mestres Jesus, Kuthumi e El Morya e
Lanto, como Lúcia havia cochichado ao
seu ouvido.
Marta começou a falar, ensinando o Arcano que era o assunto do dia.
Depois perguntou se alguém queria falar
sobre sua experiência com a carta
estudada na semana anterior e abriu espaço para tirarem dúvidas. A seguir,
sugeriu que todos embaralhassem as cartas e tirassem uma, perguntando ao seu
Mental Superior qual a mensagem para a semana. Logo todos discutiam o
significado dessa mensagem para cada um.
A carta tirada por Clara foi a
Imperatriz. Sentiu-se sem graça com o sorriso que viu nos olhares dos dois irmãos.
Clara olhava a interação das pessoas. Pareciam amigos com um mesmo
objetivo, o desenvolvimento: aprender e crescer. Logo, já se sentia como se
sempre tivesse feito parte desse grupo de pessoas que a olhavam com tanto
carinho.
O estudo demorou aproximadamente uma hora, e quando terminou todos
sentaram de forma mais confortável nas
almofadas e o ambiente foi ficando em absoluto silêncio. Com os olhos fechados ouviam o som baixo de mantras que agora enchia a sala e facilitava
o estado de concentração.
Agora era João Carlos que
falava:
Vamos respirar tranqüilamente....suavemente...vamos procurar diminuir
os batimentos cardíacos e o movimento
respiratório.... Enquanto respiramos....num ritmo calmo e tranqüilo....vamos
imaginar...visualizar uma Luz azul que chega até nós e penetra em nosso chacra coronário....a Luz desce para frontal, para o laríngeo, cardíaco....plexus
solar e daí... para os chacras inferiores.....A luz azul ilumina o sistema energético e o físico....a
aura...Limpa a mente e relaxa o corpo.....traz uma sensação de bem estar, de
paz......
Clara mal podia ouvir a voz do amigo. Estava se afastando dali. Parecia
flutuar enquanto seguia a orientação que ele dava ao grupo.
Já não percebia mais nada, estava indo para longe, muito longe
dali....mas não estava sozinha. Havia
mais alguém com ela.
Diante dela o Irmão a olhava amorosamente. Estendeu-lhe as mãos que
Clara segurou com carinho.
Só então ela reparou nas vestes do seu amigo espiritual. Ele estava
vestido de forma rica e bela. Roupas de uma espécie de tecido luminoso. Não, nunca havia visto nada assim. A sua aura
era de pura Luz e Esplendor. O dourado das roupas iluminava todo o espaço que
ocupavam. Segurando sua mão, o Irmão a
levou até um lugar no alto de uma montanha. Uma construção majestosa, parecendo
um templo antigo. Ao entrar viu-se num grande salão e imediatamente, os
olhos de Clara se voltaram para o
teto. Era em forma de cúpula e todo em
vitrais que irradiavam cores e luz como jamais vira.
Clara pensou que estava no céu. Era a única explicação para tanta
beleza. No centro de uma das paredes exageradamente altas,
uma estrela de seis pontas de um
tom mais dourado, quase alaranjado. Parecia ter sido feita com os mais
puros e brilhantes cristais. Na outra,
viu um símbolo que parecia representar
o sol e a lua integrados ou
interlaçados. Na terceira parede um grande triângulo em cor violeta, parecendo
feito de ametistas do tom mais lindo que já havia visto.
Em frente a eles, uma mesa enorme, como se ali fossem realizadas
reuniões ou qualquer coisa semelhante. As cadeiras eram grandes e mais
pareciam uma espécie de trono. Muitas
colunas num estilo gótico pareciam sustentar o teto em forma de cúpula. Não restava dúvida, ela não estava na Terra.
Tanta beleza, luz e cor não podiam ser
de matéria, tinham que ser constituídas da mais pura energia.
“Aqui nos reunimos para avaliar a evolução da humanidade e tomar
algumas decisões a respeito da melhor
maneira de ajudar os homens a atravessar
este tempo de transição que estão
vivendo. Saibam que nunca a Humanidade necessitou tanto de apoio como agora, que a Terra está atingindo o tempo da
Ascensão para outra Dimensão além do tempo e do espaço. Muitos estão vivendo o momento do despertar e
estamos aqui para dar-lhes as mãos e guiá-los até Pai pelo caminho da Luz, do Amor e da Verdade, sem os quais há evolução possível”.
“Chegou o tempo em que o Homem se prepara para deixar a terceira Dimensão,
que limita sua capacidade de perceber e compreender e onde ele está preso às dualidades ou polaridades.
Na Terra, cada coisa tem seu oposto: a
luz e a escuridão, o bem e o mal, o bonito e o feio, o certo e o errado e daí
por diante..... A mente do homem é uma espécie de laboratório que elabora
conceitos e busca explicações pela
razão. Assim o Homem conhece o mundo em que vive: Através da combinação de
palavras e conceitos. Aproxima-se a hora
de expandir as fronteiras que ele mesmo se impôs, romper os limites que o impede de alçar o
grande vôo”.
“Mas esse Homem só poderá voar
quando se libertar de suas crenças
limitadoras e deixar que a voz do coração substitua a razão.
O Amor está além da razão e é o
único caminho para Planos mais sutis. E só através do Amor, ele chega ao
auto-conhecimento, à Sabedoria Divina”.
“Ao transitar da terceira
para a quarta Dimensão, e vencer os
limites da matéria, o Homem liberta-se das dores e sofrimentos. Então ele
pode conhecer a Sua Presença Divina que
se manifesta a partir da Quarta Dimensão. Ali pode também encontrar a Presença
dos Guias, dos Mestres e Seres
Superiores. Mas repito, é preciso fazer mudanças. Primeiramente internas e
individuais e depois externas, a nível de humanidade. A evolução do Planeta
deve partir do individual ou particular.
Se cada um faz a sua parte, se
responsabilizando por si e seus atos, logo todo o Planeta está em condições de
ascender a um Plano ou esfera superior”.
“Algumas consciências Cósmicas que se
aproximam da Terra para estar com vocês, precisam antes despir-se de sua
energia sutil, porque os humanos estão num nível energético muito denso. Elas
estão aqui com um objetivo. Servir de
apoio e estímulo. Vocês podem ouvir no coração as suas vozes dizendo “Vai ,
você pode vencer mais este obstáculo, vai, Eu sei que você consegue. Acredite
na sua força interior, no seu Poder pessoal”.
“Este movimento acontece de dentro para fora e não ao contrário, como
muitos pensam. Depende do próprio homem acelerar o seu processo de evolução ou
ficar indefinidamente estagnado, esperando que os Anjos façam isso por ele. Os
Mensageiros do Pai estão à disposição daqueles que são buscadores, que querem ir
além, dar o salto quântico evolutivo. Os que querem fazer parte da Grande Obra, do Grande Projeto. Coparticipar
da Ascensão”.
“É tempo do Homem enfrentar- se. Perguntar a si mesmo:
Preciso mesmo passar por tanto sofrimento e dor para aprender?
É necessário vivenciar doenças, miséria, perdas para evoluir?
É possível evoluir pelo Amor ao
próximo e pela caridade?
A minha verdade é a Verdade?
Posso despertar e ver a Luz
Suprema?
Posso viver entre os Seres da Realidade Superior?
O que posso aprender com os exemplos vivos dos que vieram antes de mim?
Estou manifestando o Amor do Pai que vive em mim?
O que me impede de avançar para Planos Superiores?
Quais são os meus reais limites?
De que forma posso abrir mão das minhas fronteiras e seguir adiante?
Em que na verdade eu acredito?
Onde está o meu poder, na matéria ou no Espírito”?
“Essas respostas estão dentro do Homem. Ninguém pode responder por ele.
Nem os Guias. Filhos, o Homem parece não compreender a difícil tarefa dos Guias
e Mestres. Eles estão agora, em grupo,
na Terra para ajudar a Humanidade a ascender e assim, levar a Terra à
ascensão.
Muitos vieram antes, mas parece que o Homem tem dificuldade para
lembrar dos ensinamentos deixados pelo Amado Jesus, por Francisco de Assis, do
Amado Saint Germain que encarnou entre vós como São José e Merlim, o amigo de Rei Artur...Este ainda hoje trabalha a serviço da
humanidade como o Amado
Morya....E Maria, os Reis Magos....todos Seres de alta Hierarquia das Esferas
de Luz” que vos querem tanto bem!
“Infelizmente o tempo apaga a memória e os conhecimentos que esses
Enviados do Pai vos deixaram. E
vemos que os homens, ainda hoje, estão
voltados apenas para a conquista de bens
materiais a qualquer custo, mergulhando no materialismo e nos prazeres
terrenos. O desequilíbrio e o caos são a consequência da escolha que fazem. É
necessário o despertar, por isso estamos
entre vocês. Para ensinar o caminho da
integração entre a matéria e o Espírito. A mente e o corpo físico, sem
radicalizar, nem abrir mão de nenhum dos aspectos. Sabemos a importância do equilíbrio entre os
extremos, as polaridades. Queremos lembrar-vos que o equilíbrio está no caminho
do meio, como nos ensinou o Amado Mestre
Lao Tsé. O Homem é um Espírito encarnado na matéria e não o contrário, como
pensam muitos de vocês. Lembrem-se de ensinar que nenhuma polaridade deve ser
priorizada, nem pode dominar sobre a outra. A harmonia entre as partes, deve prevalecer sempre.”.
Clara ouvia tudo com atenção, parecia telepatia. As palavras do Irmão
tocavam-lhe o coração e à medida que Ele
falava, ia sentindo-se mais leve, como se flutuasse pelo céu em uma
nuvem muito suave. Entendia
perfeitamente o que Ele estava
ensinando. Sabia que precisaria fazer algo com todas as informações e
conhecimentos que adquiria, por isso prestava o máximo de atenção. Não podia perder nenhuma palavra, esquecer
nada. Estava feliz e agradecida por Ele estar ali dedicando Seu tempo a ela.
“Quero que trabalhem com o
Poder da Chama Trina que representa o
Pai, o Filho e o Espírito Santo. É formada pelos Raios de três Amados Mestres
da Hierarquia: O Amado El Morya, O
Querido Mestre Confúcio e a Bem Amada Mestra Rowena. São as Benditas Chamas Azul, do Poder Divino; a Dourada da Iluminação
e Sabedoria e a Rosa, do Amor Divino.”
“Mentalizem diariamente essas chamas
e ficarão surpresos ao perceberem tanta
Luz, ao redor. Agora deixem que
coloque em seu coração e no chacra frontal,
a Estrela Dourada, que é o nosso
sinal”.
O Irmão se aproximou mais de Clara e com a mão traçou uma Estrela
sobre o coração e sobre a testa. A
sensação sentida foi de radiante felicidade e paz interior. Agora tinha a marca
do seu Mestre!
Quando abriu os olhos, viu Marta
à sua frente, observando-a com um olhar muito amoroso. Estavam sozinhas. Quanto
tempo se passou?
- O grupo está na outra sala, preparando-se para o trabalho de irradiação para o Planeta.
Querida, você está bem?
-
Sim. Você viu o que eu vi?
- Em meditação, vi o seu Mentor chegar e se aproximar de você. Percebi quando você entrou
em estado alterado e a vi saindo.
Fiquei atenta para o caso de ao
voltar, despertar assustada.
Algumas pessoas voltam de estados de meditação de forma brusca e com o
ritmo cardíaco acelerado... Às vezes acontece de precisarem de ajuda para se
religar ao corpo físico.
-
Não sei como aconteceu, mas estou bem.
-
Pode nos acompanhar no trabalho da mesa?
Quando se levantou, Clara ameaçou cair, suas pernas ainda estavam
dormentes e o corpo mole... Marta
parecia esperar por isso. Logo estava ao seu lado, dando-lhe apoio para
caminhar até a outra sala.
Todo estavam sentados à mesa. Sentou-se na cadeira que Marta lhe
indicou enquanto as pessoas continuavam
de olhos fechados, parecendo estar em
oração ou meditação. Menos João Carlos e Lúcia que sorriram com carinho
quando a viram entrar. Pareciam esperar por ela, talvez estivessem preocupados
com sua demora a sair do estado de meditação.
Mas o que João queria dizer-lhe com aquele olhar?
Reconheceu a foto dos Mestre Lanto e El Morya, iguais às que
tinha visto no livro de Marta, que
estavam na parede em frente à sua cadeira.
Viu João Carlos, sentado à
cabeceira da mesa e Marta à esquerda dele.
Cerrou os olhos para orar, tinha tanto a agradecer! Quantas bênçãos
estava recebendo.
A energia ali era imensa. Podia sentir como se uma luz pairasse acima
das cabeças das pessoas. Com os olhos semicerrados “via” a luz que preenchia o
ambiente e envolvia cada um que estava à mesa participando dos trabalhos.
Cada um parecia estar mergulhado em um determinado campo de luz, de cor diferente. A sala parecia um arco
íris de luz e cores brilhantes. Lembrou-se que Lúcia havia comentado que cada
membro pertencia a um raio da Luz Cósmica.
Houve um tempo que a amiga estudava as cores e raios com esse objetivo,
descobrir a qual raio pertencia. Cada cor está associada a um raio e a um
temperamento.
Lúcia às vezes perguntava-lhe coisas dela mesmo, querendo confirmar
suas próprias características. É provavelmente, era isso. Aquelas cores e luzes
diferentes eram porque cada um ali, vibra num determinado raio.
Olhou na direção de João Carlos e pode
ver que o amigo estava imerso numa luz belíssima. O tom mais belo do azul azul. Brilhante, aceso.. A
luz parecia não só envolvê-lo, como também atravessar todo o seu corpo
internamente. Que imagem! Jamais
esqueceria o que via.
Poder viver essa situação, pertencer
a um grupo de tanta beleza, é receber
uma graça. – pensou Clara enquanto
dirigiu o olhar para Marta, e viu que a luz que a rodeava parecia o sol
iluminando o ambiente. O raio dourado brilhava permeando o corpo de Marta e
acendendo a sua aura. Olhou para a amiga Lúcia e viu todo o seu corpo envolto
em uma luz rosa muito linda. Um rosa suave e doce. Fechou os olhos e agradeceu por estar
ali.
Depois de algum tempo, o suficiente para que todos pudessem se comunicar com o Alto, João Carlos deu um leve toque no sino tibetano. Logo todos recitavam a
afirmação do Mestre que, do Plano Espiritual,
dirigia os trabalhos da casa.
Clara percebia na voz das pessoas, sua emoção e a fé no Diretor Espiritual da casa a que
pertenciam.
“Em nome do Todo Poderoso,
Eu me levanto para desafiar a noite,
Para erguer a Luz,
Para ser um foco da consciência de Gautama Buda!
EU SOU a chama do Lótus de mil pétalas.
E venho levá-la em seu nome.
Firme na vida nesta hora estou de pé,
Empunhando o Cetro de Crístico Poder!
Para lutar contra as trevas,
Para fazer brilhar a luz,
Para trazer de alturas estelares,
A consciência de anjos,
Mestres, Elohim, centros solares,
E de toda vida,
Que é a Presença do EU SOU de cada um.
Reivindico a Vitória em nome de Deus!
Reivindico a Luz da chama solar,
Reivindico a Luz!
EEU SOU a Luz!
EU SOU a vitória! EU SOU a vitória!
EU SOU a vitória!
Da Mãe divina e da Divina Criança,
E a vitória que exalta a coroa
da vida
E os doze focos estelares
Que se regozijam de ver a salvação do Deus
Bem dentro da minha coroa,
Em pleno centro do Sol de Alfa!
Está feito!”
Enquanto Clara ouvia as palavras ditadas pelo Amado Mestre Lanto, seu
rosto ficava molhado pelas lágrimas
que rolavam dos seus olhos. Era
impossível deixar de se emocionar com tanta beleza.
Depois de mais alguns minutos em
silêncio, João Carlos continuou:
Salve a Grande Hierarquia do Amor Universal,
Salve a Grande Fraternidade Branca! Salve a Luz Divina!
Salve os Bem Amados Sanat Kumara e Gautama Buda,
Em nome do Cristo Cósmico, Senhor Maitreya,
Em nome de Jesus, o amado Cristo e do Mestre Kuthumi, os
Instrutores do mundo, e do Amado Maha
Chohan...
Em nome dos Bem Amados Lanto e
El Morya, nossos Mestres ,
Invocamos a Grande Fraternidade Branca!
Mestres Ascensionados, Senhores das Chamas e do Amor Divino:
El Morya, Confúcio, Rowena, Serapis Bey, Hilarion e Palas Atena, Nada,
Saint Germain e Portia. E pedimos a misericórdia do Conselho Cármico para os homens e o
Planeta.
Invocamos os Sete Poderosos Arcanjos e suas Legiões de Anjos, os
Elohim, Serafins, Querubins e todo Reino Dévico e forças da Natureza!
Que a Luz, o Amor e a Paz desça sobre toda a humanidade, sobre a Terra,
sobre o Brasil e sobre nós, para que possamos manifestar a cada dia, o
Amor Crístico e a nossa Divina Presença do Eu Sou.
Ao final dos apelos, Marta pediu que cada um visualizasse a Terra sendo
envolvida por uma aura de luz e paz, e conduziu a chamada de cada raio. O Raio
azul, Raio amarelo dourado, Raio rosa, Raio branco, Raio verde, Raio rubi e
Raio violeta.
Clara sentia as mãos aquecendo e a energia sendo irradiada à medida que
Marta ia falando. Sentiu-se grata por estar ali participando daquele ato de
amor à Terra e aos homens. E arrependida por haver perdido tanto tempo.
Quando terminaram, todos
pareciam estar em estado de graça.
Clara sentia-se assim. Foi até onde estava sua amiga Lúcia e a beijou.
- Não tenho palavras para descrever o que estou sentindo. Obrigada!
- Que bom que gostou. Sabia que se viesse conhecer, ia gostar. Afinal
te conheço! Sabia que ia sentir o que eu mesma sinto.
João Carlos veio lá de dentro e olhou Clara de um jeito especial.
-
Como está?
- Bem! Muito bem. Só preciso ir para casa para colocar as idéias em
ordem. Ficar sozinha...tenho tanto para pensar...
- Está dizendo que quer ficar
só. É isso?
- As experiências que pude viver
aqui, as emoções....é muita coisa.
Preciso tempo para ordenar tudo.
Falou sorrindo, como se quisesse se desculpar...
-
João, é tudo tão lindo!
- Realmente, é tudo muito bonito e
muito sério. Mas pensei que podíamos sair para almoçar. Talvez você
quisesse conversar a respeito...mas não quero invadir o seu espaço, de forma
alguma.
Clara foi salva por Lúcia que chegou convidando-a para almoçar.
-
Obrigada, amiga! Mas hoje quero ficar sozinha. Preciso pensar.
- Imagino que tua cabeça deve estar um caos. Fiquei assim na primeira
vez que vim até aqui. Lembra-se João? Pedi sua ajuda para colocar tudo em
ordem. Então aproveito para visitar minha mãe. Tchau!
Já no carro ainda viu João e Marta saindo. Não tivera oportunidade de conversar com
Marta depois do trabalho. Estava cercada pelo grupo e não queria perturbar a
conversa. Acenou para ela e saiu.
E não conversou com Lúcia sobre
o curso.
Precisava muito pensar. Decidiu ir até a praia e caminhar um pouco.
Faltava alguma coisa para fechar. Precisava encontrar o detalhe que
faltava, lembrar de tudo, para
compreender melhor o que acontecera na saída com o Mestre. A energia do mar
iria fazer-lhe bem. Não sentia fome, podia dispensar o almoço.... preferia
pensar.
A praia estava cheia. Muitas crianças brincando e barracas coloridas.
Andou pelo calçadão, vendo o mar e as ondas suaves se desfazendo na
areia.
Já havia caminhado um bom tempo quando
o celular tocou. Tomara que não fosse um cliente! Pensou em não atender,
mas se fosse urgente?
-
Clara! Onde está? Liguei para casa e não atendeu...Está bem?
Era João Carlos.
- Estou caminhando pela praia. Resolvi andar. Me ajuda a pensar.
-
E aí? Pensou?
-
Estou pensando. São muitas emoções para um só dia.
- Clara, Preciso falar com você.
Não gostaria de ser invasivo, mas é importante.
Quando puder conversar me liga? Estou na casa de Marta.
- Você é meu amigo, nunca vou
considerá-lo invasivo. Não quer vir até
aqui? Podemos andar e conversar. Já sei! Convido-o para almoçar. aceita?
Pronto! Estava feito. Ela vinha evitando encontros e conversas
particulares...mas não queria que ele pensasse que ela rejeitava a sua
companhia. Não tinha justificativas para continuar recusando seus convites.
Poderia parecer que estava fugindo dele.
João Carlos chegou sorrindo. Foi logo dizendo:
- Pensei que não queria mais conversar comigo. Fiz alguma coisa que te
incomodou? Se fiz, me perdoa, foi sem intenção.....
Clara
pensou no que ele fez. Sorriu daquele jeito tão especial. E agora, quando fecha
os olhos, ela vê aquele sorriso diante dela. Foi o que ele
fez! Abalou a sua estrutura emocional.
-
Claro que não. De onde tirou essa idéia?
- O seu comportamento. Reparou que está me evitando? Pensei que já havia te conquistado!
Clara não sabia o que responder. O que ele queria dizer com isso?
-
Não entendi, João.
-
Pensei que éramos amigos...
-
E não somos?
-
Amigos não se esquivam de conversar, não fogem...
-
Você não entendeu, não é nada disso!
Clara se aproximou de João
e o abraçou sorrindo.
- Meu querido amigo está carente!
A situação estava ficando
complicada para Clara. Temia que ele percebesse o que se passava no seu
coração. Isso não podia acontecer.
-
Você disse que precisava conversar....
- É verdade. Mas aqui na rua não é o lugar mais adequado. Não gostaria
de ser interrompido. É uma conversa séria.
-
Convidei você para almoçar. Onde
podemos almoçar tranquilos?
- Clara, quero falar do que
aconteceu hoje, durante a meditação. Não gostaria de conversar sobre isso em
lugar público. Alguém pode chegar e nos interromper....
-
Onde quer ir? Não estou entendendo.
-
Na minha ou na sua casa. Você escolhe.
- Não tenho nada pronto, só se
passarmos em algum lugar para comprar.
-
Minha empregada costuma deixar o almoço pronto. Se não se importa, podemos ir até
minha casa. Se não se incomodar, claro!
Clara perdeu a fala. E agora,
o que fazer? Que responder? Não podia
recusar o convite, não queria parecer
uma adolescente insegura.
João Carlos segurou suas as mãos
e olhando-a nos olhos falou carinhosamente:
- Você não está preocupada com meu convite. Não pode pensar que eu....
Por favor, Clara, eu não seria capaz de magoá-la.
E agora? Os pensamentos voavam.
-
Claro, você é um amigo querido.
Vamos.
João sorriu e colocou o braço sobre o seu ombro. Dirigiram-se para o
carro de Clara que estava pouco
distante.
- Importa-se de deixar o carro em casa e seguir no meu?
Depois trago você, não se preocupe.
Clara sorriu aceitando a proposta. Não, não se importava de ficar mais
tempo na sua companhia.
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