Vida e Clonagem
Em determinada fase da evolução do
espírito e de acordo com o seu estágio de consciência, a existência não permite
a opção do livre-arbítrio. Os efeitos preponderam, levados de roldão pelos
instintos primários, como corredeira em queda d'água empurrando fino graveto em
reviravolta, não se trabalhando no campo consciencial e do discernimento as
causas geradoras. Nessas ocasiões, exceto em circunstâncias peculiares, em espíritos
mais evoluídos do que o contexto histórico do carma coletivo, as criaturas se
deixam conduzir como joguete das causas já estabelecidas. O desenvolvimento e o
avanço nos longos e numerosos degraus da ascese ocorrem por ação e reação,
fluxo e refluxo, como os demais processos da natureza, oscilantes numa luta
entre os apelos da matéria e os do espírito, entre o mal e o bem. Muitas vezes
é necessária a prevalência do mal por um determinado período para que o bem se
instale perenemente ao final do embate.
Um iluminado, em decorrência do seu
degrau evolutivo, embora muito longe de constituir uma sumidade suprema e
divina na Espiritualidade e não sendo de maneira alguma onipotente, encontra-se
num caminho estreito, muitas vezes com espinhos dilacerantes e cercado de areia
movediça. Pode atuar com destaque na sua missão terrena, qual jardineiro que
faz melhorias num jardim, apara a grama e pinta a cerca, mas as flores e
plantas, nas suas formas e cores, nas suas diversas espécies e tipologias,
continuarão sendo rosas ou dálias, margaridas ou gerânios, violetas ou
crisântemos.
A atuação se faz por meio do carma
coletivo e individual, a menos que se suspenda a Lei de Causalidade que rege a
harmonia no Cosmo, invariável e imutável, pois é perfeita, tendo sido idealizada
pela mente do Criador. O homem nascido na matéria densa, a ocupar
momentaneamente uma vestimenta carnal, é conseqüência do mal ou do bem
praticado. Qual a culpa moral de um cego ou aleijado, de um demente ou
canceroso? Essas circunstâncias nada mais são do que efeitos de vidas passadas
constituindo-se em causas na vida presente, que, por sua vez, determinarão as
condições futuras da vida do espírito.
A origem do mal ou do bem, por mais
que procurem externamente os diversos filósofos, espiritualistas e religiosos
terrenos, está dentro de cada um. A semelhança física na parentela carnal é um
mero acaso. Seria extravagante e contrariaria a Suprema Sabedoria se uma alma,
qual faísca de uma bigorna, não tivesse nenhuma anterioridade espiritual e terminasse
com a dissolução o corpo físico, ou, por benevolência misericordiosa, fosse
perdoada e ficasse a observar os anjos em êxtase ou, se essa concessão do
Altíssimo, se deslocasse para os caldeirões fumegantes, de enormes labaredas,
no inferno vitalício.
As anomalias que causam maiores
perplexidades não têm solução às custas de qualquer sacrifício religioso se
destituído de ações e de mudança interior. Não há injustiça, mesmo no dano sem
merecimento ou nos benefícios concedidos aos empedernidos no mal. Quando os há,
é por submissão de um coração bondoso diante do prejuízo próprio ou por meio da
intercessão por outrem.
Dessa maneira, lentamente, a ciência
vai ficando menos submissa, menos esquiva em seu relacionamento com os dogmas
religiosos. Nas últimas décadas, a Genética e a Biologia Molecular comprovaram
que os homens são um pequeno universo, conjunto que abriga vírus e bactérias.
Os genes do cidadão terrícola não são exclusivos (1),
demonstrando o amor do Pai por todos os Seus filhos, do vírus ao anjo, da
bactéria ao arcanjo, sem distinções no limiar evolutivo individual da centelha
espiritual.
1 -
Nota do Autor: As últimas constatações da Genética são de que os genes humanos
não são exclusivos, conforme conclusão do Projeto Genoma.
do livro Samadhis, ditado por Ramatis, através de Norberto Peixoto
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